Pra você se debulhar num mar de novas referências e refrescar o que entende por cultura!

Grada Kilomba. (Crédito: Divulgação/ Moses Leo)

Confira 10 lançamentos culturais pra você se debulhar em Julho e nos meses posteriores (porque nem tudo precisa ser tão datado, né?!) e refrescar suas referências. ❤

1. EXPO // “Cartazes: uma história do cinema brasileiro”, na Cinemateca Capitólio Petrobrás, em Porto Alegre (RS)

Você já parou pra pensar o quanto de história pulsa num simples cartaz de cinema? Foi se debruçando sobre essa questão que a historiadora Alice Trusz idealizou a exposição “Cartazes: Uma história do cinema brasileiro”, que estreou dia 23/7 na Cinemateca Capitólio Petrobras, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964).

Os 101 cartazes, fotografias e projeções celebram os 90 anos da instituição que fomenta, desde 1928, a sétima arte e suas dissidências mais criativas e transformadoras. “Nesta exposição, os cartazes de cinema são abordados enquanto peças de uma coleção museológica e fatores de cultura. Sob este novo estatuto, eles passam a servir como documentos históricos de práticas culturais que informam sobre as formas de promoção publicitária do cinema, sobre as mudanças no gosto do público, sobre a história do design gráfico e a história do cinema. Como referências dos filmes, eles permitem evocar a sua lembrança e, assim, ganham um novo valor. Eles são memória e provocam memória, dos filmes e da experiência subjetiva de tê-los assistido”, revela a curadora Alice Trusz.

“Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976) e “Ilha das Flores” (1989).

26 atividades integram a mostra de entrada franca em cartaz até 29 de setembro. Que tal enaltecer e entender um tico mais sobre as origens de uma das partes mais ricas e revolucionárias da nossa cultura?

Quando? Até 29 de de setembro. De terça a sexta-feira, das 9h às 20h30. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h30.
Onde? Na Cinemateca Capitólio Petrobras.
R. Demétrio Ribeiro, 1085 — Centro Histórico, Porto Alegre — RS.
Quanto? De graça!

“O Nome das Coisas”. (Crédito: Beto Amorim)

Para celebrar o centenário da existência pulsante e criativa da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, as Companhias dos Infames e Dramática em Exercício apresentam o solo “O Nome das Coisas”, na SP Escola de Teatro. O espetáculo escrito e dirigido por Henrique Zanoni, e protagonizado pela Protagonizado pela atriz Suia Legaspe, apresenta — em clima intimista — o mar dos olhos de um dos nomes mais importantes e premiados da literatura de Portugal. A peça retrata forte relação de amizade de Sophia com os poetas brasileiros Murilo Mendes, Cecília Meirelles e, em especial, João Cabral de Melo, sua resistência contra a ditadura de Salazar, a vida na cidade, seu processo criativo, o amor e a angústia pela escrita poética e as inúmeras Sophias que habitam e se multiplicam no universo da autora. Afinal, não é à toa que ela foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões de Literatura.

“O Nome das Coisas”. (Crédito: Beto Amorim)

Em cartaz até 5 de Agosto, a apresentação da peça é sempre seguida de um debate que abarca o tema “Sophia e a Poética em Cena”. Em 28 de Julho, Vivian Steinberg Milano e Eliana Teruel conversam sobre “O Ator-Poeta”.

Quando? Até 5 de Agosto. Às sextas, aos sábados e às segundas, às 21h; e aos domingos, às 19h.
Onde? Na SP Escola de Teatro — Sala R1 — Pça. Roosevelt, 210 — Centro.
Quanto? Ingressos a partir de R$10.

3. FILME // “Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes

Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar” (Crédito: Carnaval Filmes/Divulgação)

Já pensou no que o Carnaval significa para as pessoas? “Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”, documentário do diretor recifense Marcelo Gomes, estreou em Julho e lança um olhar observador e singelo sobre o que a época representa para os moradores de Toritama (PE) — responsáveis pela produção de 20% de todo o jeans no Brasil.

Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar” (Crédito: Carnaval Filmes/Divulgação)

Marcelo, que assinou o impecável “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), faz uma potente reflexão sobre a dinâmica econômica, social e política de uma cidade pacata que rapidamente se tornou um polo industrial. O doc debate sobre o que nós fazemos com a nossa própria vida, com o nosso trabalho e com o nosso tempo, sobre a fugacidade dos momentos prazerosos, enfim, sobre a vida que pulsa, diariamente. ⁠ A gente recomenda que você veja e confira de perto este microcosmos capitalista pernambucano, ainda mais em uma época marcada por tantas mudanças a nível nacional na esfera do trabalho e da previdência. 😉⁠

4. PODCAST // “Sertões: Histórias de Canudos”, da Rádio Batuta

Maria Antônia Butão, de 77 anos, junto a uma pequena capela próxima a sua casa, em Canudos. (Crédito: Victor Mryama/El País).

No comecinho do mês de julho, a Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles lançou uma série de podcasts sobre uma das maiores comunidades sócio-religiosas de todos os tempos no Brasil: a liderada por Antônio Conselheiro, que reuniu mais de 25 mil pessoas no interior da Bahia. A série também foi lançada em sinergia com a incrível descrição que mescla realidade e ficção de Euclides da Cunha em “Os Sertões”, autor e obra temas da última edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).

Participam estudiosos que se debruçam sobre a genialidade da obra do escritor carioca como os professores Walnice Nogueira Galvão, Francisco Foot Hardman e o escritor Milton Hatoum, junto ao jornalista Guilherme Freitas, editor-assistente da revista serrote, para ouvir e entender os ecos culturais e sociais de uma história tão latente, quase dois séculos depois do massacre histórico.

5. EXPO // “Grada Kilomba: Desobediências Poéticas”, na Pinacoteca de São Paulo

Grada Kilomba. (Crédito: Divulgação/ Moses Leo)

Descolonizar, resgatar ancestralidades e propor novas perspectivas das narrativas pós-coloniais para restituir as vozes silenciadas por séculos em todo o mundo: esse é o mote de “Grada Kilomba: Desobediências Poéticas”, primeira mostra individual no nosso país da multiartista portuguesa Grada Kilomba, doutora em filosofia pela Freie Universität Berlin.

Grada Kilomba. (Crédito: Divulgação).

A Pina será o abrigo da nova linguagem híbrida artística criada para questionar as estruturas de poder atuais através de leitura cênica, performance, instalação e vídeo. A história transatlântica da escravatura e do pós-colonialismo inundarão quatro salas do museu no ❤ de SP até 30 de Setembro.

Outra expo incrível que fica em cartaz de 27 de julho a 28 de Outubro é a “Marepe: estranhamento comum”, sobre a obra do artista natural da cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano.

“A Mudança” de Marepe.

É a primeira individual de Marco Reis Peixoto na capital paulista. O conjunto de trinta obras evoca poeticamente uma memória pessoal que vai ao encontro de sua cidade natal. Metaforicamente, este encontro emana tanta força quanto a do sertão e do mar — o eixo que tudo traz e que tudo alimenta — presente das mais diversas formas na obra do artista baiano.

Quando? “Grada Kilomba: Desobediências Poéticas” até 30 de setembro.
“Marepe: estranhamento comum” de 27 de julho a 28 de outubro.
Todos os dias menos terça-feira, das 10h às 17h30.
Onde? Pça. da Luz, 2 — Centro — SP.
Quanto? Ingressos a partir de R$5.

6. LIVRO // “Meu Ano de Descanso e Relaxamento”, de Ottessa Moshfegh — Todavia Livros

“Meu Ano de Descanso e Relaxamento” (Credito: Todavia Livros).

Este livro não é tãaaao inédito — foi lançado em Junho pela Todavia, mas merece seu espaço aqui pela delicadeza e alta carga de humor ácido com que a protagonista enfrenta — ou não — a dureza dos dias de hoje. O romance se passa na cidade de Nova Iorque, nos anos 2000. A escritora norte-americana cria uma jovem bonita, que trabalha numa galeria descolada, mora num apartamentão e é dona de uma herança generosa. Parece perfeito se ela não trouxesse um vazio no seu peito, talvez pela morte dos pais ou pela relação nada saudável que possui com a melhor amiga. São talvez esses dois motivos que a levam a passar um ano inteiro hibernando — resultado da combinação de remédios prescritos por uma psiquiatra inescrupulosa. O recado, mesmo que um tanto drástico, é que a gente precisa se alienar um tico às vezes para entender os tempos confusos que nos embalam.

O livro custa R$54,90 pelo site.

7. EXPO // Ocupação Lydia Hortélio no Itaú Cultural

Lydia Hortélio. (Crédito: Divulgação/André Seiti)

Porque carece falarmos, entendermos e celebrarmos a qualidade libertária da educação no Brasil de hoje. A 45ª edição do programa Itaú Cultural, em parceria com o Instituto Alana, celebra a obra e a existência brilhante da educadora e musicóloga baiana Lydia Hortélio. A exposição busca lançar um olhar lúdico sobre a cultura da criança e a liberdade conquistada pelo ser humano, pequeno ou grande, que brinca e entoa cantigas.

Lydia Hortélio. (Crédito: Divulgação)

A gente te convida a mergulhar neste universo de singelezas que habita e cresce nas paisagens naturais de Serrinha, município do sertão da Bahia, até o brincar com cinco pedrinhas. Fotos, manuscritos e depoimentos integram a trajetória das pesquisas da sábia menina de 86 anos. Fica em cartaz até 8 de setembro em um dos picos mais legais da Avenida Paulista! ❤

Quando? Até 8 de setembro.
Terça a sexta, das 9h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h.
Onde? Av. Paulista, 149 — Bela Vista, SP.
Quanto? De graça!

8. FESTIVAL // AfroLatinas, no Centro Cultural São Paulo e na Casa Natura Musical

Da esquerda para a direita: Doralyce e Bia Ferreira. (Crédito: Luciano Meirelles)

Criado há onze anos, o festival Latinidades se consolidou como o maior evento de mulheres negras da América Latina. Com uma programação intensa até 28/7 (domingo), o evento — que também protagoniza o papel de plataforma de impulsionamento de trajetórias de mulheres negras — traz desfiles, rodas de conversa, experiências holísticas focadas nas vivências eróticas e afetivas das mulheres negras, oficinas de amarrações e turbantes, de ritmos africanos, feirinhas, DJ sets e apresentações incríveis de artistas como a angolana EVA Rapdiva, a norte-americana A.M strings ao lado da brasileira Laylah Arruda (Feminine Hi-fi), a camaronesa Veeby, a moçambicana Zav e o lançamento do show “Preta Leveza”, idealizado conjuntamente pelas fantásticas Bia Ferreira e Doralyce. Simplesmente imperdível para celebrar, valorizar, resgatar e conhecer tantas mulheres incríveis!

Veeby de Moçambique. (Crédito: Divulgação).

Parte da programação acontece no Centro Cultural São Paulo e a outra parte na Casa Natura Musical. Ah, alguns rolês são pagos e outros, gratuitos. Dá um pulinho aqui pra ver tudo!

Quando? Até 28/7 (domingo), em vários horários do dia e da noite.
Onde? No Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 — Paraíso, SP) e Casa Natura Musical (R. Artur de Azevedo, 2134 — Pinheiros, SP).
Quanto? Entrada gratuita para alguns rolês, para outros os ingressos custam a partir de R$15.

9. MIXTAPE // “Angel’s Pulse”, de Blood Orange

“Angel’s Pulse” (Crédito: Divulgação).

A mixtape de catorze músicas é um presente sonoro angelical para quem acompanha o projeto musical do cantor, compositor e produtor inglês Devonté Hynes. As experimentações sonoras alçam um voo alto aqui, muito mais ousado do que sentimos em “Negro Swan”. Camadas e texturas que se entrelaçam perfeitamente são contrapostas com cortes abruptos e rimas fortes de meia hora de imersão no mundo, na visão e nos sentimentos de Hynes. Com participações inesperadas, como a da venezuelana Arca e de um dos membros mais brilhantes da boyband de rap BROCKHAMPTON, Joba, a obra é para entrar, com cuidado e sentidos bem atentos e abertos no quarto — e na genialidade da mente— do artista.

No clipe da quarta faixa “Benzo”, o britânico restitui um lugar de poder da comunidade negra que foi por muito tempo negada:

10. CURTA METRAGEM + DISCO // “Anima”, de Thom Yorke

O curta-metragem que também intitula o terceiro disco solo de Thom Yorke, líder de uma das bandas mais inventivas das últimas três décadas, Radiohead, é uma viagem experimental pela melancolia humana. A película “Anima”, de pouco mais de quinze minutos — o nome homônimo do álbum de nove faixas — tem a direção assinada pelo aclamado cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson e mostra Thom com vários atores dentro do metrô dançando muito… até que seus movimentos ultrapassam as barreiras do meio de transporte e inundam a cidade. Interações humanas excêntricas dão forma à obra impressionante e harmônica, tudo isso com uma fotografia de deixar qualquer um ba-ban-do. Está disponível na Netflix.

Essa matéria feita pela nossa repórter e social media Débora Stevaux. Segue a gente no Instagram? E no Twitter também?

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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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