Rede de mentiras

Por Julia Gonçalves da Silva*

Projeto Pibid
mediacritica
4 min readDec 6, 2017

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As “fake news” são notícias falsas e não é de hoje que elas são muito compartilhadas. Jornais, emissoras deTV e rádios não são mais os “queridinhos” desde o surgimento de um aparelho móvel, pequeno e muito traidor chamado celular. Com apenas uma informação inverídica, muitas pessoas podem ficar desgastadas e ter uma exposição além do desejável.

As redes sociais deram uma dimensão muito grande aos boatos, sejam eles verdadeiros ou falsos, bons ou ruins. “Em um nível mais elementar, o boato pode ajudar a reforçar um pensamento errôneo. Afinal, mesmo que seja uma tese real, ela não pode se basear em uma mentira. Em um nível mais elevado, pode destruir uma reputação e prejudicar alguém. E, pior ainda, pode acarretar em uma tragédia como no caso de pessoas acusadas de crime que não cometeram ou de tratamentos de saúde que não funcionam”, diz o jornalista Edgard Matsuki.

No início de abril de 2017, o casal de fotógrafos Luiz Áureo de Paula e Pamela Martins foi espancado em Araruama, no Rio de Janeiro, após um boato de que eles estariam sequestrando crianças viralizar no Whatsapp. Em entrevista na delegacia, Luiz condenou os boatos que surgem através das redes sociais e as consequências que eles têm na vida das pessoas. Ele também agradeceu a atuação da polícia, que conseguiu retirá-lo do meio da confusão. “Tinha umas mil pessoas do lado de fora falando que iam me matar por causa dessa porcaria desse WhatsApp, que está incriminando e matando as pessoas sem culpa. Eu estou morto de vergonha da minha esposa e da minha família por estar passando por uma situação dessas. Nem um cachorro, nem os piores bandidos do mundo merecem passar pelo que estou passando hoje” disse. Geralmente essas notícias tem a intenção de chamar a atenção, o que pode acabar provocando brincadeiras sem noção e repercussão negativa. O avanço é nossa culpa. Cada vez mais os leitores precisam ficar atentos com o que compartilham e leem.

A maioria dessas notícias são assuntos polêmicos, como política ou artistas, e podem acabar afetando a vida pessoal e o trabalho de muitas pessoas. Muitos jornalistas inventam que cantores recebem cachês altíssimos, relacionam supostas namoradas e coisas de suas vidas particulares para estar sempre na mídia. Amarildo Santana, pai do cantor e compositor Luan Santana, deu um exemplo do que causa indignação: “Publicações até importantes escrevem, de forma totalmente irresponsável, que Luan ganha R$ 3 milhões ou mais por mês, que comprou uma mansão e mais um monte de coisas. Algum idiota soma o cachê imaginário de um show, multiplica pelo número de shows feitos em um mês e diz que aquilo é o lucro do Luan. Mas o cara não tem a menor ideia da realidade. Para começar, Luan é sócio de uma empresa, que tem custos altíssimos de produção, 35 empregados fixos, mais 50 indiretos, paga aluguel de sede, manutenção, um monte de coisas, sem falar que existem outros sócios. Um show dele custa caro e envolve uma logística complexa e uma equipe de no mínimo 60 pessoas, entre músicos, produtores, segurança, transporte, hospedagem, alimentação, apoio, compromissos legais, impostos e uma série de detalhes que não acabam mais.”, disse Amarildo no início de 2011 (RICARDO MARQUES, p. 132, 2015). Esse tipo de notícia acaba trazendo confusão e saindo do foco principal. Hoje em dia, as pessoas e veículos que sempre divulgavam as principais notícias acabam ficando “atrasadas” devido ao uso dessas redes e é impossível brigar com todos os jornalistas que publicam informações falsas.

Os sites que transmitem essas notícias têm como objetivo ganhar fama, dinheiro e muitas visualizações, uma coisa que hoje em dia não é muito difícil devido ao grande uso das redes. Marina Pina, jornalista e integrante do Conselho Diretor do Intervozes, alerta para o acúmulo de poder do Google e Facebook e para a necessidade de transparência nos critérios de julgamento. Soma-se a isso, a capacidade que ambas as empresas já têm, baseados em cálculos algorítmicos sigilosos, em hierarquizar a exibição de conteúdo e determinar como estes são visualizados pelos usuários nos motores de busca e também nas redes sociais. “Ao mesmo tempo em que estão criando agências certificadoras e canais de verificação, isso é muito perigoso. São duas corporações que já têm muito poder de escolher e distribuir conteúdo a partir de um critério próprio”, destaca a jornalista. Apesar de muita gente confiar no Google, nem tudo o que é pesquisado nele, pode ser verdade também. A internet é um lugar livre, qualquer pessoa pode distorcer uma notícia e ter muito mais compartilhamentos do que a verdadeira.

Com uma pequena investigação, podemos saber se a notícia é confiável ou não. Fique atento aos erros de ortografia, procure saber quem é o dono do site, observe a linha de pensamento que defende e quem patrocina a página. Assim, poderemos deixar de compartilhar esse tipo de notícia e ajudar a dar um fim nelas.

*Julia Gonçalvez da Silva é aluna do 1°01 (Ensino Médio) da Escola de Educação Básica Giovani Pasqualini Faraco

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