Foto: Charles Naseh

O dia que o GUETTO ditou a moda

Melissa Makers
Melissa  Mexe
Published in
3 min readOct 31, 2016

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por Sista Kátia*

Quando se ouve muito do lado de fora, a tendência é querer ocupar esses espaços e ver o que acontece dentro, mas não foi assim que a Laboratório fantasma chegou à passarela. Eles empurraram, invadiram, ocuparam. Quebraram com o formato de favelado como objeto de pesquisa e inverteram os papéis. O soft guetto se impôs e agora não só a favela tá na moda, mas o favelado também. Só que não nesse rolê gourmet que se espera, mas como agentes de comunicação direta e auto-representatividade.

O que se viu no São Paulo Fashion Week na última segunda-feira, dia 24 de outubro, foi um ato político que usou o moda como meio, com o discurso da militância através da estética, misturando ativismo e passarela.

Fotos: SPFW

Primeiro desfile com modelo gorda que não era desfile plus size, incluindo a linda Bia Gremion e a maravilhosa cantora Ellen Oléria, algumas das pessoas a desfilarem e garantirem a quebra dos padrões de modelagem na passarela do SPFW.

Além disso, não podemos deixar de falar na Bahia. Em um circuito que se volta frequentemente ao eixo RJ-SP, nosso estado estava representado em peso pela modelo e empreendedora negra Loo Nascimento, além das modelos também baianas Lorraine Cruz e Indira Carvalho.

Tinha mulher e homem negro na passarela, na produção, na criação, na direção, no palco, nas pickups, no mic, nos bastidores, na plateia. A coisa tava preta, e se tá preta a coisa tá boa.

Nascido em 2009 como um coletivo batizado de Na Humilde Crew, o Laboratório Fantasma coemçou vendendo de mão em mão camisetas produzidas artesanalmente. Fãs de hip hop, optaram por aplicar em suas vidas a seguinte frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que você ama e não terá que trabalhar um dia na vida”.

As estampas dessa coleção receberam influências de duas fontes: o Japão e a África. Do Japão veio o grafismo, as fontes, a geometria, os traços limpos, o contraste do preto e do branco e o minimalismo das aplicações destas imagens nas peças. Da África, as estampas estilizadas a partir da padronagem dos tecidos tradicionais de Angola, a Samakaka. Para saber mais sobre a coleção, acesse aqui. E para assistir a esse desfile maravilhoso, clique aqui.

*Sista Katia é uma das makers da nossa crew de Salvador, cidade onde agita nos mais variados rolês. Você pode conhecer um pouco mais dela através do canal divegana.

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Melissa Makers
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Em 2016, Melissa Makers é um convite à mistura. E é desse encontro criativo que surgiu o Melissa Mexe!