Vinho bom + vinho barato = info ZERO

A dificuldade de se escrever sobre vinhos casuais

Akminarrah
Medium Brasil

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Ao montar o blog “No Gole” sobre minhas experiências com vinhos e gastronomia, esbarrei em alguns problemas para os quais eu imaginava haver soluções tão simples quanto uma consulta ao rótulo da garrafa ou uma breve busca no Google. Mas quase nunca é assim.

Tenho percebido que os vinhos simples, geralmente mais baratos, são também os mais difíceis de se encontrar alguma informação na internet e os que menos as oferecem em seus rótulos. Parece que o mundo da enofilia se concentra apenas em vinhos “top top” abstraindo por completo os casuais, do dia-a-dia, que giram na faixa dos R$15 e cabem no bolso de todos. Sei que esse “todos” é ligeiramente forçado, mas podemos nos concentrar naqueles que gostam e topam investir um percentual maior do seu orçamento em exemplares menos sofisticados de tintos e brancos, não se importando em abri-los para acompanhar frango assado de padaria com farofa e arroz.

Os rótulos não colaboram. Nas informações sobre as uvas utilizadas para produzir determinado vinho, alguns trazem o genérico “uvas viníferas europeias”, como se isso ajudasse algo. Tem-se o básico: teor alcoólico, volume, produtor, importador etc; o restante é descartado.

Eventualmente encontro algum “rótulo referência”, que informa a temperatura ideal de serviço, as uvas que o compõem (às vezes até o percentual do assemblage), o terroir, dicas de harmonização, o tempo de guarda (ou prazo máximo de consumo, incluindo gráfico de depreciação) e informações rápidas sobre a vinícola.

Quando não se pode contar com o rótulo, a internet deveria ser a melhor opção, mas ela se mostra um vazio inóspito com dados pulverizados e inconsistentes sobre esses vinhos mais simples. Encontra-se apenas sites de venda que nada tem a acrescentar que não o preço ou volume da garrafa. Nos sites das vinícolas, muitas vezes há apenas a menção dos vinhos que lá são produzidos, ignorando-se a curiosidade e interesse dos visitantes pelos detalhes que citei no parágrafo anterior.

Escrever sobre um chileno de entrada ou aquele português de supermercado torna-se tarefa para desbravadores incansáveis, na luta constante contra o descaso de lojas, vinícolas e importadores, que buscam nas sombrias frestas da internet qualquer informação que traga luz àqueles mistérios engarrafados.

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Akminarrah
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