Agora eles estão se preparando para invadir as redes sociais. As nossas!
Com a Lava Jato a grana para campanhas vai secar e os políticos já começaram a olhar para a rede de um jeito diferente. Vamos dar uma ajuda.
Uma das possíveis consequências da operação Lava Jato é o desaparecimento dos grandes financiadores de campanhas. Com uma perspectiva de verba curta no horizonte de 2016, alguns candidatos estão prestando atenção a internet pela primeira vez. Aleluia! Teoricamente é simples: um sitezinho, um perfilzinho no Facebook, uma conta no Twitter, quem sabe até Instagram, WhatsApp, Buzzfeed…..Gênio! De modo geral, produzir para a internet é mais barato, porém, construir audiências e engajamento na rede não é menos difícil do que na TV ou em outra mídia qualquer. Aliás, na campanha para a TV o candidato sempre pode pular sobre um eleitor desavisado no intervalo do programa da Ana Maria Braga. Na internet, você precisa convencer as pessoas a sair de casa para conferir o espetáculo que montou para persuadi-las a votar em você. Em um mundo repleto de ofertas e tentações, onde as novelas, os amigos do Face, as promoções do magazine, e tudo mais compete pela atenção do internauta, convencer um cidadão a clicar no site de um… po-lí-ti-co é uma tarefa realmente muito difícil. Quando eu ouço o deputado dizer que a internet não funciona, eu fico quieto, mas acho que ele sabe muito bem que a história é outra. Não existe nada de errado com a internet, o problema é que quase todos os políticos estão acostumados a um modelo de campanha que vai goela abaixo do eleitor. OK, ok, os programas de TV podem ser bem caprichados, mais isso não muda o fato de que são obrigatórios. Na rede você precisa fazer amigos, ser fiel, mostrar consideração antes de convidá-los a visitar sua casa para ouvir o que eventualmente tenha a dizer. Se conseguir, só terá uma única chance para causar uma boa impressão antes de um clique levar o sujeito para longe. Não acabou. Em seguida, terá que convencê-lo novamente, dessa vez a deixar de lado o universo lúdico da rede para prestar atenção às suas propostas e promessas. Propostas e promessas! Excitante, não? E o ciclo só estará fechado quando o seu visitante falar para um amigo sobre tudo que viu. Se ele falar bem, sua campanha vai crescer. Caso contrário, todo esse trabalho servirá apenas para ampliar o número de pessoas que não votarão em você. Exatamente: uma operação de alto risco. Fácil? Não. Nunca foi. É que os políticos têm um certo fetiche pela campanha digital do presidente americano Barack Obama em 2008. A web ajudou a arrecadar centenas de milhões, ajudou a promover milhares de eventos de apoio e é considerada um dos fatores decisivos em sua vitória. A outra parte da história é que a equipe digital de Obama tinha quase 300 pessoas, reuniu algumas das mentes mais brilhantes do vale do silício e trabalhou com um conteúdo pronto e acabado para ser consumido nas redes sociais: uma esperança, um jovem negro com uma mensagem pacifista, que falava direto aos jovens cansados de anos de guerra. Em resumo, a internet e as redes sociais não vão resolver o problema de ninguém que não ofereça aos internautas uma boa razão para uma visita, para ouvi-lo e contar para os amigos que gostou. E se tudo isso parece assustador, o susto pode ser ainda para os que resolverem ficar de fora. Para um número cada vez maior de pessoas, fugir da web é como fugir de debate. Então seguem alguns conselhos, reflexões e provocações (todos já testados) para aumentar as chances de sucesso de sua campanha digital.
Um conteúdo pronto e acabado para ser consumido nas redes sociais: uma esperança, um jovem negro com uma mensagem pacifista, que falava direto aos jovens cansados de anos de guerra
- Não vá ao Twitter depois de beber. Nunca.
- Um equívoco e um videozinho besta e sua campanha está destruída. Cuide das suas coisas e deixe as senhas em mãos seguras.
- Não finja. Ainda ouve rádio, faz anotações em bloquinhos e detesta Facebook? Tudo bem, sua presença na rede não precisa ser pessoal, precisa ser profissional.
- Prepare-se para apanhar. Na TV, nos seus comícios e na papelada você se acostumou a falar para plateia mudas, geralmente dóceis. A graça da web é que todo mundo pode falar, seu fãs e os outros.
- Contrate alguém com autonomia para falar por você. Defina limites de autonomia. É impossível fazer campanha e cuidar da aprovação de todos os posts em sites, Facebook, etc, etc…
- Com quem você quer falar? O que quer dizer? Não se engane pela aparente confusão, use a tecnologia para acertar.
- Antes de postar pense: alguém vai se interessar por isso? Alguém terá vontade de falar sobre isso para um amigo? Não trate seu canais digitais como mais uma alternativa para distribuir releases monótonos.
- Ouça os números (e respeite-os): você ouvia os especialistas quando não haviam os dados e a experiência era tudo. Não deixe de ouvi-los, mas perguntes sobre os dados e as estatísticas. No mundo digital tudo pode ser medido.
- Se não está no Google não está no mundo. Teste saber para saber se sua campanha vai digital vai bem. Só comemore se o seu nome aparecer na primeira linha do Google.
- Audiência e engajamento. Uma grande audiência é um cinema lotado. Um grande engajamento é um cinema lotado de pessoas interessadas no filme. É melhor algumas pessoas prestando atenção do que uma plateia sonolenta.
- A audiência certa. Google, Facebook e Twitter permitem a criação de anúncios extremamente segmentados, para você falar com quem realmente quer falar.
- Imagem é tudo. Imagens respondem por mais de 80% das visualizações no Facebook e Twitter.
- Qualquer smartphone grava imagens e vídeos com ótima resolução para internet. Obrigue seus colaboradores a registrar encontros e outros eventos que possam ser usados em seus canais.
- Vídeo de casamento. Quantos pessoas aguentam ver vídeos de casamento? E um grande sucesso de Hollywood? Uma trama sensacional e gente linda se esgota em uma hora e meia. Na web, o vídeo de um político com mais de três minutos não será visto por ninguém a não ser que traga alguma revelação estarrecedora, ou picante
- Não se convenceu a entrar para valer na internet? Dê um Google, pesquise nas redes sociais e descubra o que seus adversários estejam fazendo. Só decida depois dessa pesquisa.