Aprendizados adquiridos após 3 meses como Analista de UX Trainee

Crícia
Senior Mega
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7 min readJan 3, 2019

Recentemente migrei da área de Suporte Técnico para UX Design e conclui na semana passada meu período de experiência, então compartilharei neste artigo alguns aprendizados dessa jornada inicial.

UX não é mágica

UX não é mágica! Há um processo por trás de toda solução final que por vezes é desgastante, dependendo da deadline e da complexidade do projeto. Quando iniciei meus estudos nessa área, eu tinha a figura do UX Designer como um mágico, aquela pessoa que seria quase um psicólogo do usuário e que logo após ouvi-lo criaria soluções incríveis que como consequência entregaria melhorias para todos. Não que isso seja uma mentira, mas vamos tirar um pouco dessa “romantização”, porque não é bem assim. O objetivo principal do profissional de UX é ouvir os usuários e ser a voz deles dentro da empresa, no entanto existe outras variáveis que permeiam seus dias, os processos nem sempre serão lineares e na maioria das vezes existem desafios a serem superados até chegar em uma solução. Por trás de cada produto ou serviço sensacional existe muita pesquisa, sintetização de informações, testes e mais testes e não apenas uma interface clean e moderna que boom aumenta as vendas e arranca suspiros.

Essa é uma percepção pessoal, então vou expor meus aprendizados durante os últimos meses imerso nessa área. Essa visão que tenho hoje não me fez desanimar, pelo contrário, cada vez mais tenho me encontrado nesse incrível universo. Diariamente estou aprendendo algo diferente, por menor que seja, por isso considero importante contar um pouquinho da realidade, porque nem tudo são flores.

Pesquisa para desmistificar

Sempre gostei muito de pesquisa, inclusive sempre tive interesse na área acadêmica por conta disso. E se tem uma coisa que pude confirmar é que a pesquisa é a base do UX. É através da pesquisa que obtemos o conhecimento sobre diferentes realidades que não vivenciamos e, por este motivo, ela é tão importante.

No ambiente empresarial normalmente existem algumas informações sobre os usuários que são tomadas como verdades absolutas e aplicáveis para todos, muitas vezes elas advém de contatos individuais com determinados clientes, de reclamações feitas por meio de alguns canais, de percepções individuais dos colaboradores que são baseadas em “achismos”, entre outros. No entanto, não é comum a validação dessas informações e dificilmente é considerado o contexto, o público e outras variáveis importantes. Isso resulta em suposições sendo tomadas como verdades na construção de determinados produtos ou serviço o que gera posteriormente insatisfação e, por vezes, fracassos nas vendas.

Finalmente, através da sintetização de dados coletados nas pesquisas, conseguimos desmistificar mitos e verdades à respeito das necessidades dos nossos clientes, e esse é um grande diferencial de sucesso para os nossos produtos.

Cada projeto é um mundo diferente

Outra percepção que tinha quando estava estudando a área é que o projeto seguiria de forma linear no processo de design. Faríamos o que chamamos de entendimento, a pesquisa, a prototipação e por fim a validação. Porém, no contexto empresarial há diversas demandas que surgem e que nem sempre seguirá dessa forma. Por vezes, você como UX Designer prestará apenas consultoria, que pode envolver apenas uma etapa do processo, ou lidará com um tempo mais curto e precisará traçar uma estratégia de pesquisa ou prototipação mais rápida onde você tenha mais tempo para a validação. Somente a partir do entendimento do problema será possível traçar os caminhos dentro do processo de design à seguir.

E para cada etapa do processo de design existe diversas ferramentas que podem ser utilizadas cabe ao UX Designer escolher aquelas que se adaptaram melhor ao projeto.

Você apresentará insumos para a tomada de decisões

Durante a fase de pesquisa muitos dados e insights surgirão e por muitas vezes eles poderão dar um direcionamento diferente ao projeto, no entanto a decisão de considerá-los cabe ao responsável pelo projeto. O nosso papel é apresentar os resultados das pesquisas com os usuários e propor o melhor caminho à seguir, porém por vezes lidaremos com direcionamentos que não serão os ideias, mas é bacana nessa etapa garantir que ainda assim, seja dado foco ao usuário. E lembre-se, tão importante quanto propor um direcionamento com bases nos dados obtidos é aceitar que você cumpriu seu papel e neste momento não cabe a você a decisão de considerá-los ou não.

Obs.: Em algumas empresas os UXers têm um papel mais estratégico e isso direciona o negócio da maneira mais adequada as seus usuários, porém existem muitas empresas que ainda estão amadurecendo na área e isso faz com que nem sempre os resultados de uma pesquisas sejam considerados tão à sério, isso faz parte do processo de amadurecimento.

UX é um caminho sem volta

Como diz minha anja-mentora Amanda Ulitska: “UX é um caminho sem volta”. A partir do momento que você passa a compreender que o seu papel é proporcionar melhores experiências para as pessoas que utilizam determinado produto ou serviço e que existem técnicas para fomentar esse pensamento, dificilmente você conseguirá se guiar por outro caminho. E nesse ponto se encontra um dos motivos de ter escolhido atuar nessa profissão: o foco são as pessoas. Acredito muito na humanização das tecnologias e serviços. E acredito que sistemas ou processos devem facilitar nossas vidas e não causar confusão, irritação ou até mesmo transtornos psicológicos (esse é um tema que quero escrever aqui, pois vivenciei casos de transtornos psicológicos ligados a sistemas e implantações mal planejadas quando trabalhei dentro de uma central de Atendimento.

Por fim, compreender as pessoas e seus comportamentos trás também um grande ganho para nosso conhecimento pessoal. Isso nos torna seres mais humanos e empáticos, dispostos a entender o mundo do outro, ainda que não consigamos viver e sentir da mesma forma.

Dicas para iniciantes

O caminho de uma iniciante em qualquer área de conhecimento é desafiador e por vezes solitário, pois por algum motivo nós temos dificuldades para admitir que não sabemos ou que estamos inseguros e talvez haja respostas na psicologia para tal comportamento, mas o que aprendi é que isso só torna dificultoso o nosso aprendizado, então se você é um iniciante presta atenção nessas dicas aqui:

  1. Faça Perguntas

Faça Perguntas, sempre! Este foi um dos meus maiores desafio, eu jurava que me achava uma pessoa curiosa, mas quando comecei tocar meus primeiros projetos sozinhas percebi que ainda tinha receios de indagar à respeito daquilo que ainda não estava claro para mim. No meu caso percebi isso durante as reuniões de entendimento e também nas entrevistas. É muito importante também que você compreenda que a estrutura de uma pergunta pode alterar drasticamente a sua resposta. Então não basta fazer perguntas: Assegure-se de que sua pergunta seja baseada em um objetivo ou finalidade e que seja clara para o seu receptor. E por vezes, é necessário estimular a dúvida para que as pessoas envolvidas sintam a necessidade de repostas, essa é uma dica para a fase de entendimento do problema.

Deixo aqui uma talk incrível que fala sobre como às perguntas certas podem nos fazer agir e como elas geram novas perspectivas.

2. Explore os conhecimentos do seu time e do seu mentor

Li uma vez em uma apostila de teologia a seguinte frase: “A primeira fase do saber, é amar os nossos professores” e na minha trajetória profissional tive diversos professores que não necessariamente são graduados ou licenciados e um dos meus aprendizados é que eles são nossos mentores, uma das nossas fontes de conhecimento e por isso eles devem ser amados, admirados e consultados. Aproveite o que essas pessoas (profissionais experientes na área, time, professores e instrutores) têm a oferecer de conhecimento. Siga-os e indague-os quando necessário. Seja também humilde para ouvir, ainda que seja uma crítica.

Durante esses três meses pude contar com um time que têm me acolhido e tem me envolvido em diversas atividades, além de me dar aquele toque nos projetos e na forma que tenho conduzido, isso é de grande valia e sou muito grata por todos que até aqui contribuíram nessa jornada. O saber provém desse relação de troca de experiências e conhecimentos.

2. Estude, mas não surte!

Preciso aprender todas as ferramentas de design, preciso aprender a usar as cores, preciso aprender IU, preciso ler o livro “Design do Dia a Dia”, “Design Emocional”, “ Não me faça pensar”, vixe ainda tem aquele “Design para não Designers”, também preciso me aprofunda e UX Research.

Putz esqueci de UX Conversacional. Tô surtandoo!!! o que estudo primeiro? Como colocar tanta coisa em prática? Preciso saber tudo isso para atuar na área?

Quando iniciei meus estudos também não sabia por onde começar, estou há três meses atuando na área e ainda assim fico perdida com a quantidade de informações e conteúdos para desbravar. Então, fica calmo!

Meu pai costumava repetir um ditado que dizia: “De grão em grão, a galinha enche o papo”. É exatamente isso, faça ao menos 1% de esforço todos os dias. Se tiver em dúvida quanto a conteúdo ou ao que aprender, vale a leitura desse post ou esse aqui. Mas lembre-se, estude todos os dias um pouco e não surte, pois nem mesmo quem está a muito tempo na área sabe de tudo.

3. Aproveite a caminhada

A caminhada é longa, mas o que importa é o caminho já percorrido. Aproveite todos os aprendizados que já teve até onde estar hoje, mesmo que não tenha conseguido seu objetivo ainda. Olhar os ganhos pessoais e até profissionais que obteve é tão importante quanto alcançar a linha de chegada. Se você leu meu artigo anterior pode achar que meu maior ganho foi uma vaga na área, realmente essa foi uma grande conquista no ano de 2018, porém o mais importante foi as superações, conquistas e aprendizados pessoais que tive até aqui. Então, estude UX, leia bastante, candidate-se para as vagas, faça seu primeiro, segundo … terceiro projeto, mas não se esqueça de aproveitar a sua caminhada e tudo que há pela estrada. Tudo será aprendizado, inclusive as entrevistas de emprego ao longo de sua trajetória, boa sorte! ❤

E você, como anda sua jornada de estudos em UX ? Conta aqui a sua experiência ou deixe sua dúvida, ficarei feliz em poder te ajudar ;)

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Crícia
Senior Mega

Pesquisadora - UX Researcher, Facilitadora e Consultora de Projetos Socioculturais https://linktr.ee/cricia.silva