Afrofunk: Quanto mais a cabeça entende, mais o corpo responde

Melissa Makers
Melissa  Mexe
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3 min readJul 29, 2016

Teatro de rua com kuduro. Formation com passinho. Danças sagradas de origem africana com carnaval. A essência do Afrofunk é não ter uma essência só.

Conversamos com Sabrina Ginga sobre a mistura de referências que compõe esse grupo carioca que, além de ir pro palco, dá muita aula pelo Rio.

“As pessoas chegam na nossa aula achando que é só dança, mas se surpreendem quando a gente começa a falar sobre história — a gente acha que quanto mais a cabeça entende, mais o corpo responde”, conta Sabrina, uma das três integrantes que, além de dar as oficinas, sobe ao palco em nome do Afrofunk. A parte dançante do grupo conta com Taisa Machado e Renata Batista, além de Maria Coelho como DJ dos espetáculos.

O coletivo cultural existe desde 2014 e tem como princípio libertar o corpo através da dança, sem deixar de lado toda a história por trás do movimento. A principal referência do grupo é, sem dúvidas, a cultura e a dança de origem afro: “Na África o corpo é livre, é onde dançar com o cotovelo é tão importante quanto dançar com a bunda. Onde dançar é a forma de buscar o sagrado.”

Só que a mistura é, desde o início do grupo, parte do processo de criação. Além de cientista social, Sabrina tem uma aproximação de oito anos com o carnaval carioca. Taisa e Renata vem do teatro de rua proposto por Amir Haddad com o grupo Tá na Rua. A Bahia — “o estado que mais dança no Brasil”, como diz Sabrina — também é uma referência forte, além de outras expressões culturais periféricas como o dancehall jamaicano e o kuduro angolano.

“A gente bebe de muitas fontes. Temos uma pesquisa sobre a similaridade da dança afrobrasileira com o funk. O passinho cada vez mais se parece com passos da dança dos orixás do candomblé e da umbanda. Eu entendo isso como uma herança de um corpo negro que veio pro Brasil há muito tempo, esse corpo dançante que tem uma informação que vai passando ao longo do tempo.”

As referências africanas e femininas que o grupo carrega não se restringem a um só público alvo: as oficinas já percorreram vários bairros do Rio de Janeiro e rolou aula até para crianças no Vidigal. É parte do dia-a-dia do Afrofunk trabalhar diferentes gêneros, origens, corpos, raças, todos em busca de uma libertação em comum: “A maioria das meninas que nos procuram vêm em busca de um outro corpo”. Um corpo livre e dançante.

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Melissa Makers
Melissa  Mexe

Em 2016, Melissa Makers é um convite à mistura. E é desse encontro criativo que surgiu o Melissa Mexe!