O clássico Cheddar Mc Melt do McDonald’s

Este texto não é uma pegadinha: explicamos porque o brasileiríssimo (!) McMelt merece a sua atenção.

Bruno Capelas
Melhor Hambúrguer da Cidade
4 min readJun 9, 2015

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Carne de minhoca, aqui não! (Bruno Capelas/MHC)

Não. Este texto não é uma pegadinha.

Nós estamos mesmo discutindo o McDonald’s.

Primeiro, porque foi com a rede do sêo Ronald que muitos brasileiros aprenderam a comer hambúrguer — apesar de já termos falado de casas que fazem bons lanches desde os anos 1950, foi só com a popularização do fast food (impulsionada pelo Mc) que o hambúrguer virou uma comida mainstream no Brasil.

Segundo, porque mesmo sendo uma não-referência (alguém lembra da história da carne de minhoca?), muita gente pensa no McDonald’s quando hambúrguer vem à mente (especialmente quando a faixa etária aumenta). Terceiro, porque, a recente onda de lanches gourmet tenta, além de incrementar novos ingredientes à receita básica de pão, carne moída e queijo, transformar o hambúrguer em estado-de-arte, se opondo fortemente à linha fordista do Mc.

Enfim: chega de blá-blá-blá teórico e bora pro lanche.

McOferta: ousadia e alegria em forma de lanche? (Bruno Capelas/MHC)

Durante os dois anos e meio de existência dessa coluna, discuti sempre com os amigos a ideia de falar sobre o Mc — e a maioria deles sempre dizia que eu precisava resenhar ou o Quarteirão, ou o Cheddar McMelt. Apesar de não negar o charme do Royale With Cheese, sempre fui do time do McMelt — um lanche que, apesar de sua cara “americana”, é brasileiríssimo, estando disponível apenas por aqui.

Além disso, o McMelt está atualmente em promoção na rede, custando apenas R$ 6,50 (apenas o lanche). Como eu gosto de levar as coisas a sério, porém, resolvi pedir a McOferta (batata média e Coca de máquina de 500 ml), no valor de R$ 18,50, na unidade do shopping Frei Caneca, em São Paulo. Mas isso é o de menos — importante é considerar o movimento na unidade. Era hora do almoço, mas havia zero filas.

Coitada da vaca que morreu para virar esse hambúrguer (Bruno Capelas/MHC)

Começando pelos acompanhamentos: Coca de máquina é Coca de máquina em qualquer lugar. Pelo menos 100 ml dos 500 ml é gelo, e o refrigerante vem com menos gás e mais açucarado do que em uma latinha. Mas é Coca.

A batata frita do McDonald’s, porém, é um espetáculo (na acepção de Guy Debord sobre espetáculo, inclusive): pode-se não gostar do seu estilo (palito, com bastante sal, sem muito “recheio”), mas criticá-la é difícil. Para o paladar pouco desenvolvido (alguns diriam infantil, risos) em que o Mc é mestre, ela funciona muito bem. (Mas não, não troco uma batata rústica da Lanchonete da Cidade por ela nunca).

Quanto ao McMelt, vamos a ele: o pão tem gergelim, e dentro dele vem um hambúrguer baixíssimo, bastante passado, acompanhado de queijo cheddar processado (que, dependendo do padrão de qualidade, pode vir muito ou pouquíssimo derretido) e cebola caramelizada. Não é mau, certo? (Vale a pena checar quantas imitações esse lanche têm por aí — a do Fifties, por exemplo, é o London Burger). Na primeira mordida, o sanduba tem uma boa presença. Apesar da carne ser irrelevante (seja pelo ponto, pela quantidade de sal ou por sua própria origem), o cheddar toma seu lugar, e faz um bom par com a cebola não-muito caramelizada. O problema é que, na quinta mordida, você já não aguenta mais (e sabe que é isso tudo o que tem pra ver). Além disso, o McMelt tem um problema crônico de montagem: suas bordas são secas, com pouco espalhamento do queijo. O interior do lanche, porém, costuma transbordar com o queijo, envolvendo um alto índice de periculosidade àquela sua camiseta limpinha. Ainda assim, é possível sair feliz. (E até pedir outro: se você não quiser a McOferta, vale a pena considerar pedir dois lanches de uma vez).

Mais uma vez, só para você conferir tudo no replay (Bruno Capelas/MHC)

A questão não é que o McMelt é um grande lanche — longe disso, na verdade; como sempre friso aqui, a carne é o mais importante em um hambúrguer, e não é nunca o caso no McDonald’s (nem no Burger King, que leva alguns pontos de vantagem por caprichar no aroma artificial dos burgers).

Mas, pelo fator custo-benefício, a R$ 6,50, ele é digno de estar nessa lista. Dias antes de visitar o Mc, fui com a namorada no America, e pedi um similar do McMelt, que custava R$ 24 (ou seja, quase QUATRO McMelts). Além do assalto ao bolso, meu estõmago se sentiu triste. Por R$ 6,50 (ou R$ 18,50, com a McOferta, que não é barata, mas não ofende), ele consegue suportar lanches ruins. Por mais de dois dígitos, fica difícil. Outra conta: com o aumento da inflação, comprar um salgado na padoca da esquina está começando a pesar no bolso. Agora pense: vale mais comprar uma coxinha requentada por R$ 4 ou um McMelt por R$ 6,50? (Não pense nas calorias).

“Entenderam o por quê? Então, tchau!”

Nota: 2,75 fatias de bacon

Clique aqui para ver o ranking atualizado do Melhor Hambúrguer da Cidade.

Não vou te dizer onde fica o McDonald’s. Você sabe onde tem um perto da sua casa, cara.

Originalmente publicado em fevereiro de 2015 no Pergunte ao Pop.

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