Alex Atala no Festival de Curitiba

Sobre melhorar nossas relações. Inclusive com a comida

Elson Jr.
Medium Brasil
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2 min readMar 28, 2015

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“É fato: todos os filés de frango que já comemos são provenientes de galinhas mortas.”

Coma carne ou não, essa é uma reflexão do Alex Atala, um dos maiores chefs do Brasil e dono do 7º melhor restaurante do mundo, que falou no Festival de Curitiba 2015 sobre como podemos melhorar nossa relação com a comida.

Post descoladão da prefeitura no Facebook.

Todo mundo sabe que Curitiba é uma das cidades mais legais do Brasil, por que é referência em mobilidade urbana e também por que tem a melhor página de Facebook que uma prefeitura poderia ter. E nas comemorações do aniversário da cidade acontecem várias coisas relacionadas à cultura, inclusive o que eles chamam de quermesse de alta gastronomia.

Num evento muito bem organizado ao lado do museu Oscar Niemeyer, o que o Alex Atala quis dizer é que se relacionar melhor com a comida pode mudar a forma como a gente entende nossa dieta. É preciso aproveitar tudo. A canja de galinha está gostosa? Ela pode ter sido feita com pés, pescoço e outras partes menos nobres do frango, o pobre coitado. O molho de camarão deu certo? Talvez ele tenha sido feito com rabo e a cabeça do bicho, partes que geralmente não comemos.

“Fiquei surpreso o dia que um cliente reclamou de ter encontrado pés na galinhada que eu faço. Disse pra ele fazer as contas: para cada dois pés, a galinhada ainda tinha duas coxas. Incrível, não?”

E isso tem muito a ver com a comida japonesa e seu peixe cru, que torcia o nariz de muita gente há uns 15 anos no Brasil e hoje já tem ótima popularidade. Nossa relação com o peixe cru mudou.

A nossa opinião sobre as coisas está intimamente ligada à relação que temos com elas. Entender isso é o primeiro passo para que haja empenho em melhorar nossas relações; seja com a comida, as pessoas e até as marcas. A gastronomia brasileira tem evoluído mas ainda é pouco reconhecida como um patrimônio cultural, a ponto de pratos tipicamente brasileiros serem confundidos como vindos de outros países, como o caso da tapioca chinesa.

“A tapioca é conhecida em muitas partes do mundo e é uma palavra em Tupi. A China hoje consome tanto que já vi pessoas achando que o prato vem de lá.”

Pronto. Estas reflexões eram o que faltava para aplicar esta lógica em mais lugares. A chuva começou a cair e dispensei o guarda-chuva da organização do evento em área aberta. Comecei melhorando minha relação com a água e a chuva.

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Elson Jr.
Medium Brasil

O vento penteia o cabelo. Não repara a bagunça.