Nativos digitais, os jovens da Geração Z lidam com a exposição online intensamente e valorizam a inteligência emocional mais do que qualquer outro grupo etário na história

A youtuber brasileira Ellora Haonne: inspiração para os jovens

Viver em um mundo onde sempre existiu internet tem seu preço. Nascida entre 1994 e 2010, a Geração Z é o grupo etário mais suscetível à ansiedade e à depressão. “Eles cresceram sob essa redoma em que tudo é muito rápido, tem-se acesso a tudo e vê-se a todos em tempo real”, explica Luiz Arruda, diretor da divisão de consultoria WGSN Mindset. “Isso gera uma série de padrões de beleza e de sucesso a serem perseguidos.”

Há muito o que aprender sobre a Geração Z. Em parceria com o bureau de pesquisa de tendências WGSN, o MECAJournal inicia uma série sobre esses jovens divididos entre “Eu” e “Nós”. Além da conectividade ininterrupta e de serem a geração etnicamente mais diversificada da história, eles estão amadurecendo mais devagar e demorando para se envolver com atividades adultas, como fazer sexo, beber e trabalhar.

“Para eles, a inteligência emocional é mais importante do que foi para qualquer outra geração” — Luiz Arruda.

É a forma como lidam com questões relativas a sentimentos que divide os Z em “Eu” e “Nós”. Segundo a consultoria, ambos sofrem com a ansiedade, mas o primeiro grupo, majoritário, prefere negá-la e entra no jogo pela conquista de uma “InstaLife” perfeita. Para isso, os jovens podem usar aplicativos de modificação corporal e facial e até mesmo postar fotos de viagens que não fizeram. “Eles criam personas que não correspondem às suas realidades. Chamamos isso de ‘ilusão consciente’”, afirma Luiz.

Já o grupo “Nós” prefere encarar a ansiedade de frente e se ajudar como grupo. Eles criam e usam aplicativos focados em saúde mental e buscam fortalecer seus pares (e a si mesmos) a partir da exposição de suas próprias imperfeições nas redes sociais. “Através dessa ‘vulnerabilidade curativa’, eles mostram que há outro jeito de viver e que está tudo bem não ser perfeito.”

Não é por acaso que os “Nós” estão colocando a mão na massa para construir o mundo onde desejam viver, questionando a falta de aprendizado socioemocional. “Para eles, a inteligência emocional é mais importante do que foi para qualquer outra geração”, analisa Luiz.

Para a Geração Z, a pauta emocional se estende das salas de aula aos escritórios. Os jovens ligados ao “Nós” querem trabalhar para empresas justas e imparciais, aonde se sintam respeitados e representados em cargos de liderança. Já o grupo “Eu”, ao escolher um emprego, prioriza prazer e felicidade em vez de dinheiro. Para eles, um ambiente de trabalho positivo e flexível é mais importante que um salário maior.

Algumas instituições já entenderam esse desejo. A Universidade de Yale, por exemplo, treina seus funcionários para cultivarem a empatia e mantém um centro dedicado a explorar o poder das emoções por meio de pesquisas e abordagens educativas. Já a também americana Smith College lançou a Failing Well, iniciativa que busca quebrar o estigma do fracasso, estimular a resiliência e ensinar os alunos a lidar com contratempos por meio de workshops.

Para a Geração Z, a pauta emocional se estende das salas de aula aos escritórios. Os jovens ligados ao “Nós” querem trabalhar para empresas justas e imparciais, aonde se sintam respeitados e representados em cargos de liderança. Já o grupo “Eu”, ao escolher um emprego, prioriza prazer e felicidade em vez de dinheiro. Para eles, um ambiente de trabalho positivo e flexível é mais importante que um salário maior.

O mercado já começa a notar essa transição entre Millenials e Geração Z. As empresas estão entendendo que competências ligadas à emoção são cada vez mais úteis e necessárias para recrutar, reter e desenvolver lideranças. “É uma questão urgente, e o mundo do trabalho está começando a se reprogramar para contemplá-la”, conclui Luiz.

Respire fundo e se aceite! 4 exemplos da busca da Geração Z por bem-estar e autoaceitação

A venda de produtos do Ugly Girls é revertida para a caridade

The Ugly Girls Club // Desde 2014, o coletivo feminista britânico produz de calcinhas a peças de teatro com o objetivo de desafiar ideais de beleza e mostrar que o potencial das garotas vai muito além das aparências.

Ellora Haonne // Com mais de um milhão de inscritos, a youtuber de 20 anos compartilha suas histórias de luta contra ansiedade, depressão e transtornos alimentares, além de dar conselhos sobre amor-próprio e autoestima.

Tela inicial do Aloe Bud, app de autocuidado e saúde

Aloe Bud // De beber água ou respirar em um mo-mento de estresse a registrar sentimentos, esse app gera notificações do bem para lembrar o usuário de se cuidar. Por enquanto, só para iOS.

Becky Young, fundadora do movimento Anti Diet Riot Club

Anti Diet Riot Club // Também britânico, esse movimento combate a cultura da dieta e promove discussões sobre autoestima, aceitação do próprio corpo e bem-estar emocional.

Em parceria com a consultoria internacional WGSN,

o MECA analisa as principais tendências de comportamento e consumo atuais. O resultado você confere no MECAJournal e em talks realizados no MECASpot. Nesta edição, apresentamos a Geração Z — um dos perfis de consumidores em ascensão global.

Esta matéria faz parte da edição #024 do MECAJournal e foi escrita pelo repórter Helder Ferreira.
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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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