Despencando no mundo.

Juliana Gallo
Medium Brasil
Published in
2 min readApr 18, 2015

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Certa vez li que a criatividade e os insights estão intimamente ligados com as distâncias que percorremos, com o quão longe estamos dispostos a irmos, a nos aventurarmos. E, apesar de acreditar piamente nisso, por muito tempo me mantive paradinha entre as mesmas quatro paredes que estavam servindo como uma verdadeira clausura para minha imaginação. E, considerando que nesse momento “o-que-faço-da-vida-oh-my-god” minha função era ser redatora publicitária, isso obviamente não era nada legal.

Eu sabia o que queria: muito mais do que cair no mundo, queria mesmo era despencar.

Nas últimas semanas tenho vivido esse sentimento de estar longe, de conhecer lugares novos e aquela sensação maravilhosa de modificar e evoluir os pensamentos, de maneiras que só uma experiência nova e impactante causa.

Outro dia, enquanto desfrutava as belezas que a Colômbia ainda timidamente oferece, conheci um dos pontos turísticos mais incríveis e inspiradores: Parque Nacional Natural Tayrona, um lugar que fez com que eu me sentisse meio Tarzan — até porque vi o que acho que posso chamar de cipós -. Ou, pensando melhor, meio Jane mesmo, porque né, sejamos sinceros sobre as habilidades para com o mundo selvagem.

Lá, os lagartos fazem mais barulho que qualquer outro animal, os macacos fazem algazarra no alto das árvores e tem até iguanas que aparentemente adoram ser fotografadas (juro que elas fazem até pose pra câmera!). Sem preguiça e esquecendo o calor, caminhei no “meio do mato” que cerca as mais lindas praias, e, de quebra, dormi em rede, num ambiente sem barulho de trânsito e sem nenhum mosquitinho zumbindo no ouvido — o que é quase inacreditável.

Longe de casa, de repente nem me importei com o cabelo sujo, os pés inchados ou a roupa imunda de suor, terra e sal. Nem me preocupei com a possibilidade de ser atacada por uma aranha gigante na calada da noite (talvez porque não tenha visto nenhuma no caminho into the wild). Longe de tudo, viajei na maionese me sentindo Indiana Jones (com bem menos glamour), pirei com as rochas enormes, circulares e estáticas, que me fizeram criar teorias mirabolantes sobre a gravidade ser seletiva, e, confesso, também imaginei o mundo sem ninguém, tomado pela natureza e pelas coisas bacanas que ainda não metemos a mão pra estragar.

E, bem, de repente tive ainda mais certeza que, entre os efeitos colaterais que a distância causa, a imaginação certamente faz parte da lista.

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