Sobre (não) acreditar conseguir ser quem você quer

João Paulo
Medium Brasil
3 min readJan 2, 2016

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Hoje resolvi não escrever algo ficcional. Costumo acreditar que nenhuma pessoa se interessaria em ler sobre minha vida ou sobre o que penso, mas ao mesmo tempo acredito que minhas ideias e pensamentos não merecem passar a vida aprisionados dentro de mim sem ter a chance de encontrar outras pessoas.

Costumo acreditar que nada do que eu escreva vai ser a melhor coisa que alguém já leu, talvez nem sequer excelente, mas ao mesmo tempo acredito que se eu escrever dando o meu melhor e que por haver milhões de pessoas diferentes no mundo, algumas delas podem gostar do que faço, e isso já me é suficiente. Não se trata de se contentar com pouco, mas de não viver se limitando por buscar aprovação de todos, pois isso jamais acontecerá.

Costumo acreditar que jamais farei nada novo, por imaginar (erroneamente) que tudo já foi feito em algum momento da história. Mas também acredito que nunca existiu na história alguém exatamente como eu, fazendo o que faço e da forma que sei fazer. Também acredito que nenhuma pessoa viva na Terra conhece todas as coisas já feitas no mundo, portanto, por mais que sempre existam coisas repetidas e semelhantes umas com as outras sendo feitas, muitas delas serão novidades pra alguém em algum lugar — inclusive pra quem a fez — e que é da mistura e inspiração com obras existentes que surgem as novas.

Costumo acreditar que jamais serei capaz de conquistar todo mundo, mas também acredito que cada pessoa carrega dentro dela seu próprio mundo e que há vários deles a serem conquistados e transformados. No mundinho de algumas poderei ser sempre medíocre, enquanto pra outras serei especial e farei a diferença de alguma forma, e isso também me é suficiente.

Entre essas e outras inseguranças, acredito que cabe a mim conviver e abraçar meus medos e dilemas como companheiros da minha jornada, afinal são eles que me dão motivos pra estar sempre me superando e me aprimorando. Sei que várias pessoas compartilham desses e outros sentimentos, que as fazem deixar de criar coisas incríveis por permitirem que a insegurança vença. Se eu tivesse, portanto, um conselho pra dar, seria:

Mesmo acreditando hoje que você não é o melhor, que não é bom o suficiente, não faz nada de inovador ou interessante, que nunca vai conseguir conquistar tudo que quer, não permita nunca que estes medos se tornem maiores que você. Qualquer obra ou trabalho só terá a chance de ser bom se existir. Ao fazer as coisas com coração e dedicação, sempre terá alguém em algum lugar que será tocado pelo que você fez, e às vezes apenas uma frase ou desenho é suficiente pra transformar o “mundinho” de várias pessoas. Todos tem medo de algo, inclusive os maiores gênios e artistas que surgem por aí, enquanto vários outros deixaram de brilhar pela insegurança de criar ou compartilhar suas obras. Nunca pare de ir atrás de onde deseja chegar, independente da velocidade. Busque evoluir a cada dia, sem medo de julgamentos ou críticas negativas (pois sempre existirão), mas sabendo que dessa forma você encontrará as pessoas que admiram seu trabalho e quem você é de verdade. Como escreveu Luzia Medeiros , criar é derramar-se, e apenas derramando-se passa a ser possível banhar outras pessoas com sua arte. Se você estiver sempre indo atrás de ser quem você quer, já estará sendo essa pessoa.

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