Prepare-se para dançar com Marcos Valle no MECANewYear@Inhotim

Em entrevista exclusiva ao MECA, o cantor carioca de 76 anos compartilha o que podemos esperar do show no Instituto Inhotim dia 31 de dezembro

Poucos artistas transitam por tantos gêneros musicais como Marcos Valle.
O carioca que despontou em 1964 com “Samba de Verão”, que se tornaria um clássico da Bossa Nova, já experimentou todos os estilos musicais: da bossa à black music, do pop ao disco, do groove ao rock. Tudo isso sem perder o gingado que o transformou em um dos artistas brasileiros mais reconhecidos internacionalmente. Marcos Valle é um patrimônio da nossa música.

E é esse alto-astral e caldeirão de estilos musicais que o cantor, compositor, instrumentista e arranjador de 76 anos irá levar para o MECANewYear. Sua apresentação está marcada para as 22h do dia 31 de dezembro, entre os jardins e galerias do Instituto Inhotim, e promete ser especial — com direito a sucessos atemporais das pistas de dança a músicas do recente trabalho, o ótimo álbum “Sempre”, lançado em junho.

Confira a entrevista exclusiva de Marcos Valle para o editor Felipe Seffrin e prepare-se para dançar sem parar!

O que o público pode esperar do seu show no MECANewYear?

“Com certeza vai ser um show bem para cima, nos moldes dos shows que eu faço na Europa, com todo mundo de pé, dançando sem parar. Vou apresentar músicas de diversas épocas, mas sempre mantendo o alto-astral. Logicamente, às vezes vai pro lado do samba, do funk ou do pop, mas sempre mantendo uma energia muito grande, exatamente para combinar com o clima que a gente precisa no Réveillon.”

Como você definiria o seu trabalho?

“É muito difícil me definir. Não consigo colocar um rótulo na minha música. Eu transito por todos os ritmos e, às vezes, crio ritmos novos que não tinha criado antes. Existem outros artistas como eu que são tão particulares que é difícil definir. Por exemplo, o Jorge Ben Jor. É samba, é rock? Não, é Jorge Ben, é uma coisa dele. E meu som é Marcos Valle. É essa mistura toda de rock, pop, black music, disco, bossa nova, groove. Eu me alimento de música e estou sempre aberto a novas parcerias, colaborações. Acho que isso mantém minha música viva.”

Como foi 2019 para você?

“Foi um ano excelente! Eu havia passado alguns anos sem lançar um disco solo. Tinha feito discos com Edu Lobo e Dori Caymmi, com Os Bossa Novas, e eram discos em um caminho mais pro lado da MPB. Mas eu estava sentindo falta do groove e do balanço que eu tanto gosto. E aí, quando veio a ideia da [gravadora inglesa] Far Out de fazermos um novo disco, foi natural puxar pro groove. E foi um imenso prazer. O resultado foi excelente e fiz turnês na Europa, Estados Unidos, Japão e muitos shows no Brasil.”

O que merece o nosso olhar em 2020?

“Tenho a esperança de que em 2020 a gente consiga corrigir algumas coisas que não foram muito bem-vindas em 2019. A censura aos artistas, a censura a opiniões contrárias e que acaba implicando em brigas. Acho isso tudo muito triste. É lógico que para um país, a saúde e o lado social são muito importantes. Mas sem cultura, o país perde a sua característica. E a cultura do Brasil é tão rica, tão vasta, que não pode ser negligenciada. Espero que em 2020 a gente consiga encontrar um equilíbrio, superar as diferenças e valorizar a nossa cultura.”

Que artistas mais novos você tem acompanhado?

“Eu procuro sempre me informar e ouvir as sugestões de novos artistas. De gerações mais recentes, a pessoa que eu tive uma aproximação maior há pouco tempo foi o Emicida. Eu já estava atento à criatividade e à poesia dele no rap, e participei do disco AmarElo tocando piano elétrico na música “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”. Foi um encontro fantástico. Tem muita gente que eu curto, mas tenho certa dificuldade em lembrar os nomes. Gosto muito do som de Anavitória, uma dupla que traz uma linguagem jovem, diferente, descolada. Gosto demais do Silva também. Queremos fazer algo juntos no futuro.”

Qual o segredo para ter tanta energia?

“Eu comecei a fazer esportes desde cedo. Natação, futebol, vôlei, jiu jitsu, surfe, windsurfe. E isso foi formando meu corpo e minha saúde. Hoje vou na academia duas vezes por semana, faço aeróbico e, como moro perto da praia no Rio de Janeiro, e caminho três vezes por semana no calçadão. Evito muita carne, muitos laticínios. E tomo um vinhozinho tinto toda noite para dar uma relaxada. Tenho a sorte de ter saúde e viver cheio de vontade de fazer música, de viajar, fazer turnês.”

Como é ser conhecido pelo lado surfista e alto-astral aos 76 anos?

“Eu procuro sempre o lado positivo da vida. Não fico pensando muito no passado. Procuro pensar que a vida é sempre. Por isso dei o nome do meu último disco de “Sempre”. Vamos embora! Gosto do que eu fiz, tanto que tenho maior prazer de tocar músicas antigas, mas sempre olhando pra frente, com novos arranjos, novas interpretações. Essa atitude me mantém muito positivo na vida, muito otimista. E muito agradecido por, nessa altura da carreira, ser tão requisitado para shows e novos trabalhos.”

Vamos lá. Existe algo mais essencial que respiração e ar no pulmão?

“Aí não! Essa é a base de tudo. O grande lance é que para render na vida você tem que estar em equilíbrio. Se não prejudica o seu falar, sua comunicação. Se não tem respiração e ar no pulmão, você fica meio oscilante. Não tem nada mais importante do que isso. Sem respiração e ar no pulmão, não somos nada!”

MECANewYear@Inhotim⁠⠀
28 a 31 de dezembro⁠⠀⁠⠀⁠
Instituto Inhotim (MG)⁠⠀⁠
mecanewyear.com⁠

Essa entrevista foi feita pelo editor do MECA, Felipe Seffrin.
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MECA // Informação, cultura, criatividade e festivais: um radar da cena cultural do Brasil e do mundo. @mecalovemeca

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