Graças à internet e ao boom populacional de países africanos e asiáticos, os nascidos entre 1994 e 2010 formam hoje a geração mais plural da história

Integrantes da boy band de hip hop Brockhampton (foto: Charlotte Freitag)

Para a Geração Z, estranho é a ausência do diferente. Além de formarem
o grupo demográfico mais racial e etnicamente diverso da história,
os jovens nascidos entre 1994 e 2010 celebram e exigem a valorização
dessa diversidade nos locais que frequentam e pelas marcas que consomem.
“Em uma sala de aula, por exemplo, o que provoca estranhamento é a ausência de minorias, como negros e LGBTs, e não a presença, como
ocorreria com outras gerações”, explica Luiz Arruda, diretor da divisão
de consultoria WGSN Mindset.

Foi uma confluência de fatores geográficos, demográficos e tecnológicos que fizeram esse grupo etário, que se tornará o maior público consumidor em 2020, ser e prezar pelo diverso. De acordo com estudos do bureau de pesquisa de tendências WGSN, trata-se de uma “geração fora do eixo eurocêntrico”. Isso porque a maioria dos dois bilhões de jovens Z é de países africanos e asiáticos, onde as taxas de natalidade superaram regiões caucasianas.

Até mesmo na Europa e nos Estados Unidos a Geração Z é etnicamente mais diversa quando comparada às gerações anteriores: quase metade dos jovens americanos têm ascendência hispânica, negra ou asiática. As consequências desse boom são imensas do ponto de vista político, cultural e estético.

“Além de virem de outras regiões, os jovens Z usam a tecnologia para difundir diferentes vozes, realidades culturais e sociais” — Luiz Arruda.

Não é à toa que a cultura pop globalizada diversificou suas referências.
Antes classificado como uma subcultura, o hip hop chegou às massas e provocou impacto na moda, na beleza, na cultura e, até mesmo, em
círculos mais eruditos. Exemplo disso é que este ano o rapper californiano Kendrick Lamar fez história ao ganhar o Prêmio Pulitzer de Música, láurea que nunca tinha saído da esfera do jazz e da música clássica. Paralelamente,
o K-pop, gênero de música pop coreana, deixou de ser regional para se tornar um fenômeno mundial.

Esse crescimento multicultural também está ligado à popularização da internet e das redes sociais nos anos 2000. A primeira geração nativa
digital cresceu com acesso a um universo de informações e a uma
plataforma onde todos podem se expressar da maneira que bem
entenderem. “Além de virem de outras regiões, os jovens Z usam a
tecnologia para difundir diferentes vozes, realidades culturais e sociais”, destaca o diretor da WGSN Mindset, Luiz Arruda.

O pluralismo faz com que essa geração encontre um terreno fértil
para o florescimento, debate e fortalecimento das minorias de forma
mais aprofundada. Seus integrantes entendem e respeitam causas sociais, além de se colocarem como aliados no combate ao preconceito através do diálogo em vez do embate. “Eles não reduzem a diversidade de opiniões,
e sim a ampliam, desconstruindo o mindset binário e polarizado a partir
do qual a sociedade foi construída por outras gerações”, analisa Luiz.
A visão de mundo da Geração Z é espectral: eles não acreditam na
existência de uma única verdade.

Novos rostos e ideias. 4 poderosas vozes negras da Geração Z no Brasil e no mundo

Yara Shahidi, atriz e criadora do Project Eighteen x ’18

Yara Shahidi // A atriz e ativista americana de 18 anos é a criadora do Project Eighteen x ’18, plataforma que estimula a Geração Z a votar e participar ativamente da democracia.

A youtuber Nátaly Neri, criadora do canal Afros e Afins

Nátaly Neri // Aos 24 anos, a ativista fala sobre igualdade de gêneros, racismo, veganismo e sustentabilidade em seu canal no YouTube, seguido por 464 mil pessoas. Ela é também embaixadora global do projeto Creators for Change da plataforma de vídeos.

MC Soffia, autora do hit “Menina Pretinha”

MC Soffia // A rapper paulista tem apenas 14 anos, mas já é autora de
letras que reverberam mensagens positivas de empoderamento para
mulheres negras.

Brockhampton // Liderado por Kevin Abstract, jovem negro e gay, esta boy band de hip hop baseada em Los Angeles aborda em suas músicas assuntos como sexualidade, racismo e relacionamentos amorosos e familiares.

Em parceria com a consultoria internacional WGSN,

o MECA analisa as principais tendências de comportamento e consumo atuais. O resultado você confere no MECAJournal e em talks realizados
no MECASpot. Nesta edição, apresentamos a Geração Z — um dos perfis de consumidores em ascensão global.

Esta matéria faz parte da edição #025 do MECAJournal e foi escrita
pelo repórter Helder Ferreira.
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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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