A Concorrência Não é o Problema
Você deve temer a várias coisas. A concorrência não é uma delas.
Faz um ano que eu e a Carol decidimos que iríamos deixar de fazer da fotografia apenas um hobby e fazer dela um negócio.
Estamos localizados numa cidadezinha do extremo sul do Brasil que viu seus poucos mais de 200 mil habitantes dobrarem em quantidade nos últimos anos. O cenário fotográfico era dominado por alguns pequenos estúdios “faz tudo” — Sim, esses mesmos, os que fazem caneca, camisa, tira xerox, vende quadro e quando sobra um tempo, tiram foto — e por alguns poucos fotógrafos.
Acontece que nos últimos anos explodiu o número de fotógrafos freelancers. Gente que trabalha de casa, não tem custo com estúdio, funcionário, imposto etc, que barateou o serviço e abriu um leque maior de possibilidades para o consumidor.
Há alguns meses um dos fotógrafos mais antigos sentiu que o mercado fotográfico da cidade estava ameaçado e criou um grupo no Facebook, convidou vários outras colegas da área com o objetivo de tabelar o preço dos principais serviços. Depois de algumas lamentações e várias acusações, o grupo foi deletado — graças a Deus — mas deixou um elefante na sala: “e a concorrência, comé que faz?”
A concorrência pode ser muitas coisas, mas não é o problema. O concorrente é o atestado de que existe um mercado pra trampar e fazer o seu próprio caminho. Não há com o que se preocupar, há espaço para todos.
Eu tenho alguns pares de tênis, alguns eletrônicos, poucas calças jeans, uma boa quantidade de meias e todas são de marcas diferentes que disputam um mesmo mercado. O lance é, eu comprei essas coisas e algo na marca me motivou a isso.
Gente fazendo um bom trabalho só faz melhorar o mercado em que estão inseridos, não piorar.
Se a concorrência não é o problema, então quem é?
Um Péssimo Produto é o Problema
Você pode ter anos de estrada e ter conquistado uma boa posição no mercado, mas se não há um bom produto, então não há muito o que fazer.
Antes de mais nada, busque ter um produto excelente.
Design Ruim é o Problema
No momento somos uma pequena empresa, com recursos limitados, mas isso nunca foi desculpa pra sermos displicentes com a imagem que pretendemos passar.
Como eles dizem, “tudo é design”. A logo, o site, a caixinha que entregamos nosso trabalho, a carta de agradecimento perfumada, o foto no Instagram, o textinho escrito pra acompanhar o post no facebook, o vídeo, o email, tudo é pensado cuidadosamente pra ser esteticamente atraente. Nada é feito ao acaso, jogado ao ar na esperança de que renda resultados positivos.
Não Vender é o Problema
Se suas vendas não crescem, o dinheiro não entra. Se o dinheiro não entra, o seu negocio afunda. Simples assim.
Muitos dos profissionais de fotografia acham que seus negócios vão se vender apenas com boas fotos. Não vão!
Na verdade há uma relação de interdependência entre a venda, o produto e o design. Não adianta ter um bom produto e uma marca atraente se você não sabe vender. De igual maneira, será muito difícil vender uma marca fraca e um péssimo produto.
Não se esqueça, não existe negócio sem dinheiro. Não existe dinheiro sem venda.
Falta de Foco é o Problema
Antes de a Carolina Ferreira trabalhar no estúdio, antes de termos um negócio juntos, ela meio que fazia todo tipo de trabalho. Casamento, batizado, festa, culto, formatura, tudo. (Não dá pra julgar alguém que precisa de grana, não é mesmo?).
Quando iniciamos o nosso próprio negócio eu disse pra ela “Quem faz de tudo na verdade não faz nada muito bem. Esquece isso tudo, vamos focar em apenas uma área”. A partir daí nos concentramos em ser excelentes em apenas uma coisa.
Você não precisa abraçar o mundo com as pernas, provavelmente você não será bom nisso. Tente focar naquilo em que você é excelente e seja o melhor no que você faz. Quando as pessoas procuram alguém pra executar uma tarefa, elas querem o melhor naquela tarefa e não um mediano em todas as tarefas.
Um Péssimo Atendimento ao Cliente é o Problema
Tá aqui o que considero o ponto forte do nosso negócio. Nossos maiores concorrentes são estúdios “faz tudo” que pegam uma boa fatia do mercado. A Carol trabalhou num desses lugares e lá a coisa era meio fordista, saca? Muita gente, pouco capricho. O atendimento era ruim. Um cliente entrando na loja significava apenas uma chance de bater metas de vendas, só isso.
Nós, porém, somos mais lentos, buscamos olhar no olho, ouvir as histórias das pessoas, saber um pouco de seus gostos, conhecer um pouco de suas famílias, afim de realizar um trabalho mais personalizado possível.
Nosso negócio não é apenas entregar um produto e receber o dinheiro do cliente. Nós buscamos construir juntos com eles algo que tenha valor e não somente preço. Queremos sentir orgulho do resultado final.
Além de uma marca, nós somos um rosto que se vê, uma mão que se toca.
Olhar Para Os Lados é o Problema
É difícil resistir à tentação de estar de olho no que o seu concorrente anda fazendo. É óbvio que precisamos estar de olho nas movimentação da nosso setor de atuação, mas isso não pode ser tornar uma obsessão. É muito fácil sentir que seus concorrentes estão “te vencendo” quando a janela que se olha são as redes sociais da marca deles.
Assim como você, eles também só postam os resultados positivos, as coisas que enchem os olhos.
Quando olhamos para o que todo mundo está fazendo deixamos de olhar pra nós mesmos. Não foque neles, concentre-se no seu trabalho.
Nossos maiores problemas são resolvidos internamente. Uma boa olhada no próprio umbigo é fundamental para quem pretende realizar algo que realmente tenha valor.
Não se preocupe, há espaço para todos.
