O dia H
PT decide hoje se tira Haddad da reserva ou se perde por W.O.
Antes de mais nada, já deixo claro que aqui eu vou tratar de fatos, e não de opinião pessoal. O fato é que Lula hoje está inelegível e, portanto, fora da eleição.
As eleições 2018 chegam a uma fase crucial: daqui a 4 domingos, teremos o primeiro turno e o afunilamento das candidaturas. De 13 candidatos registrados, um está na UTI após um grave atentado, outro jejua em um monte e um está preso. Nada mais Brasil do que isso.
Nesta terça (11), expira o prazo que o TSE deu ao PT para indicar um novo candidato à Presidência, depois da impugnação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — considerado ficha-suja por ter condenação em 2ª instância. Na tentativa de manter a narrativa de que Lula é um preso político e perseguido pela Justiça, o Partido dos Trabalhadores vai esticando a corda muito mais do que pode: em vez de fazer a troca de candidato e tentar transferir o máximo possível de votos, o PT força a barra com recursos que o mundo inteiro sabe que serão prontamente negados.
O mais provável é que Fernando Haddad seja alçado à cabeça de chapa, com Manuela D’ávila herdando a vaga de vice-presidente. A imprensa especula que setores do PT estariam “fritando” Haddad antes mesmo de sua saída do banco de reservas. Chegou-se a dizer que Gleisi Hoffmann e Jacques Wagner estariam cotados para encabeçar a coligação O povo feliz de novo, o que não faz sentido em nenhum universo: Gleisi é candidata a deputada federal, para “puxar” votos ao PT-PR e tentar formar uma grande bancada na Câmara, e Wagner tem grandes chances de ser eleito senador pela Bahia. Mais do que nunca, é Haddad ou nada.
Os recursos ao Comitê de Direitos Humanos da ONU podem até produzir liminares, mas o Judiciário já deixou claro que nenhum deles vai tirar Lula da cadeia agora ou recolocá-lo na disputa. Haddad perdeu três debates na televisão, já que inscrito como vice, não pode representar Lula. O tempo está passando e cada dia de campanha — inclusive no rádio e TV — vale muito. A última pesquisa Datafolha mostra que mesmo com tudo pra dar errado, o ex-prefeito de São Paulo mais que dobrou sua intenção de voto e já está em empate técnico com o segundo lugar.
Partindo do princípio que uma vaga no segundo turno já seria de Bolsonaro, cada voto dentre os que se identificam como centro-esquerda e esquerda conta. O apoio formal de Lula a uma candidatura Haddad e a presença em debates podem mudar bastante o panorama: basta o PT querer, e não arrebentar a corda. A hora de errar já passou. A eleição depende muito das decisões de hoje, 11 de setembro: o dia H.