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Atender bem pega bem!

Igor Azevedo
Medium Brasil
Published in
6 min readSep 9, 2015

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Quem nunca perdeu alguns minutos da vida (sim, da vida, porque esses minutos nunca mais voltam) tentando falar com uma Central de Atendimento ao Consumidor que atire a primeira pedra!

Bom, em uma simples tentativa de usar os pontos do programa de fidelidade da Vivo, o Vivo Valoriza, eu perdi aproximadamente 7 horas. Um transtorno e tanto. No momento que escrevo este texto, eu ouço a musiquinha que é um pesadelo para quem já precisou ligar para o *8486 ou o 1058. Essa ligação está para completar três horas (duas horas, quarenta e sete minutos e vinte segundos, para ser mais exato).

Comecei a minha peripécia às 14:57 no dia 08/09. Comecei ligando de um celular, esperei o menu eletrônico e teclei 9, para falar com um atendente, já que nenhuma das opções se enquadrava no atendimento que eu queria. Então começou aquela música relaxante – cof cof – e eu comecei a aguardar e agurdar e aguardar…

Passaram-se aproximadamente trinta minutos eu resolvi efetuar outra ligação de outro celular e tentar resolver o caso no aparelho que fosse atendido mais rápido. E como de praxe nesses casos, eu deixei os aparelhos no viva-voz e continuei meus afazeres. Nisso, TRÊS HORAS se passaram e a primeira ligação estranhamente "caiu" enquanto tocava a tal música. A segunda ligação estava com suas DUAS HORAS E MEIA e ainda nada de atendimento… Resolvi então efetuar outra ligação com o celular que a ligação havia caído.

O consumidor não terá a sua ligação finalizada pelo fornecedor antes da conclusão do atendimento.

(Decreto nº 6.523, de 31 de Julho de 2008. Art. 4º § 20)

Quando a segunda ligação estava para completar três horas, a atendente Valéria me atendeu! Logo, peguei o telefone que estava com a TERCEIRA ligação (aos 30 minutos aproximadamente), e desliguei, afinal havia sido atendido e teria minha solicitação atendida pela Valéria, certo? ERRADO! Depois de passado aquela conversa mecânica para informar os dados do titular da linha, etc, a Valéria perguntou em que ela poderia me ajudar. Informei que gostaria de usar os pontos do programa de fidelidade Vivo Valoriza para resgatar um pacote de dados de 1GB para a minha linha. A atendente pediu então que eu aguardasse, como sempre o fazem. Esperei alguns poucos minutos, comparado as horas ouvindo música e para minhas surpresa (ok, nem tanto), a ligação caiu. Mas logo em seguida (agora sim para minha surpresa de verdade), Valéria retornou a ligação informando que o sistema da Vivo não permitia que ela fizesse este tipo de procedimento, o mesmo procedimento que eu fiz com outra atendente há um mês. Questionei sobre a informação passada e falei que havia feito todo este processo há um mês. Ela então insistiu que nada poderia fazer. Então solicitei o protocolo de atendimento e ela me pasosu o número 29990833. Estranhei o formato do número e perguntei "mas os números dos protocolos da Vivo não começam com 2015?" e recebi a incrível resposta "o senhor quer saber mais do que eu?". Sim, uma patada veio pela linha telefônica. Pedi então que ela fosse mais educada pois em momento algum havia a tratado mal, e ela soltou "estou encerrando a ligação, senhor!" e maaaaaais uma vez, estava eu ouvindo música. Pelo menos dessa vez era uma música diferente, mais animada. Resolvi deixar a música tocar com o telefone no viva-voz, novamente, e alguns minutos depois, Valéria surgiu das sombras e disse "alô?!" então rapidamente eu respondi "oi, Valéria! Vou aguardar seu atendimento…" e em tom de deboche ouvi "ah tá ok!" e novamente lá estava eu ouvindo música. De tempos em tempos a atendente voltava à ligação com seu raivoso "alô?!" e quando ouvia minha voz, soltava a música de novo e de novo. Até que ela finalizou a ligação de vez.

O SAC obedecerá aos princípios da dignidade, boa-fé, transparência, eficiência, eficácia, celeridade e cordialidade.

(Decreto nº 6.523, de 31 de Julho de 2008. Art. 8º)

Revoltado com a atitude da atendente, que tava mais para Judith do que Valéria, eu resolvi ligar NOVAMENTE para o SAC da Vivo. Depois de duas horas e meia de ligação e de ter aprendido todos os acordes da música, eu resolvi ligar para a Anatel e abrir uma reclamação.

Frustrado com a prestação do serviço, liguei para a Agência Nacional de Telecomunicações, através do SAC da agência, o 1331. Expliquei o caso para a atendente e ela registrou o a reclamação e me informou o protocolo de atendimento e completou dizendo que a prestadora tinha 5 dias úteis para me retornar com uma solução. Fiquei me perguntando de que solução ela se referia, porque a solução que eu queria era apenas ser (bem) atendido.

Quando a ligação chegou ao número mágico de três horas, a mesma caiu. Então respirei fundo e disse a mim mesmo que faria uma última tentativa. Fiz todo aquele procedimento de ligar, teclar 9 no menu eletrônico e deixar o telefone no viva-voz. Jantei ouvindo a música que agora não sai mais da minha cabeça até que ao completar duas horas de ligação, resolvi escrever este texto. Às duas horas e cinquenta e três minutos, um atendente finalmente surgiu e perguntou no que poderia me ajudar. Esclareci, aguardei alguns segundos e por fim, consegui resgatar meu pacote no programa de fidelidade da operadora.

Pouco mais de oito minutos depois desta screenshot, a ligação caiu.

Depois de toda essa luta eu só consigo pensar "será que o consumidor brasileiro é tão trouxa assim, a ponto das prestadoras de serviços atendê-lo quando e como quiser? Como é feita a fiscalização por parte do Governo?". Por diversas vezes os jornais noticiam as falhas dos SACs (que não são poucas) e nada é feito para melhorá-los, pelo menos não ao meu ver como consumidor. O Procon por diversas vezes notifica e aplica multas às empresas, que recorrem na justiça e nada acontece. Afinal, como o consumidor deve agir para que se tenha um serviço de qualidade?

Aos que já sofreram em algum momento da vida com o atendimento ao consumidor, peço que compartilhem esta publicação com a tag #AtenderBemPegaBem. Vamos acabar com essa cultura de "ser descansado", de "empurrar as coisas com a barriga" e vamos exigir nossos direitos! Chega de pagar caro por serviços mal prestados! Infelizmente no setor de telecomunicação nós não temos muitas opções e o atendimento e serviço prestado é nivelado por baixo – medíocre. Por isso cada ação conta. Mexa-se e procure seus direitos.

Atualização em 09/09 às 11:45: Vale lembrar que muitas das vezes os serviços de SAC/Call Center são terceirizados e os funcionários não têm autonomia para resolver todos os problemas. No entanto, as prestadoras têm que prover um meio de contato no qual a gente possa efetivamente resolver todos os tipos de transtornos que o serviço pode apresentar.

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Igor Azevedo
Medium Brasil

Publicitário e futuro administrador. Apaixonado por tecnologia, viagens, séries, filmes, músicas e comida. 