Uma carta a garota comum

Lucas Teixeira
Medium Brasil
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1 min readOct 23, 2015

Se te não foges a cabeça ainda não se passaram seis dias.

Não foram os banheiros em brasa, o gozo.

A glande suja, que limpei em minha camisa.

Não, estes não perturbam o curso do rio,

ele segue até o limoeiro.

E, então lá, onde os prédios azulam

Fito as janelas espelhadas dos edifícios

e espero algo de volta, mais do que teu toque.

Desejo que as mãos que vagueiam tuas costas

fossem mãos de construtor, ou poeta.

A distância entre nós não me afeta,

tampouco teu olhar blasé, apático.

A malha metroviária é tão indiferente quanto o teu nome,

nalguns minutos me sentarei ao lado de outra menina,

e a deixei como o café sobre a mesa.

Suas cartas servem de apoio para a mesa de centro,

o remetente está ocupando-se com novos amores ébrios,

tremulando suas mãos ao desabrochar um toque,

que nunca foi meu.

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