Quase todos os jovens tentam ser como os fotógrafos de Instagram que propagam o estilo como o mais cool dos últimos tempos. Ressurge então o dilema do underground que se torna mainstream.

O Dilema Hipster

Quando descobri o indie rock dos anos 2000, no começo da minha adolescência, foi amor à primeira vista. Eu me lembro que mesmo antes de ouvir The Strokes já tinha aquele som simples, sincero e eufórico do Is This It na cabeça, planejando que seria assim um gênero que eu criasse. Mas os garotos de New York chegaram primeiro.

Na época já estavam estabelecidas a maioria das bandas de indie rock que permanecem como referências no assunto, porém elas não costumavam ser muito populares — e nem precisavam ser, afinal, a ideologia indie era a do underground, fazer barulho na garagem e ser independente da grande e escravizadora indústria musical, o que, obviamente, não ajudava a propagar o gênero.

O estereótipo do sujeito indie era de alguém com cabelo estilo anos 60 bagunçado, roupas também retrô, metido à alcoólatra, bipolar, culto, britânico e que só era realmente fã de bandas que ninguém mais conhecia. A diferença de lá para cá é que alguém assim não era visto como descolado e moderninho, era apenas chamado de “um emo com dois olhos”. Ninguém que eu conhecia gostava daquela música, para deleite dos seguidores do estilo.

Mas o tempo passou e, assim como aconteceu com praticamente todos os segmentos musicais que tinham em seu cerne o repúdio ao mundo pop, a ideologia indie ganhou uma nova roupagem e se tornou mania. Popularizou-se o termo e a moda hipster, que nada mais é que a base do velho indie com algumas atualizações e mais pompa. Apesar de ficar em segundo plano devido ao grande foco ser no visual, a trilha sonora permanece. E qual não foi a minha surpresa ao perceber que de repente a vertente da música que havia marcado o início da década passada era mais popular que nunca…

Todos sabem que o hype de hoje é o hipster. Quase todos os jovens (e alguns nem tão jovens) tentam ser como ou ao menos parecer um pouquinho com os modelos, músicos ou simples fotógrafos de Instagram europeus que propagam o estilo como o mais cool dos últimos tempos. E até entre quem não sabe e nem quer saber o que são os hipsters, só se vê undercuts genéricos com filtros retrô. E eis que ressurge o famoso e calejado dilema do underground-mainstream.

O hipster não segue a moda, mas a moda segue o hipster. Como manter uma filosofia que vai contra o popular quando justamente essa atitude é o popular? Simples, é só negar eternamente — “eu, hipster? Não! Eu não sou de seguir modismos…”

--

--

Alexis DG
Medium Brasil

Um outro ponto de vista sobre as mesmas coisas. Ou seria o contrário?