Ela cantou para que os caminhos se abrissem, e eles se abriram. MC Tha emocionou e surpreendeu a todos com um show pujante no MECAMaquiné, batizada com a Lua Cheia e com a presença de uma borboletinha branca.

(Crédito: Luara Baggi // Shake It BSB).

Ela cantou para que os caminhos se abrissem e eles se abriram. Thais da Silva, nacionalmente conhecida como MC Tha, é uma das maiores revelações da música brasileira. O lançamento do seu disco de estreia, “Rito de Passá”, homologa a imensidão da artista que a paulistana do extremo leste de São Paulo alcançou. Atração dos maiores festivais de música pelo Brasil, com ingressos esgotados em casas de Norte a Sul do país, MC Tha envolve com seu furacão quem se mostra minimamente aberto a entender um pouco mais de si e do outro pela fé, pela empatia e pela resiliência.

Com um passinho de cada vez e com duas mulheres tão pujantes quanto ela no palco — Malka e Rayra Maciel — , Tha constrói minuciosamente uma carreira focada na força da união do trabalho com seus amigos próximos, na intenção de solidificar seu maior sonho e objetivo de crescer junto. Foi indescritivelmente especial seu show no palco do MECAMaquiné: uma borboleta branquinha pousou perto dela, que parecia vestir a mesma roupa da artista.

Foi difícil não se surpreender e emocionar com as versões de “Tigresa”, de Caetano Veloso; “Preciso Me Encontrar”, de Cartola; e “Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben Jor. Logo depois de se apresentar batizada com o brilho de uma Lua Cheia em Áries num cenário exuberante de verde e vida como a Fazenda Pontal, Thais contou sobre suas perspectivas de vida e trabalho, sobre sua rotina nas redes sociais, sobre ritos de passagem e muito mais. ❤

Quando você entra no Twitter, qual é a primeira coisa que você busca?
“Quando entro no Twitter, a primeira coisa que gosto de ver é quem me marcou em algum tweet, quem mandou alguma mensagem, responder algum tweet que eu gostei.”

(Crédito: Luara Baggi // Shake It BSB).

Quando você passa por um Rito de Passá, o que se passa?
“Nossa, quando eu passo por um ‘Rito de Passá’ eu não sei exatamente o que acontece, acho que só vou perceber depois dos acontecimentos, que eu passei por alguma mudança ou transformação interna ou externa. A gente tem muitos rituais diários, né? Um rito para mim pode ser também, às vezes, o jeito que você se arruma para ir dormir, tomando um banho, colocando uma camisola, passando um creme no rosto. Isso já é um ritual. A vida é repleta de ritos, mas esses ritos mais profundos eu só vou perceber o que aconteceu depois de um tempinho.”

Quando eu falei contigo em Inhotim, você me disse que não tinha certeza se era uma grande artista. Depois do MECAInhotim, você foi confirmada em grandes festivais, os ingressos pro show do seu novo disco estão esgotados. E hoje, como você se vê?
“Acho que nunca vou me enxergar como grande demais. A humildade está na minha essência, eu sou muito pé no chão. Acho que, talvez, manter esse pé atrás e me entender ainda como uma artista em construção… como hoje comentei com o pessoal, eu nunca fiz aula de canto, eu nunca fiz aula de dança, eu nunca tive uma família que fosse da música para me inspirar.
Então, para mim, construir essa carreira e essa imagem da MC Tha é sempre um passinho atrás do outro, porque eu preciso entender quem eu sou, de onde vim e para onde vou. Mas acho que nunca vou me ver como grande mesmo.”

(Crédito: Luara Baggi // Shake It BSB).

E agora, quais caminhos agora você quer abrir?
“Olha, o caminho que eu trilho é de alguém que tem uma missão de passar algo bom adiante para as pessoas. Não deixo isso me envaidecer. Quero cada vez mais poder agregar pessoas que possam colaborar com o meu trabalho. Por exemplo, agora eu já tenho uma banda que é formada pela Malka que toca os instrumentos e a Rayra que faz a percussão. Recentemente, consegui colocar um amigo meu para trabalhar comigo na produção. Então, são essas coisas que quero alcançar. Essa é a minha maior missão, minha maior felicidade — ver que o trabalho está crescendo para ajudar as pessoas, assim como alguém me deu a mão lá atrás.”

(Crédito: Luara Baggi // Shake It BSB).

O que podemos esperar do ano que está por vir? Qual é o sentimento de 2020?
“Eu estou num momento de muita paz, principalmente depois que lancei o álbum e que está tudo acontecendo. É um momento de muita paz mesmo, em todos os setores da minha vida. E acho que ano que vem é cuidar para que isso permaneça, se blindar para que energias de fora não atinjam o meu bem-estar, porque eu sei que tem muita gente que me ouve e que não está tão bem assim e através do que eu faço, elas se sentem fortes, sabe? E sentem vontade de seguir em frente. Recebo muitas mensagens de pessoas que estavam na beira de se suicidar, por exemplo, recebo algumas mensagens muito pesadas nesse sentido. Essas pessoas relatam que ouviram a minha música e que voltaram a enxergar a vida. Não é uma responsabilidade, não é um peso. Quando a gente fala de responsabilidade, a gente fala de algo muito pesado talvez. Mas tenho essa cabeça de me manter forte para que eu continue ajudando as pessoas. É isso que eu desejo para o ano que vem, que eu continue forte e botando mais trabalho na rua, para que continue contagiando as pessoas que precisam dela.”

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Débora Stevaux
MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

repórter de cultura & social media do @mecalovemeca que escreve porque acha que a arte é transformadora o suficiente para gerar impactos sociais positivos