Não leia esse texto escutando The Smiths

10 anos de 500 dias com ela: o que mudou entre a primeira e a última vez que assisti ao filme?

Rafael Barbosa
Medium Brasil
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15 min readJul 19, 2019

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Na noite do dia 24 de dezembro de 2018, depois de encher a pança com arroz, farofa, lombo e batatas assadas, a única coisa que eu queria fazer era deitar na minha cama e esperar a digestão dessa maravilhosa ceia natalina.

O relógio ainda não havia marcado onze horas da noite. Depois de certa idade, preferimos a chegada do sono à do Papai Noel.

Já de madrugada, após levar a namorada em casa, liguei a televisão apenas pelo hábito e como no famoso livro de Charles Dickens — Um Conto de Natal — no melhor estilo Ebenezer Scrooge, tive um encontro com um espírito do passado.

A Globo exibia 500 Dias com Ela em uma sessão especial de natal.

A primeira coisa em que pensei foi como se deu o processo de escolha desse filme, já que a história não tem nada a ver com essa época do ano.

A segunda coisa em que pensei foi:

“A primeira e única vez em que eu assisti esse filme do início ao fim foi em 2010, logo após terminar um relacionamento de três anos e eu me identifiquei completamente com Tom Hansen. Será que eu ainda penso da mesma forma”?

Parece até a formulação de uma hipótese que gera todo o trabalho de pesquisa de um TCC, mas era apenas um devaneio em plena madrugada de natal.

Criei coragem, ajeitei o corpo confortavelmente em minha cama e resolvi encarar esse encontro com o Rafael de quase dez anos atrás.

Hoje, dois dias depois do filme completar 10 anos da sua estreia, resolvi publicar esse texto que comecei a escrever naquela madrugada, aproveitando a oportunidade para analisar como eu interpretei o filme na época do meu término e como eu o vejo agora.

500 dias com ela e a síndrome do cara legal sacaneado pela mulher perfeita

Digito essas palavras com um pouco de vergonha, pois na época esse era o meu pensamento em relação à história do filme e a vida em si.

Chamo de síndrome pois esse era um pensamento vigente na minha bolha de amizades no saudoso ano de 2010.

Não sei o que outras pessoas que não se encaixavam no padrão “hétero, branco, consumidor de cultura pop e filmes cult” pensavam em relação a esse filme.

E aqui vale dizer que esse pensamento se aplica tanto a homens quanto mulheres.

Homens na esmagadora maioria.

Será que o destino de todos os caras legais era se apaixonar por uma garota incrível, para no final ser trocado como uma camiseta suja na máquina de lavar?

Nós que nos esforçamos tanto fazendo referências à cultura pop, preferimos vinil à mp3 e acreditamos no felizes para sempre estávamos fadados a nunca encontrar alguém?

Com um pensamento desses, só havia uma interpretação para o filme: a Summer (Zooey Deschannel) era a verdadeira vilã.

Iludiu o Tom, criou expectativas, fingiu gostar do nosso herói, para no final trocá-lo por um cara aleatório que ela encontrou em alguma livraria.

Eu provavelmente vi o filme com a legenda errada, pois assistindo novamente a história é completamente diferente.

Ou então eu senti o peso de quase 10 anos de experiências de vida, maturidade, desconstrução de certos pensamentos e estereótipos que faziam sentido na cabeça de um cara que, assim como o Tom, exigia que as outras pessoas correspondessem às suas expectativas.

Eu precisei de quase dez anos para entender essa parte da história.

O filme se trata, basicamente, das expectativas que Tom cria em torno de uma pessoa e um relacionamento no qual ela nunca tratou abertamente como algo “sério”.

Como o filme se passa pelo ponto de vista do personagem masculino, é através da visão que ele tem desse relacionamento que somos conduzidos pela história.

Ou seja, como na maioria das histórias de namoros que não deram certo, acabamos escutando somente um dos lados — normalmente o do seu amigo/amiga — que nem sempre pode ser confiável, já que é completamente parcial.

Uma coisa que não percebi da primeira vez que assisti (dado o contexto da minha situação à época, eu já comecei o filme fechado para qualquer outro ponto de vista que não fosse o do personagem principal) é que em vários momentos da história a Summer diz que não quer nada sério, seja relacionamentos em geral ou esse específico com Tom.

A primeira vez que Summer diz o que pensa sobre relacionamentos se passa na sequência do Karaokê, quando McKenzie e Tom começam um interrogatório.

M: Você tem namorado?

S: Não.

M: Por que não?

S: Porque eu não quero.

M: Qual é… eu não acredito nisso.

S: Não acredita que uma mulher goste de ser livre e independente?

M: Você é lésbica?

S: Não, eu não sou lésbica. Eu só não fico a vontade sendo namorada de alguém. Na verdade eu não fico à vontade em ser nada de ninguém, sabe?

M: Não sei do que você tá falando.

S: Sério?

M: Não.

S: Tá. Deixa eu explicar pra você.

M: Me explica.

S: Eu gosto de ficar sozinha. Relacionamentos são uma fria e as pessoas acabam se machucando. Quem precisa disso? Somos jovens e moramos em uma das cidades mais bonitas do mundo. A gente tem que se divertir enquanto pode e deixar as coisas sérias pra depois.

M: Minha nossa, você é homem. Cara, ela é homem.

T: Tá, mas espera ai. O que acontece se você se apaixonar?

S: (risada) Ah, você não acredita nisso, né?

T: É amor, não é Papai Noel.

S: O que significa essa palavra? Eu já tive alguns relacionamentos e eu acho que eu nunca amei. E muitos casamentos terminam em divórcio hoje em dia. Como o dos meus pais.

T: Tá, o dos meus também.

M: Tom, eu acho que a moça protesta demais.

S: A moça não protesta. Não existe essa coisa de amor. É uma fantasia.

T: Acho que tá enganada.

S: Bom, tá legal. Então o que é que eu não to vendo?

T: Vai saber quando sentir.

S: Acho que não podemos concordar para discordar.

T: É.

Em seguida ele canta Here Comes Your Man dos Pixies.

A sequência termina com a já clássica cena do cara legal hesitando em beijar a garota dos seus sonhos no momento certo e “perdendo a oportunidade”, para ficar se lamentando sozinho no quarto escuro.

Todo homem que cresceu se achando “o cara legal que nunca fica com a garota dos sonhos” já passou por isso. E coloca a culpa em todas as coisas, menos em sua incapacidade de tomar uma atitude.

Em outra cena, na loja de móveis, Summer diz abertamente através desse diálogo:

S: Eu não estou querendo nada sério. Tudo bem pra você?

T: Tudo.

S: Porque tem gente que fica nervosa quando ouve isso.

T: É, eu não.

S: Tem certeza?

T: Tenho. É uma coisa casual. Pegar leve, né?

S: Isso. Sempre assim.

O diálogo termina com Tom fazendo uma cara meio desanimada e os dois saem andando pela loja.

Summer pega na mão de Tom, que hesita e fica surpreso com o gesto, quando a câmera corta para uma frase na parede:

Não fazemos qualidade fantasiosa. Fazemos qualidade verdadeira todos os dias.

Alguns minutos depois, o roteiro nos mostra novamente que todas as expectativas sobre o “relacionamento” são por parte de Tom.

É a primeira vez em que estamos “no mundo” de Summer, em seu apartamento. Depois de 30 minutos de filme.

O narrador diz que o muro que existia entre os dois, que impedia Summer de se abrir, finalmente começa a cair.

Em seguida ela conta uma história e termina com “Eu nunca contei isso pra ninguém”.

Nesse momento, Tom acredita que o que eles tem é algo sério. Para logo em seguida, mostrar um diálogo entre ele e seus amigos que perguntam se os dois estão namorando.

Tom diz que é complicado. São adultos. Não precisam rotular o que têm.

Nem ele acredita no que diz, graças a boa interpretação do Joseph Gordon-Levitt, que na cena seguinte vai se aconselhar com a irmã de 12 anos sobre como abordar o assunto com Summer.

Em uma das melhores atuações da carreira de Chloë Grace Moretz, ela diz:

“Bom, tá na cara. E se ficar com medo, vai receber uma resposta que não quer que vai acabar com todas as ilusões do quanto foram legais os últimos meses”.

Até a irmã de 12 anos do personagem já entendeu a história, mas o Rafael de 2010, com 24 anos nas costas, foi incapaz de perceber.

Outra cena que joga na nossa cara o quanto Summer nunca se comprometeu com esse relacionamento, acontece no carro enquanto Tom dirige pela cidade.

Mais uma vez, de forma literal.

T: Summer, eu quero te perguntar uma coisa.

S: O quê?

T: O que nós… o que estamos fazendo?

S: Ué, a gente não tá indo ao cinema?

T: É, quer dizer… o que a gente… o que tá rolando aqui com a gente?

S: Sei lá. O que importa? Eu to feliz, você não tá feliz?

T: Tô.

S: Ótimo.

Depois fica um climão que só o Tom não percebe, mas eu senti como se fosse algo quase físico.

Em mais uma cena que comprova que o relacionamento só existia na cabeça de Tom, acompanhamos a primeira briga de “casal”, logo após a troca de socos no bar.

T: Eu não vou a lugar nenhum até você me dizer o que está acontecendo.

S: Não tá acontecendo nada. A gente…

T: O quê? A gente o quê?

S: Somos só amigos.

T: Não! Não me venha com essa. Não… mas nem tenta. Não é assim que você trata os seus amigos. Beijo na sala de cópias? Ficar de mãos dadas? Sexo no banheiro? Qualé! Amigos o caramba!

S: Eu gosto de você, Tom. Só que eu não quero um relacionamento.

T: Olha não é só você que tem que falar, tá? Eu também tenho. E eu digo que somos um casal, droga!

É a terceira vez que Summer diz que não considera a relação deles algo sério. Que ela não quer um relacionamento.

Tom sai do apartamento fazendo um showzinho e logo em seguida, corta para ele em sua casa quando Summer bate à sua porta, molhada de chuva, para dizer o seguinte:

S: Eu não devia ter feito aquilo.

T: Feito o quê?

S: Ficado brava com você. Desculpa.

T: Olha, nós não precisamos rotular isso. Tudo bem, eu entendo. Mas é que eu preciso de uma certa segurança.

S: Eu sei.

T: Como eu vou saber que não vai acordar de manhã e pensar diferente?

S: Eu não posso fazer promessas. Ninguém pode.

A sequência termina com os dois fazendo as pazes e logo em seguida mostra Summer contando sobre seus ex-namorados.

Quando Tom pergunta o que aconteceu, por que não deram certo, Summer responde:

- O que sempre acontece. A vida.

Esse talvez seja o grande diálogo do filme.

Summer consegue resumir basicamente o motivo de 99,9% dos términos de relacionamentos: a vida aconteceu.

Mas o filme não para por ai e alguns minutos depois, nos deparamos com a cena em que Tom muda completamente seu pensamento e começa um monólogo sobre tudo o que ele odeia em Summer.

Basicamente, são todas as coisas que ele dizia amar no início do relacionamento.

Avançando mais alguns minutos no filme, Tom tem o seu primeiro encontro pós-Summer.

Como era de se esperar, o clássico caso da pessoa que acabou de sair de um relacionamento mas ainda tem muito o que lidar sobre o assunto e só consegue falar na ex.

Allison, a garota do encontro, em um determinado momento faz três perguntas a Tom:

- Ela te traiu?

Tom responde não.

- Ela tirou vantagem de você de alguma maneira?

Tom também responde que não.

- Ela te disse de início que não queria um namorado?

Tom responde com um SIM.

E mesmo assim ele não percebe o que aconteceu.

Seguindo a vida como todos nós fazemos, Tom um dia embarca em um trem indo para o casamento de uma amiga.

A vida muitas vezes inspira a arte, mais até que o contrário. E sempre tem aquele tipo de coincidência que acontece para testar se já superamos ou não determinados assuntos ou pessoas.

Como não poderia deixar de ser, Summer está no mesmo trem.

A forma como Tom age é exatamente aquela que se espera nesse tipo de situação.

Digo isso pois já passei pela mesma situação e, se você ainda não encontrou a pessoa após um término, quando isso acontece você não sabe como agir.

Não sabe se quer que aquela pessoa te veja e converse com você ou se deixa pra lá.

É um misto de desespero com alegria, caso você ainda sinta algo.

Tom tenta se esconder, mas ela percebe e se aproxima para conversar.

No meio daquele climão de pessoas que já transaram e de repente parecem estranhos, Summer convida Tom para um café no trem. Ele aceita, claro.

E o filme mostra uma sequência de acontecimentos entre essa conversa e o casamento da amiga em que Tom “relembra” os bons tempos, quando tudo era mais bonito e colorido com Summer.

Até a paleta de cores do filme nessa hora fica mais quente.

Para deixar tudo ainda melhor, é Summer quem pega o buquê de flores da noiva.

Nesse momento tem uma cena com um diálogo muito importante que passou batido por mim a primeira vez que assisti ao filme e também passou batido pelo Tom, pelo visto.

Enquanto dançam juntos, Summer fala para Tom que vai dar uma festa. Ela diz exatamente com essas palavras:

- Estava pensando… talvez fosse dar uma festa na sexta. No nosso telhado, que tem tipo um jardim bonito. Se quiser ir.

Tom estava tão tomado pelo retorno daqueles sentimentos bons que não prestou atenção na parte “NO NOSSO TELHADO”.

Essa frase jogada assim, na nossa cara, é importante para uma das melhores cenas do filme: a famosa expectativa x realidade.

Entra a narração em off mais uma vez reforçando que era Tom quem sempre tinha expectativas altas demais quando se tratava de Summer.

- Tom andou até o apartamento dela, intoxicado pela promessa da noite. Ele acreditava que dessa vez suas expectativas iriam se alinhar com a realidade.

A tela se divide em duas, do lado esquerdo a expectativa e do lado direito a realidade.

Do lado esquerdo uma noite perfeita. Com Summer dando um beijo com segundas intenções, dizendo que ele está bonito e dando olhares que sugerem algo mais.

Todas as reações de Summer no lado esquerdo da tela dão a entender que a noite seria de amor para Tom.

Conversam, flertam e no final eles se beijam como nos velhos tempos.

Do lado direito da tela a realidade.

Com Summer dando um abraço sem jeito, perguntando se está tudo bem com ele e convidando para entrar.

Toda a linguagem corporal dela diz que Tom é apenas um grande amigo.

Uma das amigas de Summer pergunta com o que Tom trabalha, ele diz que escreve cartões de comemorações.

Summer diz que ele poderia ser um arquiteto se quisesse, enquanto a amiga questiona porque a mudança brusca de área.

- Por que fazer algo descartável como um prédio quando se pode fazer algo que dure para sempre como um cartão?

Summer olha para ele com um misto de dó e pena.

Sozinho, com uma dose de vodca na mão, ele finalmente percebe sobre o que se trata aquela festa.

Summer mostra o anel para uma amiga. Vai se casar e não é com ele.

Esse talvez seja o choque de realidade que ele precisasse para entender que sempre teve expectativas demais por algo que era só da sua parte.

Em uma reunião de trabalho, Tom finalmente tem um estalo de que ele é o único culpado pelas suas altas expectativas criadas a partir de alguém que cresceu acreditando que o amor é igual aos filmes e cultura pop em geral.

Mas não é.

Em mais uma conversa com sua irmã mais nova, ela mostra quem realmente é o adulto dessa família.

- Tom, olha, eu sei que você acha que ela era a mulher certa, mas eu não acho. Acho que você só está lembrando as coisas boas. Da próxima vez que você se lembrar, eu acho que você deveria rever tudo.

E relembrando, Tom percebe que nem tudo era perfeito. Que o relacionamento dos dois sempre teve coisas boas e coisas ruins, mas ele só conseguia se apegar às boas.

Quem já terminou um namoro sabe que isso é um fato. Tentamos entender o que aconteceu já que tudo era tão perfeito.

Nossa memória se apega a todos os bons momentos, ignorando os ruins que talvez tenham sido muito mais fortes e levaram por esse caminho.

Tom finalmente dá espaço para as memórias ruins, dos momentos em que ficava claro que Summer não estava tão interessada quanto ele.

E aí chegamos ao final do filme, com uma cena que até hoje me parte o coração ao assistir, porque por mais que eu esteja escrevendo esse texto cheio de pensamentos “desconstruídos”, ainda dói demais a sensação de escutar de alguém que você amou que ela nunca teve certeza se sentiu o mesmo por você.

Alguns tempo depois, Tom e Summer se reencontram no mesmo lugar em que eles se sentaram para ver os arranha-céus da cidade.

Summer casada e Tom finalmente se dedicando à arquitetura, sua verdadeira paixão.

Essa é a primeira vez que eles se encontram desde que Tom descobriu que Summer iria se casar e, é claro, ainda existe alguma mágoa por parte dele, que ela reconhece e por isso nunca tentou procurá-lo.

Ela pergunta se ele está bem e ele diz que vai ficar, em algum momento, ou não.

Tom finalmente aborda a questão:

T: Você deveria ter me contado. Quando estávamos no casamento, dançando.

S: Ele não tinha pedido ainda.

T: Mas ele estava na sua vida. Então por que dançou comigo?

S: Porque eu quis.

T: Você só faz o que quer, não é?

S: …

T: Não queria ser a namorada de ninguém e agora é a esposa de alguém.

S: Me surpreendeu também.

T: Acho que nunca vou entender. Quer dizer, não faz sentido.

S: Apenas aconteceu.

T: É, mas é isso que não entendo. O que “apenas aconteceu”?

S: Eu só… só acordei um dia e soube.

T: Soube o quê?

S: O que eu nunca tive certeza com você.

Só de escrever essa última frase eu já fico triste.

Ela retoma uma frase lá da cena do karaokê, quando Summer diz que não acredita no amor e Tom responde que ela vai saber o que é amor quando sentir.

Por mais racional que tentemos ser, é difícil controlar certas coisas, entre elas as expectativas e o amor.

A conversa continua com Tom chorando.

T: Sabe o que é uma droga? Perceber que tudo em que você acredita é mentira. É uma droga.

S: O que quer dizer?

T: Ah, você sabe. Destino, almas gêmeas, amor verdadeiro e todos aqueles contos de fadas infantis. Besteira. Você estava certa e eu deveria ter te escutado.

S: Não.

T: Sim, por que está sorrindo?

S: Tom…

T: O quê? Por que está me olhando assim?

S: Bom, sabe, eu acho que é porque estava sentada numa doceria lendo Dorian Gray e um cara chega pra mim e me pergunta sobre o livro e agora ele é meu marido.

T: É? E daí?

S: E daí que se eu tivesse ido ao cinema? E se eu tivesse ido almoçar em outro lugar? Se tivesse chegado 10 minutos mais tarde? Era… era pra ser. E eu só ficava pensando Tom estava certo.

T: Não…

S: Sim, eu fiquei. Você só não estava certo sobre mim.

Depois de colocar pra fora, discutir o assunto com Summer, finalmente muda a estação e Tom conhece Autumn (outono).

talvez seja um pouco difícil não criar expectativas olhando pra Zooey Deschannel

Conclusão

Assistindo novamente, eu tenho vergonha de ter interpretado o filme da maneira que fiz em 2010.

É claro que passei anos acreditando que Summer era uma “vadia” por ter feito o coração de Tom em pedaços.

É claro que eu sempre me coloquei no lugar dele, me achando digno demais do amor que uma pessoa insistia em não corresponder.

É claro que eu estava completamente equivocado.

Eu demorei a entender que somos os únicos responsáveis pelas nossas expectativas e jamais devemos depositá-las nas costas de outra pessoa.

O amor não é algo que você consegue obrigar alguém a sentir. Ele acontece e muitas vezes é aprimorado ao longo do tempo.

Talvez ele já esteja ali e só precisa de um incentivo a mais para desabrochar.

Muitas vezes você pode amar alguém e não sentir vontade de ter um relacionamento com aquela pessoa.

Ou talvez não ter um relacionamento sério, como diz o jovem de hoje em dia, querendo se relacionar com outras pessoas.

Por isso é importante conversar e alinhar as expectativas.

No caso do filme, Summer disse em várias oportunidades que não queria algo sério com Tom.

Ele, ao contrário, acreditou que poderia despertar essa vontade nela, depositando todas as suas expectativas em um relacionamento que só existia na cabeça dele.

Existem certos sentimentos que simplesmente acontecem, da mesma forma que Summer disse que acordou um dia e soube que amava alguém, algo que ela nunca teve certeza com Tom.

O filme continua excelente dez anos depois da sua estreia.

O que mudou foi a minha cabeça. E foi muito bom fazer esse exercício de revisitar um filme que sempre dividiu opiniões entre quem se sentia o Tom e quem se sentia a Summer.

Não sei o que eu pensaria se estivesse assistindo o filme hoje pela primeira vez. Mas fico muito feliz em saber que pelo menos mudei minha cabeça de 2010 pra cá.

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Rafael Barbosa
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Eu escrevo. Às vezes sai algo legal. Insta: @rafabarbosa