“Estado de Confluência” e o futuro brilhante da música brasileira

Uma análise da nova coletânea de música eletrônica do selo independente Ser e Ver e um bate-papo com o curador do projeto, o músico Rico Jorge

Crédito: Hick Duarte

Recheado de samples, batidas inusitadas e artistas promissores da cena musical brasileira, “Estado de Confluência” é a segunda compilação do selo independente Ser e Ver, dirigido e curado pelo músico Rico Jorge. Participam da produção a artista Acaptcha e os artistas Lucas Vidal, Rico Jorge, Marcelo Gerab, Perola Branca, Mauricio Avila, Laza e Kid From Amazon.

Rico integra a equipe da Rádio Veneno (https://veneno.live), que recebe em sua sede em SP diferentes artistas, DJs e produtores do Brasil para mostrar suas referências em diferentes formatos — o que acabou o ajudando na busca de novos nomes da cena musical brasileira.

“Ser e Ver começou, de primeira mão, como um lugar de encaixe. Sempre fiz música e solitário. No momento que encontros sinceros dentro e fora da criação aconteceram, precisei de um lugar, uma casa aberta, pra construir e dialogar ideias. E fui sentindo a necessidade de quem cria próximo de termos uma base, nos sentirmos dentro. Isso tira o medo, engrandece a fala e não limita a cria por si”, explica Rico Jorge.

Diferente do que estamos acostumados a escutar em músicas eletrônicas, essa compilação traz muito mais que canções quadradas ou simples batidas quatro por quatro. Você será surpreendido com quebras repentinas, samples incomuns e formatos criativos singulares. Transitando em diferentes estilos, cada artista é livre para nos mostrar sua identidade, seguindo um “estado de confluência” gerido pelo próprio Rico Jorge através de encontros, conversas e trocas com cada integrante da coletânea.

Essa coletânea prova que a cena musical brasileira tem um caminho brilhante pela frente na mente desses nomes. E o melhor: a essência brasileira anda de mãos dadas com cada música criada por esses artistas. Confira:

Confira a entrevista exclusiva com Rico Jorge, idealizador do projeto, realizada pelo curador musical do MECA, Dimas Henkes:

Como você define o trabalho no selo independente Ser e Ver?

No geral, a Ser e Ver está num começo de compreender o caminho. O estudo e o ataque humilde regem uma transformação sutil e verdadeira dentro da música/cena e consequentemente no social. O selo é um lugar aberto de observação e ação do momento, de quem somos e do que colocaremos. E esses artistas trazem essa cara, no mais pessoal, no mais simples.

Vejo a criação desse selo como um movimento de união entre artistas independentes. Vocês estão construindo algo juntos, em vez de competirem. Como está sendo a experiência de ter um selo musical independente aqui no Brasil?

É construção constante. Muita burocracia pra conseguir se colocar no “profissional”. Ao invés de criar com limitações propostas, tento trazer o máximo de quem tá por perto, das próprias piras e crias. E não cair no buraco do lançamento sem sentido, da exposição constante. O lance é que a gente vive no Brasil e o método é diferente, é aprendido em conjunto a cada dia, envolve momentos, muita percepção e a não-fuga do que nos assola.

Como foi o processo de curadoria para a coletânea “Estado de Confluência”?

Foi bem natural. Pessoas que já colaboravam desde o início comigo tinham faixas há um tempo pra colaborar. E outras foram acontecendo nesses últimos meses, os encontros. No fim, tínhamos um grupo bem coeso de ideias e de visões sociais.

Como foi encontrar o estado de confluência entre as músicas? Houve uma conversa prévia com cada artista ou eles ficaram livres para criar e enviar o que quiserem?

Então, esses encontros trouxeram isso. Eu estava bem atento às pessoas que iam surgindo, por estar na Veneno diariamente e conhecendo artistas bem reais e presentes com a atuação na vida e na arte. Uns de Minas Gerais, outros de Belém, e outras pessoas radicadas do Goiás e de Minas aqui em São Paulo. Tudo livre e confluindo.

Qual foi o processo de criação da sua música, “Coisas”, que faz parte da coletânea?

“Coisas” surgiu de um sample de “Coisas” de Moacir Santos. Tava na cabeça o beat em cima e era pra virar um edit no formato. Não dei conta, expandi a estrutura e virou uma faixa por inteira, com voz e tudo mais.

Essa matéria foi feita pelo nosso curador musical Dimas Henkes. Segue a gente no Instagram? E no Twitter também?

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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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