Confira a seleção especial feita pelo MECA com as músicas que marcaram o ano como um período de experimentações e descobertas – e que encerram a década apontando caminhos promissores para a cultura brasileira

O ano de 2019 foi de reviravoltas e de persistência, especialmente para a cultura brasileira. Os dias se tornaram meses e esses 12 meses surpreenderam ouvintes atentos com um ano cheio de músicas fortes e sensíveis, que encerram uma década e nos preenchem com o sentimento único de um futuro promissor e culturalmente rico.

Novos nomes, gêneros e narrativas criaram novos rumos no mundo da música, tornando o ano de 2019 um período de experimentações e descobertas. O rap veio na linha de frente com provocações diretas; o pop está polido e cintilante, trazendo empoderamento feminino e LGBTQ+ para as rádios; o brega funk pernambucano dominou o país; os feats provaram que somar é preciso; o cenário alternativo alçou voos cada vez mais altos; e nomes do Norte ao Sul do país cantaram em uníssono suas reflexões, desejos, críticas e vontades. Em 2019, a música uniu o Brasil. Aqui estão as 100 músicas que resumem a essência de tudo isso, em múltiplas formas — composição, melodia, discurso, criatividade:

MC Tha — Rito de Passá

Abrindo os caminhos de 2019 para um futuro promissor, MC Tha foi um destaque nos nossos palcos, diante do nosso público e no Brasil inteiro. Apostamos nela em 2018 e seu brilho se destacou com uma música que abre um maravilhoso álbum e apresenta a ancestralidade da Umbanda no contexto contemporâneo do funk, no qual dois mundos da cantora se reúnem para se celebrarem — assim como nós, que celebramos MC Tha como a dona de 2019.

Thiago Pethit — Orfeu

“Mal dos Trópicos” é um álbum épico, necessário e brasileiro. Depois de se destacar no indie e no puro rock’n’roll, o cantor paulistano voltou com maestria, luta, choro, amores e desamores no pós-Carnaval de 2019. A música “Orfeu” tem uma sutileza densa: nos surpreende na melodia e em sua profunda letra, remetendo ao Brasil dos anos 50, sem esquecer de 2019. É um desabafo que virou uma canção.

Illy (part. Duda Beat) — Só Eu E Você Na Pista (Tomas Troia Remix)

Uma canção para rebolar de ladinho é o mood que perpetuou nesse ano. Em uma conexão de amigas, a cantora carioca chamou a pernambucana para lançar o hit mais gostoso do ano. Com uma letra charmosa e um ritmo envolvente, a música grudou nos nossos ouvidos e nos fez dançar o ano inteiro.

Hot e Oreia (part. Djonga) — Eu Vou

A rima direta e poética da dupla mineira Hot e Oreia fez o Brasil (re)pensar sobre a nossa situação social atual. “Eu Vou” é o clímax do álbum “Rap de Massagem”, lançado nesse ano, e que se tornou o hino dos renegados — é o rap fazendo o seu papel com maestria.

BaianaSystem (part. Manu Chao) — Sulamericano

Dançar com o swing do BaianaSystem é unanimidade quando o assunto é música brasileira. Mais uma vez, o grupo baiano nos enfeitiçou com sua malemolência em uma música poderosa sobre a América Latina junto a uma participação fortíssima de Manu Chao.

Emicida (part. Majur e Pabllo Vittar) — AmarElo

A forte canção do trio Emicida, Majus e Pabllo Vittar é uma das músicas mais essenciais do ano. Com sample de “Sujeito de Sorte”, de Belchior, traz uma mensagem de superação e de apoio para pessoas com depressão.

Black Alien — Vai Baby

O rapper fluminense Black Alien voltou com um flow afiado, letras sinceras sobre seus problemas com o álcool e um instrumental que faz todo mundo dançar. É o rap, mais uma vez, brilhando com maestria.

Ana Frango Elétrico — Saudade

A cena alternativa quebrou barreiras. A cantora carioca Ana Frango Elétrico lançou uma música que mistura elementos da antiga MPB com referências contemporâneas em sua música, que não saiu do nosso repeat.

Dona Onete — Carimbó Arrepiado

A rainha do Carimbó no Brasil continua com muito gingado. “Carimbó Arrepiado” nos faz dançar sem parar, cantar e arrepiar com a potência, vivência e a juventude de uma mulher tão importante para o nosso país. É patrimônio brasileiro!

Tassia Reis — Myriam

Misturando rimas com jazz, Tassia nos faz entrar em seu mundo divertido com uma personagem confiante, leve e de bem com a vida. “Myriam” é tudo isso e muito mais.

Céu — Coreto

Depois dos três anos de sucesso com álbum Tropix, Céu matou nossa sede de um disco novo inteirinho em 2019 com o lançamento de Apká. A faixa “Coreto” é quase uma serenata de amor dançante, um presente cheio de amor pra quem estava com saudade.

Djonga — HAT-TRICK

Djonga é uma das maiores revelações do rap brasileiro na atualidade. Em sua forte música “HAT-TRICK”, ele “abre alas para o rei”, como canta no refrão, e se consolida no cenário musical brasileiro levando consigo sua luta e sua história.

Marcelo Jeneci — Oxente

O baião está vivo nas mãos e na voz de Jeneci. Com elementos nordestinos, riqueza percussiva e uma letra simples, digna do ritmo consagrado pelo mestre Luiz Gonzaga, essa canção merece destaque na playlist de todos os brasileiros.

Liniker e os Caramelows — Intimidade

A cantora paulista lançou um álbum intimista e, em “Intimidade”, fala sobre o seu universo interno e amoroso. Com um vocal potente e um piano delicado, a música ocupa um lugar mais que especial na nossa lista.

Boogarins — Dislexia ou Transe

A psicodelia e o rock estão bem representados pelo grupo goiano Boogarins. Com os típicos vocais distorcidos e as intensas guitarras, “Dislexia ou Transe” flerta com uma viola e traz mais vida orgânica à canção.

Linn da Quebrada, Liniker, Urias, Alice Guél, Jup do Bairro, Danna Lisboa, Ventura Profana e Verônica Decide Morrer — Oração

Como em uma oração, as cantoras transsexuais brasileiras se unem para uma canção poderosa e singela. É sobre amor, clamor e justiça. Com um tom gospel, a música é uma resposta ao “cis-tema”.

Jaloo (part. Dona Onete e Manoel Cordeiro) — Eu Te Amei (Amo!)

Três grandes nomes do Pará se encontram para uma canção brega sobre amor. Com um tom divertido e envolvente, as vozes se entrelaçam cantando sobre amores que não desgrudam da gente.

Elza Soares (part. BaianaSystem e Virgínia Rodrigues) — Libertação

Com uma energia inesgotável, Elza volta com força, mais uma vez. Muito bem acompanhada com BaianaSystem e Virgínia Rodrigues, a musa da música brasileira mostra força e swing.

As Bahias e a Cozinha Mineira — Mátria

Sem enrolação, a banda botou pra quebrar com a canção “Mátria”, que traz uma nova visão sobre de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. Sem falar da malemolência. Música 100% brasileira.

Rosa Neon — Brilho de Leão

O pop cintilante da banda mineira fez o Brasil inteiro dançar. A letra chiclete e o instrumental envolvente nos fez sentir calor em agosto, fazendo nossa cintura rebolar sem parar.

Nomade Orquestra (part. Edgar) — Ocidentes Acontecem

China (part. Bell Puã) — Moinhos de Tempo

Marcos Valle — É Você

Rizian (part. Imerso) — Puta Liberdade

Tulipa Ruiz e João Donato — Manjericão

DUDA BEAT (part. Mateus Carrilho e Jaloo) — Chega

Omulu (part. Luedji Luna e ATTOOXXA) — Tô Te Querendo

Pitty — Te Conecta

Maria Bethânia — A Flor e o Espinho (Citação: Sombras da Água)

Doralyce (part. Edgar) — Para de Apontar o Dedo

Arnaldo Antunes — O Real Resiste

Alt Niss — Só o Que Eu Quiser

Clarice Falcão — Dia D

Julio Secchin — BOI TOLO

Juliana Perdigão (part. Arnaldo Antunes) — Torresmo

Jorge Mautner — Marielle Franco

Jards Macalé (part. Juçara Marçal) — Peixe

Fafá de Belém — Alinhamento Energético

Urias — Diaba

Scalene — Casa Aberta

Murica — Esquinapanóiadelirante

Supervão — Sol do Samba

O Terno — Atrás / Além

Ventura Profana — Resplandescente

Saskia (part. Edgar) — Tô Duvidando

Pássaro Vivo — Clariô

YMA — Par de Olhos

Marrakesh — Defectively

MC Kevin o Chris — Ela É do Tipo

Pabllo Vittar — Amor de Que

Ludmilla (part. Topo La Maskara e Walshy Fire) — Verdinha

Luísa Sonza (part. Pabllo Vittar) — Garupa

MC Loma e As Gêmeas Lacração — Xonadão

Luísa e os Alquimistas — Garota Ligeira

Dadá Boladão (part. Tati Zaqui e OIK) — Surtada (Remix Brega Funk)

IZA — Brisa

Mia Badgyal — Não Desliga o Telefone

Carlos do Complexo — Afrofuturista

Phillipi & Rodrigo — Retrogrado

Luiza Lian (part. Bixiga 70) — Alumiô

Lamparina e A Primavera — Não Me Entrego Pros Caretas

Madimboo — Contato

Papisa — Semente

Virginia Rodrigues — Nasci pra Sonhar e Cantar

Terno Rei — Solidão de Volta

Karina Buhr — Temperos Destruidores

Jup do Bairro — Corpo Sem Juízo

Chico César (part. Luis Carlini) — O Amor É Um Ato Revolucionário

Giovani Cidreira — Ngm + Vai Tevertrist

Bruno Capinan (part. Lan Lanh) — Algoritmo

Bibi Caetano — DEJAVU

Marina Melo — Loukkk

Aldo — Trembling Eyelids

Rap Plus Size — Fôlego

Larissa Luz (part. Gabi Guedes) — Macumba

Lia de Itamaraca — Ciranda Sem Fim para Lia

Ubunto — Etiópia Mundo Negros (Instrumental)

Mariana Aydar — Condução

Maria Gadú — Quem?

ANAVITÓRIA — espatódea

Obinrin Trio (part. Maria Beraldo Bastos, Eva Figueiredo e Lari Eva) — Aquele Gingado

Jão — VSF

Siba — Tempo Bom Redondin

Alessandra Leão — Corre um Rio em Mim

Clima — Coco

RAKTA — Fim do Mundo

Tantão e os Fita — Drama

Romero Ferro — Acabar a Brincadeira

Zudizilla (part. DJ Nyack) — Steez

cais — Naufrágio

Truta — Abrigo

Tintapreta — Leo

Arquelano (part. Getúlio Abelha e Luiza Nobel) — Salão das Ilusões

Kasper — Papoula

grãomestre — Armadilha

L’hommestatue — Braços/Vela

Clara Tannure — Chora Boy

Una — Útero

Jade Beraldo — perigo

Sessa — Flor do Real

Obrigado a todos envolvidos nos bastidores de cada uma dessas músicas e um salve pra todos os artistas, músicos, compositores, intérpretes e produtores que fazem a música brasileira ser tão relevante, potente e inspiradora. Que 2020 seja um ano de mais novidades musicais e descobertas!

Quer escutar e sentir todas as músicas? Siga nossa playlist:

Segue o MECA no Instagram? E no Twitter também?

--

--

MECA
MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca