Passado Assombrado — Reino de Fantasmas. No caso da imagem, é um jogo, mas também pode ser a sua vida.

O passado amoroso da pessoa com quem nos relacionamos importa? Por quê?

ou: a incômoda dúvida entre a posição confortável de fazer o papel de uma pessoa moderna, politicamente correta, que respeita o espaço do outro e tem empatia pelas diferenças ou ser alguém estoicamente prático, observar as pistas deixadas pela razão e evitar uma série de problemas que se ignorados, podem tornar sua vida um verdadeiro inferno de infelicidade

Odemilson Louzada Junior
Medium Brasil
Published in
3 min readDec 8, 2018

--

O passado amoroso da pessoa com quem nos relacionamos importa? Sim, importa. Entretanto, não necessariamente pelas razões mais óbvias que possam vir de chofre à sua mente ao ler isso.

Com esse propósito, convido o leitor a observar a questão da seguinte forma: ninguém, nenhum de nós aqui nesse mundo é uma folha em branco. Somos todos a resultante do conjunto de nossas experiências, de nossos traumas, da criação que recebemos, do background social e cultural em que fomos criados e onde vivemos, enfim… Ninguém chega para se relacionar com outra pessoa como um produto novo, recém-saído da embalagem.

Nesse pacote de experiências de vida também estão incluídas as experiências amorosas, que são uma importante parcela contribuinte para nos tornar quem de fato somos. Dito isso, há 2 maneiras de abordar sua pergunta:

A primeira— Se o relacionamento que se inicia é um envolvimento ou compromisso sério: normalmente quem inicia uma relação desse tipo deposita uma grande esperança de que ela vá ser a definitiva, que seja bem-sucedida e que se transforme no início de uma família, ou ao menos de uma história de felicidade. Para esse tipo de expectativa, não me parece necessário que um cônjuge conheça nos mínimos detalhes todos os parceiros ou aventuras prévias do outro. Porém, é de fundamental importância que os envolvidos saibam, conheçam e entendam quais os efeitos e resultados que essa vida pregressa da pessoa amada deixaram como herança para ela, enquanto ser humano. As mágoas que sofreu, as traições que cometeu e/ou de que foi vítima, as violências feitas ou sofridas, tudo isso importa. Quando você olha as cicatrizes na pele de uma pessoa, elas contam uma história, facilmente interpretável para quem conhece o assunto. Já as cicatrizes emocionais, no mais das vezes invisíveis aos olhos, só contarão histórias se forem conhecidas. E conhecimento do outro, diálogo e parceria são condições absolutamente fundamentais para o sucesso de qualquer relacionamento mais sério e comprometido. Não é necessário saber dos detalhes do passado da pessoa com quem você se relaciona. Mas é fundamental saber em que tipo de pessoa esses detalhes a transformaram no decorrer da vida, até chegar a você. E claro, o mesmo vale de você para a outra pessoa.

A segunda — Se o relacionamento que se inicia é menos sério, é descompromissado, sem pressões: Não ha tanta necessidade de conhecer o que o passado da outra pessoa trouxe para sua vida atual; basta apenas que você detecte os sinais (o mais precocemente possível) de que a pessoa possa ser um doido(a) completo, um caso perdido, uma chave-de-cadeia, alguém completamente desequilibrado(a), com eventuais tendências sócio ou psicopáticas. Estando a pessoa dentro de um nível aceitável de normalidade, compatível com o que você considera normalidade, há espaço de manobra suficiente para que se aproveite a relação sem tanta preocupação com o passado da pessoa, até que esse envolvimento se acabe ou evolua a ponto de vocês desejarem elevar o status de seriedade do arranjo.

--

--

Odemilson Louzada Junior
Medium Brasil

Desde 1974 driblando a lei de Murphy. Conseguindo na maioria das vezes.