Sobre política, amigos e escolhas…
Já participei de uma campanha, e foi uma das experiências mais enriquecedoras que já tive.
Ter me envolvido - ainda que superficialmente - me fez entender de uma maneira muito pessoal a importância que a política tem na nossa vida, o quanto ela tem se ampliado à medida que vivemos mais conectados.
Em tempos de eleição, o debate bipolar e limitado que acercam os tópicos e hashtags em evidência abre espaço para uma série de reflexões sobre questões importantíssimas nossa vida social.
Hoje, empoderados pelo clique e ocultos atrás de uma tela de milhares de pixels, nos mostramos cada vez mais individualistas, frios, distantes e incapazes de pensar de maneira ampla. Discussões tomam proporções irreais e fantasiosas, notícias e factoides de campanha se transformam bruscamente em um fundamentalismo partidário que além de dissolver, confunde e consome uma quantidade enorme de tempo e energia que poderiam ser empregados de maneira prática e efetiva em uma única direção: a nossa evolução. Como pessoa, como cidadão, como contribuinte, e que quer melhoras em um país que vive uma série de dilemas a serem confrontados não apenas no dicotômico segundo turno, mas no caminho que as eleições nos guiaram, predominantemente conservador.
Assisti de perto algumas manifestações da Primavera Brasileira. De maneira brusca e repentina, por 20 centavos, milhares de jovens foram às ruas para se fazerem presentes socialmente. Parte do todo. Reclamarem. Em todas as cidades — médias, pequenas e capitais — ecoavam mensagens de insatisfação e insegurança diante de uma apatia social que até então era tida como uma das maiores características da nossa formação social e principalmente das gerações pós-ditadura. Nacionalismo, marchas em direção à capital, máscaras de Guy Fawkes, slogans publicitários, mensagens irônicas, aversão aos partidos e muitas perguntas. Mas as principais delas, e que pontuam este texto, ficaram em aberto.
O que é política? O que queremos?
Virtualmente podemos ser o que quisermos. Mascarar medos e angústias, solidão e sentimentos caóticos. E a internet de hoje, movida a anúncios via clique nos motivam a ser isso tudo, sempre em busca da popularidade. A nova rede transformou a nossa personalidade, nos padronizando em forma de perfis, escrevendo todos os tipos de assuntos em um feed único. Só podemos "curtir", ou seja, achar legal. Aprovar. Dar um voto de concordância. E o pior, ninguém nos obriga a entregar nossos dados, o que gostamos e onde estamos indo. Fazemos isso por que as empresas por trás de tudo isso nos disse que é legal.
Mas não sejamos inocentes. Os mais impactados por este boom de informação são os mais novos. Estes sim, estão cada vez mais reféns do imediatismo e da nova dinâmica da informação.
Hoje vejo minha geração como um ponto de transição. Gosto de algumas facilidades da vida online, como por exemplo, me conectar com colecionadores e lojas de discos de vinil do mundo todo, um dos meus passatempos preferidos.
Mas, de maneira salutar, me desconecto com regularidade. Fins de semana, feriados, eventos… E também durante o tempo que estou com amigos, tento ao máximo me manter offline. E assim eu volto ao mundo real.
Neste mundo real, eu vejo na voz e no olhar de cada um a razão das suas escolhas políticas. A cada minuto surgem uma série de frases prontas, e discursos simplórios e rasos —em ambos os lados da moeda— que logo dão lugar ao "discutir política é muito chato" que sempre fecha a situação deixando claro o quanto todos pensam somente em si, nas próprias conquistas e como fazer o mínimo para mantê-las.
Quem nunca usou o "jeitinho" para resolver algum problema? Quem nunca buscou uma "forma direta" de dar andamento a algo que a nossa burocracia impede?
A verdade é que a política é parte da nossa vida. E mudar ou não de presidente não nos ausenta das nossas responsabilidades. É muito mais do que vestir uma camisa de time de futebol. Educação, crescimento econômico e reforma política serão pilares dos próximos 4 anos e que prometem muita negociação, debate e cobranças populares.
E amigos, eu proponho uma diluição do stress dos meses que antecedem a próxima eleição ao longo dos anos seguintes, nos fazendo presentes cobrando e fazendo a nossa parte.
Afinal, amanhã não seremos azuis nem vermelhos. Seremos o Brasil.