Minha experiência com o Couchsurfing

Daiane Jardim
Melancia
Published in
4 min readSep 30, 2018

Hospedar-se na casa de alguém que você nunca viu na vida, primeiro contato apenas online, sem nenhuma certeza, faz bater aquela dúvida e o receio. É algo que sua mãe provavelmente diria para você não fazer — e a minha também. Mas, como sou ~ousada~ resolvi arriscar, afinal tanta gente tem experiências positivas com a plataforma, por que eu não poderia ter?

Criei meu perfil belíssima, e antes de cada viagem fazia as solicitações.

Uma coisa é fato, você vai mandar uns 500 convites, e pode ser que eles não sejam aceitos, ok? Não é nada contra você, não leve para o lado pessoal — ou leve — mas a galera que mora em cidades altamente turísticas recebe solicitações toda hora e todo dia, e não dá pra aceitar todo mundo. Então, relaxa e tente outra vez.

Ao mesmo tempo que temos o receio de nos hospedar com alguém que não conhecemos, lembre-se que o anfitrião também não tem certezas, e está abrindo as portas da sua casa para um completo estranho. Ao mandar seu convite, leia as regras da casa da pessoa, pois não é um hotel, ok? É um lar. Tenha respeito, seja limpinho e converse. Já ouvi de anfitriões que tiveram hóspedes que mal olhavam na cara, apenas se fechavam no quarto e nem se preocupavam em interagir, e isso não é nada legal. Poxa, você está na casa de alguém sem pagar nada, o que te gera uma baita economia na viagem, não custa você conhecer a pessoa que está te recebendo. A intenção do couchsurfing é justamente promover a troca cultural, então colabora aí, gente.

Todas as minhas experiências foram fantásticas. Conheci a Bea em Madrid, um doce de pessoa que me mostrou um pouco da cidade e preparou um jantar maravilhoso, no outro dia almocei com ela e a amiga e adorei cada minuto. Na Galícias, conheci um casal muito amorzinho, um espanhol e uma mexicana, e a amiga venezuelana, nos divertimos muito, eles foram fantásticos e acabaram se tornando meus amigos. Essa galera também me ensinou muita coisa! Pude entender melhor a história das Galícias e conhecer regiões que os turistas geralmente não vão, e são lugares fantásticos cheios de histórias e paisagens lindas.

Na Bélgica fiquei na casa da maravilhosa Lilie, infelizmente foi apenas um dia, e tivemos uma conexão incrível, conversamos por horas e aprendi muito com essa belga encantadora. Ela me levou numa sorveteria pra provar uns sabores que eu nunca tinha visto na vida e numa feirinha de comida local. Gente… foi demais!

Já na Holanda, me hospedei com a Miranda, e que graça de ser humano. Ela é total open mind e eu desejaria que todos um dia conversassem com essa mulher e ouvisse a sabedoria que ela tem.

Fui tão bem recebida por essas pessoas, aprendi muito mais sobre a cultura de cada lugar através deles, pude falar do meu país, trocamos experiências e vivemos momentos incríveis. Voltei para casa com muitas histórias e novos amigos, coisas que eu não teria vivido se tivesse ficado fechada em um hotel sozinha.

Além de me fazer economizar muito, pois viajei com o orçamento bem apertado mesmo (rindo de nervosa) senti que realmente vivenciei cada cultura e não fui apenas mais uma turista.

Nas minhas últimas semanas em Porto, como minhas amigas já tinham voltado para o Brasil e eu estava sozinha, resolvi ser anfitriã. Nisso conheci a Olga, uma polonesa tão amor, jantamos juntas, fiz brigadeiro, ela me deu melancia (dei um berro quando abri a porta e vi ela com uma melancia, sério), foram horas de conversas sobre os nossos países, o mundo, as pessoas, e o universo. Inclusive a Olga veio para o Brasil, e nos encontramos novamente! Essa é uma amizade que também levarei pra vida.

Sempre vou recomendar o couchsurfing, ainda há pessoas boas no mundo, conhecer outra cultura e aprender com ela nos faz pessoas melhores. E a plataforma do couchsurfing possibilita tudo isso.

Claro que continuo gostando de hostel, da animação, etc, mas o couchsurfing é algo mais pessoal e igualmente incrível, acredito que vale a experiência.

Como tudo na vida, é preciso ter alguns cuidados. Eu me sinto mais segura hospedando-me apenas com mulheres e com referências de viajantes anteriores. Mas tenho amigas que já se hospedaram com homens e deu tudo certo, porém fique atento as referências, ok? Ah, você se hospedou com alguém? Deixe a avaliação, e peça também para o seu perfil, isso é importante para os outros viajantes e anfitriões.

Lembre-se: couchsurfing é sobre troca de culturas e experiências, não é um hotel, te ajuda a economizar, claro, mas acima de tudo é sobre conexões com pessoas diferentes de você. Então, se sente que está à vontade com isso, tenha a mente e coração abertos e só vai ❤

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Daiane Jardim
Melancia

English and Portuguese teacher. Master's in Literature and Education. Polyglot, passionate about teaching and writing.