Majur: artista nacional para você ficar de olho em junho (e sempre)

Conheça o trabalho de Majur, 23 anos, uma das novas revelações da música brasileira contemporânea - da Bahia para o mundo

Crédito: Fernando Schlaepfer

Por que ficar de olho?

Ancestralidade e uma voz que rasga o peito são os principais elementos que fazem de Majur a nova voz da Bahia e uma artista única — e necessária na sua playlist. Sua carreira ainda está no início, mas o caminho para o sucesso já está aberto e na direção certa. O EP “Colorir”, lançado em 2018, contabiliza mais de 300 mil ouvintes que se emocionaram com as três músicas postadas no Spotify.

A voz dela esbanja técnica e não é a toa: Majur começou a cantar aos 5 anos de idade. No último carnaval, subiu e se apresentou no trio de ícones como Daniela Mercury, Psirico, Marcia Castro e Expresso 222, além de participar do show do Afrocidade, no Pelourinho. Suas inspirações são diversas. A voz da Bahia flerta com R&B, soul e raízes africanas, ama escutar James Brown, Mary J Blige e Fat Family, se inspira poeticamente em Caetano Veloso, Liniker e Chico Buarque. Sua estética é inspirada em Grace Jones e no movimento do Afrofuturismo.

Quanto perguntamos sobre qual gênero Majur se identifica, a resposta é aberta: "Eu realmente não me identifico inteiramente com ambos gêneros, sendo ele feminino ou masculino, desse modo sempre deixo a possibilidade de ser chamado ou chamada. Porém, recentemente tenho ouvido entre algumas pessoas, inclusive não-binaries a utilização de um novo artigo de referência neutra, o “E”. Confesso que ainda é difícil falar desse modo, mas tenho aprendido."

A música que nós amamos:

Definido como Afropop, seu estilo musical traz elementos instrumentais africanos e muita consciência sobre suas raízes na música “Africanei”.
A música é uma ligação da cantora com seus ancestrais, sua história e sua identidade. Além de batuque, podemos perceber a presença de guitarras, sintetizadores e muito gingado. Uma ótima apresentação em forma de música. Ela mostra a que veio: unir todas as pessoas pertencentes à mesma ancestralidade, que foi subtraída em 519 anos de história.

O lançamento de seu primeiro álbum está previsto para esse ano, com participações mais que especiais de vários artistas que continua surpresa. Majur define o trabalho como "uma inovação na musica brasileira" que vai trazer soul, pop, R&B e muito swing na voz poderosa da nova geração.

Um clipe para assistir:

“AmarElo” é uma música do rapper Emicida, mas é a participação dela que ganhou destaque na música e no vídeo. Com uma atitude inigualável, a cantora repete o refrão de “Sujeito de Sorte”, clássico de Belchior, ressignificando a canção para os problemas sociais e políticos contemporâneos — trazendo à tona a depressão causada pela opressão política atual brasileira. Atenção: vídeo e música são fortes demais, prepare o lencinho! ❤

Uma pergunta para Majur:

Para você, o que precisa “africanizar” no Brasil?

Ser Brasileiro significa ser miscigenado, porém no Brasil, grande parte da população brasileira não reconhece a importância da ancestralidade africana. Viemos em maioria e somos tidos como minoria. A diferença racial nos separa e é cruel, sendo o sistema o grande causador de empobrecimento do povo de pele preta. Se somos Brasileiros, “somos angolanos, africanos, Índios, riquenhos, mexicanos, pretos, amarelos, pardos, somos mistura”, como canto na musica “Africaniei”. Sim! O meu corpo é um corpo político de forma espontânea e eu reconheço e estendo a mão em marcha aos direitos iguais a todos! Não importa sexo, tom de pele, sotaque ou religião, somos um único povo e é isso que o Brasil precisa enxergar. Agora, não é só sobre ser militante, é sobre ser humano, Ninguém solta a mão de ninguém!

Essa matéria feita pelo nosso curador musical Dimas Henkes. Segue a gente no Instagram? E no Twitter também?

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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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