Adeus, fotolog.net
O Fotolog.net morreu.
Chegou ao fim de forma tão inesperada quanto uma ligação às duas e quarenta e sete da madrugada avisando que um amigo morreu em circunstâncias inesperadas. Um amigo que não tínhamos tanto contato atualmente, mas que fez parte dos nossos piores e melhores momentos no início dos anos 2000.
Mesmo Distantes, nunca estamos preparados para essa ligação.
Lembro até hoje (com um gostinho de vitória pessoal) do dia em que consegui ser um dos 300 sortudos brasileiros rápidos o bastante para criar uma conta na rede social. Sim, meus amigos. Havia uma cota para brasileiros limitada a 300 novas contas por dia.
Era o início da era de ouro da internet brasileira. O pontapé inicial para a chegada das redes sociais.
O Fotolog, com o perdão do trocadilho, era o retrato de uma época. Com a chegada em massa das câmeras digitais ao Brasil e os preços cada vez menores, tínhamos um lugar para exibir o nosso dia a dia e interagir com outras pessoas tão toscas quanto a gente.
Era muito mais limitado do que estamos acostumados a ver hoje em dia com o Instagram, o caçula das redes sociais de fotos.
No Fotolog.net, só podíamos postar uma foto por dia e receber apenas 10 comentários por foto. Se você quisesse aumentar os limites para 6 fotos por dia e 100 comentários, era preciso pagar o famigerado “Gold Cam”.
Por muito tempo, o Fotolog foi o lugar em que a gente perdia a vergonha de postar nossas fotos com uma legenda tosca, normalmente uma música ou algo escrito com aquela linguagem internética típica do início dos anos 2000.
Uma boa fase da minha vida estava registrada naquelas páginas sob a alcunha de /patodonald. Não que eu fosse fã do personagem da Disney. O nome surgiu por causa de uma piada interna com os amigos do ensino médio e na correria pra ser um dos 300 escolhidos do dia, coloquei a primeira coisa que apareceu na minha cabeça.
Todas as fases da minha vida, dos 17 aos 23 anos, podiam ser vistas sem censura naquele site.
Hoje, olhando para trás, realmente dá vergonha das coisas que postávamos. A gente cresce e fica meio bobo em relação a essas coisas, mas adolescência é pra isso mesmo. No final das contas, rendia boas risadas sobre aquela época.
Fico feliz que poucas pessoas do meu círculo de amizades atual tiveram acesso àquelas fotos. Especialmente minha namorada. Não sei se ela seria forte o bastante para aguentar o quanto o namoradinho se esforçava para passar vergonha na internet. E olha que eu me esforçava bastante.
Fica aqui a minha despedida póstuma a esse site que trouxe tantas alegrias e tristezas na nossa vida. Que nos deixava feliz por cada novo Friend/Follow ou empolgados por conseguir comentar entre os 100 primeiros na página da sua banda de hardcore favorita.
Não sei se o fotolog vai deixar saudades, mas vai ficar na lembrança com um certo carinho por boa parte das pessoas da minha idade.