Tudo mudou e talvez seja hora de aceitar isso
Durante essas semanas em quarentena acredito que passei por quase todos os estágios possíveis: desespero, raiva, euforia, medo, tristeza, apatia. Foram tantas crises de ansiedade e lágrimas, que algumas vezes me questionei o quanto eu seria capaz de aguentar.
Porém, no meio de toda essa tempestade e nas minhas insônias diversas refleti sobre mim mesma e os passos que dei até chegar onde estou agora. Essa viagem mental me mostrou que nenhuma atitude poderia mudar a realidade a qual me encontro. Tudo mudou, eu também mudei, e não há nada que eu possa fazer para reverter isso.
Penso que o maior presente dessa quarentena seja a oportunidade de finalmente estarmos em nossa presença, de verdade, e fazermos essa expedição interna. Somos obrigados a olhar no espelho e a conviver com nosso reflexo, e não há nada mais difícil do que aprender a lidar consigo mesmo.
Esse olhar para dentro vai nos mudando e nos transformando. Cada um dentro da sua casa, fazendo todos os questionamentos possíveis, e a conclusão que chegamos é que diante de tantas incertezas nossa única certeza é a de não termos controle sobre nada.
Sabemos que não há mudança interna que não resulte em uma mudança externa, e talvez seja exatamente isso que estávamos precisando.
Mas, assim como todo mundo eu também tenho minhas preocupações e minhas inquietações sobre o futuro. Até que essa semana me deparei com um vídeo do Atila Iamarino com a Monica de Bolle, Doutora em Economia e especialista em gestão de crises. Em um dado momento Atila a questiona sobre como estará a situação econômica do mundo após esse período, a resposta foi: não sabemos.
A única certeza é que surgirá uma nova economia, baseada nas necessidades de agora. Os especialistas ali presentes deixaram bem claro: devemos esquecer a normalidade que tivemos há dois meses, aquilo já não existe mais, daqui para frente teremos que nos adaptar a um novo normal.
A ideia de adaptar-se a um novo normal torna as coisas mais fáceis de serem suportadas. Apesar de todas as dificuldades, nós sempre nos adaptamos e a história da humanidade já provou isso diversas vezes.
Penso que é melhor passar pela dor de se acostumar com uma nova realidade do que sofrer pela expectativa daquilo que já não volta mais. O mundo não será mais o mesmo e talvez seja hora de aceitar isso.
Como será depois disso tudo? Não sabemos. Mas nos resta a esperança de sermos melhores.
Sempre melhores.