Sobre produtividade e alta performance
Todos os dias pipoca algum texto na minha timeline sobre produtividade, alta performance, empreendedorismo e todas essas palavras relacionadas a esse nicho muito específico do marketing digital: o de ensinar a outras pessoas o que você não conseguiu realizar consigo mesmo.
Eu não consigo imaginar um ser humano que viva a vida em tão alta produtividade.
Quando estudamos sobre escrita criativa ou técnicas de redação, uma das recomendações mais recorrentes é a de deixar o texto descansando por alguns dias. O tempo necessário para nos desapegarmos e, em uma próxima leitura, conseguir enxergar os erros ortográficos, gramaticais e de estrutura. É uma dica certeira e sempre funciona.
Se um texto precisa de descanso, imagine o corpo humano? Ninguém consegue ser produtivo o tempo todo. Precisamos de momentos de ócio e descanso para colocar o cérebro e as ideias no lugar.
Eu, particularmente, fico maluco se não tirar pelo menos umas duas horas do meu dia para não fazer absolutamente nada de produtivo. Qualquer coisa que exija o mínimo de esforço criativo do meu cérebro fica fora de cogitação.
Como bem disse o meu amigo Hopper:
É durante esse tempinho que me dedico a assistir séries, jogar algumas partidas de vídeo-game, ver memes na internet e tuitar porcarias. A produtividade e alta performance ficam para o horário comercial.
Nos últimos meses cancelei muitas newsletters sobre marketing digital que começaram a focar nesse assunto: alta produtividade, alta performance, high stakes, etc. Isso não é marketing digital. Isso é life coaching. Não é nem de longe o que eu busco quando alguém se identifica como bem sucedido no marketing digital.
É algo bem comum até: começam a falar sobre um determinado assunto e no meio do caminho usam essa ideia para vender um curso, um e-book, etc.
São bons vendedores. Em um momento de crise como o que vive o nosso país, com 14 milhões de desempregados, com pessoas desesperadas, é muito fácil vender uma solução para obter sucesso e dinheiro sem sair de casa. No desespero, apelamos para qualquer coisa.
O que me fez cancelar algumas dessas newsletters foi a contradição apresentada nos próprios conteúdos “produzidos” por esses profissionais.
Eu gosto muito da área de produção de conteúdo, principalmente a parte de escrita. É natural que eu busque várias publicações voltadas para esse assunto. E através dessas pesquisas, fui conhecendo vários “profissionais” que ofereciam “7 dicas incríveis para escrever textos matadores (a 5 é a melhor)”.
Comecei a notar que as técnicas de “escrita” produzidas por esses caras são basicamente iguais e voltadas completamente à venda de produtos mínimos ou que não existem: um e-book sobre empreendedorismo digital, um webinar sobre como vender o seu e-book sobre empreendedorismo digital e os clássicos infográficos com informações tiradas do instituto Data Google.
Na teoria é muito lindo, mas na prática percebe-se que não funciona, pois os textos são completamente rasos, redundantes e repletos de erros ortográficos.
Se os caras não conseguem produzir o próprio conteúdo com qualidade, como querem me vender um curso ensinando a produzir um conteúdo de qualidade?
Desde então passei a filtrar com mais critério o que vale ou não a pena acompanhar. E é bem triste perceber que todos estão seguindo a mesma receita sem acrescentar nenhum ingrediente novo.
O que me salvou foi o Medium. Por aqui as pessoas não estão preocupadas em se posicionar bem no Google para determinadas palavras-chave.
Os escritores daqui não estão preocupados em criar um “copy” com um “título matador para gerar mais conversões”. Os autores de escrita no Medium estão preocupados em realmente compartilhar conhecimento, técnicas e experiências com uma qualidade absurda.
Portanto, se quiser bom conteúdo voltado a produtividade, criatividade e escrita, o Medium é o lugar ideal.
