Viajar é preciso, mas não precisa ser previsível

Melissa Makers
Melissa  Mexe
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3 min readOct 5, 2016

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Breves impressões estrangeiras de quem redescobre o Rio pelo olhar da mistura.
por Carolina Zibetti*

Ainda não estive em todos os lugares que gostaria, mas estive por inteiro em todos que visitei. A verdade é que na maioria dos dias, somos feitos de pressa e compromisso. São poucos os instantes em que temos tempo para desfrutar com calma o espaço dinâmico que toda cidade nos oferece.

É preciso ir para o outro lado do mundo para descobrir que andar de bicicleta é legal e que o restaurante com a pior aparência é sempre o que rende as melhores histórias. Estar de passagem muitas vezes nos condena a consumir a cidade de maneira óbvia: almoçar no restaurante x, visitar o museu y.

Misturar é consumir alternativas, e não apenas aquilo que te oferecem como cidade. É descobrir um bairro novo, um novo gosto do seu paladar. Você se sente vivo. Pessoas e momentos nos marcam muito mais do que pontos turísticos.

São vários os lugares legais que o Rio de Janeiro tem para oferecer e cada um deles se desdobra em mil possibilidades. Minha dica para você é: cantar nos karaokês da Feira de São Cristóvão. Escolha qualquer música da Daniela Mercury e peça uma cachaça de milho (been there, done that). O galpão de tradições nordestinas em território carioca possui mais de 700 barracas — uma mistura de comidas deliciosas, forró e arrasta-pé. Tudo isso em um pavilhão imenso que, aos finais de semana, funciona direto da manhã de sexta ao fim do dia de domingo. Imperdível.

Já a Rocinha tem uma vista inesquecível. É preciso lembrar antes de tudo que favelas têm predominância de moradias precárias, marcados pela carência de serviços básicos como saneamento e transporte. Reduzi-las a um elemento decorativo ou ponto de peregrinação para turistas ávidos por experiências únicas pode ser cruel.

As comunidades são espaços dinâmicos, que funcionam de forma independente no seu próprio ritmo, muito ricos culturalmente — sendo berço de manifestações culturais fundamentais como o samba e suas várias vertentes. Se permita observar e interagir com esses lugares de forma genuína e não apenas como um ponto turístico.

Cada esquina do Rio de Janeiro é um verdadeiro acontecimento. E conhecer o lado B da Cidade Maravilhosa pode render memórias mais incríveis do que aquela selfie com o Cristo Redentor.

* Carolina Zibetti é uma das makers da nossa crew curitibana. Entende-se como ser líquido em constante transformação e qualquer definição colocada aqui estaria desatualizada no dia seguinte. Para conhecê-la melhor, mande um oi para carolinaczibetti@gmail.com.

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Melissa Makers
Melissa  Mexe

Em 2016, Melissa Makers é um convite à mistura. E é desse encontro criativo que surgiu o Melissa Mexe!