Entendendo o discurso de Trump
Convido vocês à leitura de mais uma contribuição da linguística cognitiva para a análise do discurso político e midiático, com suas estratégias e metáforas. Neste texto, de julho de 2016, Lakoff desenvolve sua análise sobre estruturas dos pensamentos conservador e progressista (publicadas aqui em 12/08/19), a relação entre modelos familiares e a política, além de mostrar as estratégias discursivas de Trump durante sua campanha eleitoral — que, por sinal, continuam a ser adotadas e exportadas para países como o Brasil.
Entendendo Trump
(23 de julho de 2016)
Há muito sendo escrito e falado sobre Trump por comentaristas inteligentes e articulados cujos insights eu respeito. Mas, como um pesquisador de longa data nas ciências cognitivas e na linguística, trago uma perspectiva dessas ciências para uma compreensão do fenômeno Trump. Dificilmente essa será uma perspectiva desconhecida, tendo em vista que mais de meio milhão de pessoas leram meus livros, e que o Google Acadêmico relata que estudiosos citaram minhas obras bem mais de 100 mil vezes em revistas acadêmicas.
No entanto, você provavelmente não vai ler no New York Times o que eu tenho a dizer, nem ouvir de seus comentaristas políticos favoritos. Você também não vai ouvir isso de candidatos democratas ou dos estrategistas do partido. Existem razões para isso, e vamos discuti-las mais tarde. Eu estou escrevendo este texto porque acredito que é correto e necessário, mesmo que venha das ciências cognitivas e cerebrais, e não das fontes políticas normais. Penso que é imperativo trazer estas considerações para o discurso político público. Mas isso não pode ser feito em um editorial de 650 palavras. Peço desculpas. É intuitável.
Vou começar com uma versão atualizada de um texto anterior sobre quem está apoiando Trump e por quê – e por que os detalhes da política são irrelevantes para eles. Passo, então, para uma seção sobre como Trump usa o seu cérebro contra você. Daí termino discutindo o que as campanhas do Partido Democrata poderiam fazer melhor, e por que elas precisam melhorar se quisermos evitar uma Presidência Trump.
Quem apoia Trump e por quê
Donald J. Trump conseguiu se tornar o candidato republicano para presidente. Por quê? Como? Existem várias teorias: as pessoas estão putas e ele fala para essa raiva. As pessoas não pensam muito no Congresso e querem um não-político. As duas coisas podem ser verdade. Mas por quê? Quais são os detalhes? E por que Trump?
Ele parece ter saído do nada. Suas posições sobre diversas questões não se encaixam em um padrão comum.
Ele disse coisas legais sobre pessoas LGBTQ, o que não é uma postura republicana padrão. Os republicanos odeiam desapropriações (“eminent domain”, termo usado para quando o Poder Público toma uma propriedade privada alegando utilidade pública) e apoiam as terceirizações para o bem do lucro, mas ele tem um ponto de vista oposto em ambos os casos. Ele não é um religioso que prega práticas religiosas, mas os evangélicos (isto é, os evangélicos brancos) o amam. Ele acha que os seguros de saúde e as empresas farmacêuticas, assim como empreiteiros militares, estão tendo muito lucro, e ele quer mudar isso. Ele insulta grandes grupos de eleitores, por exemplo, latinos, enquanto a maioria dos republicanos estão tentando cortejá-los. Ele quer deportar 11 milhões imigrantes sem documentos – e acha que pode. Ele quer impedir que os muçulmanos entrem no país. O que está acontecendo?
A resposta requer um pouco de pano de fundo. [NT: Esse pano de fundo está na primeira parte dessa discussão, que pode ser lida aqui. Se você não leu, recomendo fortemente, pois nesse momento fica muito clara a relação entre os grupos sociais que ele citou acima.]
Quem apoia Trump: Evangélicos brancos; Conservadores pragmáticos; Defensores do livre mercado e do laissez-faire. Por que Trump ganhou a nomeação republicana? Olhe para todos os grupos conservadores aos quais ele apela!
Por que a falta de detalhes da política de Trump não importa
Recentemente, ouvi um brilhante e articulado substituto de Hillary Clinton argumentar, contra um grupo de apoiadores do Trump, que ele não apresentou projetos para aumentar o número de emprego, aumentar o crescimento da economia, melhorar a educação, ganhar respeito internacional, etc. Esse é o argumento básico da campanha de Clinton. Hillary tem a experiência, o know-how político, ela sabe fazer as coisas: está tudo em seu site. Trump não tem nada disso. O que a campanha de Hillary diz é verdade. E também é irrelevante.
Os apoiadores do Trump e outros republicanos radicais não dão a mínima, e por uma boa razão. Seu trabalho é impor a visão moral do Pai Rigoroso em todas as áreas da vida. Se eles tiverem o Congresso, a Presidência e o Supremo Tribunal, eles podem conseguir. Eles não precisam apresentar políticas, porque os republicanos já têm centenas de políticas prontas para lançar mão. Eles só precisam estar com todo o poder.
Como Trump usa seu cérebro para tirar vantagem
Qualquer vendedor inescrupuloso e eficaz sabe como usar seu cérebro contra você para te fazer comprar o que ele está vendendo. Como alguém pode “usar seu cérebro contra você”? O que isso significa?
Todo pensamento usa circuitos neurais. Cada ideia é constituída por circuitos neurais. Mas nós não temos acesso consciente a esse circuito. Como resultado, a maior parte do pensamento — estima-se que 98% do pensamento — é inconsciente. O pensamento consciente é a ponta do iceberg.
O pensamento inconsciente funciona por certos mecanismos básicos. Trump os utiliza instintivamente para direcionar os cérebros das pessoas em direção ao que ele quer: autoridade absoluta, dinheiro, poder, celebridade.
Os mecanismos são:
1. Repetição: As palavras estão neuronalmente ligadas aos circuitos que determinam o seu significado. Quanto mais uma palavra é ouvida, mais o circuito é ativado e mais forte ele fica; desse modo, é mais fácil ativá-lo novamente. Trump repete: ganhar, ganhar, ganhar. Nós vamos ganhar tanto que você vai se cansar de ganhar.
2. Enquadramento (framing): Hillary desonesta. Enquadrar Hillary como alguém que proposital e conscientemente comete crimes em benefício próprio, como faz um bandido. A repetição faz com que muitas pessoas inconscientemente passem a pensar nela dessa forma, mesmo que se tenha confirmado que ela foi honesta e que agiu de forma legal de acordo com estudos minuciosos feitos pelo direitista Comitê Benghazi (que não encontrou nada) e pelo FBI (que também não encontrou nada para incriminá-la). No entanto, o enquadramento está funcionando.
Há uma metáfora comum que diz que imoralidade é ilegalidade, e que agir contra o padrão moral do Pai Rigoroso (o único tipo reconhecido de moralidade) é ser imoral. Como praticamente tudo que Hillary Clinton já fez violou a moralidade do Pai Rigoroso, isso a torna imoral. A metáfora então diz que suas ações são imorais e que, portanto, ela é desonesta. Quando alguém entoa “Prendam a Hillary!”, toda essa linha de raciocínio é ativada.
3. Exemplos bem conhecidos: Quando um desastre bem divulgado acontece, a cobertura midiática ativa o seu enquadramento repetidamente, fortalecendo-o e aumentando a probabilidade de que ele ocorra com facilidade. Repetir exemplos de tiroteios cometidos por muçulmanos, afro-americanos e latinos cria o medo de que isso poderia acontecer com você e sua comunidade — apesar da minúscula probabilidade real. Trump usa isso para criar medo. O medo tende a ativar o desejo de um forte pai rigoroso — ou seja, Trump.
4. Gramática: Terroristas islâmicos radicais: “radical” coloca uma escala linear para os muçulmanos, e “terroristas” marca uma posição nessa escala, sugerindo que o terrorismo é construído dentro da própria religião. A gramática sugere que há algo no Islã que torna o terrorismo inerente a ele. Imagine chamar o atirador de Charleston um “terrorista republicano radical”.
Trump está ciente disso, pelo menos em certa medida. Como ele disse a Tony Schwartz, o ghost-writer que escreveu Trump: A arte da negociação para ele, “Eu chamo isso de hipérbole sincera. É uma forma inocente de exagero — e uma forma muito eficaz de promoção”.
5. O pensamento metafórico convencional é inerente a grande parte do nosso pensamento inconsciente. Os pensamentos metafóricos não são notados como tais.
Considere o Brexit, que utilizou a metáfora de “entrar” e “sair” da União Europeia. Há uma metáfora universal segundo a qual um estado de coisas é um local no espaço:é possível entrar em um estado de coisas e sair desse estado de coisas. Se você entrar em um café e, em seguida, sair do café, você estará no mesmo local de antes de entrar. Mas isso não precisa ser verdade para os estados do ser. Entretanto, essa foi a metáfora usada para o Brexit; os britânicos acreditavam que, depois de saírem da UE, as coisas seriam como antes da entrada na UE. Eles estavam errados. As coisas mudaram radicalmente enquanto estavam na UE. Essa mesma metáfora está sendo usada por Trump: Make America Great Again. Make America Safe Again. E assim por diante, como se houvesse algum estado ideal no passado ao qual podemos voltar a apenas por eleger Trump.
6. Há também a metáfora “Um país é uma pessoa” e a metonímia “O presidente no lugar do país”. Assim, Obama, por meio da metáfora e da metonímia, pode estar conceitualmente no lugar de Estados Unidos. Portanto, ao dizer que Obama é fraco e não é respeitado, a mensagem comunicada é de que os EUA, com Obama como presidente, é fraco e desrespeitado. A inferência é de que é por causa do Obama.
7. A metáfora “O país como uma pessoa” e a metáfora “Guerra ou conflito entre países são uma briga entre pessoas” conduzem à inferência de que só ter um presidente forte já garante que os Estados Unidos ganharão conflitos e guerras. Trump só vai dar nocautes. Em seu discurso de aceitação na convenção do partido, Trump disse repetidamente que ele iria fazer coisas que na realidade só podem ser feitas pelas pessoas que trabalham em seu governo. Depois dessa afirmação, houve um cântico da plateia: “Ele vai fazer.”
8. A metáfora “A nação é uma família” foi usada durante toda a Convenção do Comitê Nacional Republicano. Ouvimos dizer que os fortes filhos militares são criados por fortes pais militares, e que “a defesa do país é um assunto de família”. Do amor de Trump pela família e do compromisso com o seu sucesso, devemos concluir que, como presidente, ele vai amar os cidadãos estadunidenses e se comprometer com o sucesso de todos.
9. Existe uma metáfora comum segundo a qual “Identificar-se com a herança nacional da sua família faz de você um membro dessa nacionalidade”. Suponha que seus avós vieram da Itália e que você se identifica com seus antepassados italianos, então você pode dizer orgulhosamente que é italiano/a. A metáfora é natural. Literalmente, você foi estadunidense por duas gerações. Trump fez uso desse lugar comum ao atacar o juiz da Corte Distrital dos EUA, Gonzalo Curiel, que é estadunidense, nascido e criado nos Estados Unidos. Trump disse que ele era mexicano, e que, portanto, tenderia a odiá-lo e a atuar contra ele em um caso de fraude movido contra a Trump University.
10. Há ainda a metáfora presente em “expor alguém” (to call someone out). Primeiro, sobre o prefiro ex- (ou a palavra out, na expressão em inglês). Há uma metáfora geral de que “Saber é estar vendo”, como em “Eu vejo o que você quer dizer”.¹ Coisas escondidas dentro de algo não podem ser vistas e, portanto, não podem ser conhecidas, enquanto coisas que não estão escondidas e são públicas podem ser vistas e, portanto, conhecidas. O prefixo ex- traz o sentido de movimento para fora [Acréscimo da tradutora]; expor é tornar público um conhecimento confidencial. “Expor alguém” é nomear publicamente os erros ocultos dessa pessoa, permitindo o seu conhecimento público e suas devidas consequências.
Essa é a base para a metáfora trumpista “Nomear é identificar”. Assim, nomear seus inimigos permite identificar corretamente quem são eles, chegar até eles, e assim derrotá-los. Portanto, só dizer “terroristas islâmicos radicais” já te permite detectá-los, alcançá-los e exterminá-los. E, inversamente, se você não disser isso, você não será capaz de detectá-los e exterminá-los. Então, uma falha ao usar essas palavras significa que você está protegendo esses inimigos — nesse caso os muçulmanos, isto é, potenciais terroristas devido à sua religião.
Vou parar por aqui, embora eu pudesse continuar. Aqui estão dez usos dos mecanismos cerebrais inconscientes que são manipulados por Trump e por seus seguidores a serviço de seu maior propósito: ser eleito presidente, obter autoridade absoluta com Congresso e Suprema Corte, e assim ter sua versão da Moralidade do Pai Rigoroso governando os EUA num futuro indefinido.
Essas dez formas de usar os mecanismos cerebrais cotidianos das pessoas para seus próprios propósitos estão garantindo a Trump a nomeação republicana. Mas milhões de pessoas têm visto e ouvido Trump & companhia na TV e no rádio. Os peritos da mídia não descreveram esses dez mecanismos, nem outros mecanismos cerebrais que trabalham ocultamente nas mentes inconscientes do público, mesmo que o resultado seja que falácias,² repetidas diversas vezes, sejam tomadas como verdades por um número cada vez maior de pessoas.
Mesmo que ele perca a eleição, Trump terá mudado o cérebro de milhões de estadunidenses, com consequências futuras. É vital que a população conheça os mecanismos usados para transmitir falácias e depositá-las no cérebro das pessoas sem que elas percebam. É uma forma de controle da mente.
As pessoas na mídia têm o dever de denunciar esse controle quando o veem. Mas há limitações na mídia.
Certas coisas não são permitidas no discurso político nos meios de comunicação. Repórteres e comentaristas devem se ater ao conteúdo consciente e literal. Mas a maior parte do discurso político real faz uso do pensamento inconsciente, que molda o pensamento consciente por meio do direcionamento inconsciente e das metáforas conceituais do senso comum. É crucial, para a história do país e do mundo, que tudo isso se torne público.
E não é só a mídia. A responsabilidade também é dos cidadãos comuns que se tornam cientes dos mecanismos inconscientes do cérebro — como os dez que nós acabamos de discutir. Essa responsabilidade também é do Partido Democrata e suas campanhas em todos os níveis.
O uso dos mecanismos cerebrais do público para a comunicação é necessariamente imoral? Entender como as pessoas realmente pensam pode ser usado para comunicar verdades, não apenas falácias ou anúncios de produtos.
Esse conhecimento não é exclusividade dos linguistas cognitivos. Ele é ensinado nos cursos de Marketing das escolas de negócios, e os mecanismos são usados na publicidade para te fazer comprar o que os anunciantes vendem. Nós aprendemos a reconhecer anúncios; eles são definidos por si mesmos. Mesmo a publicidade corporativa manipuladora com intenções políticas (como anúncios para fracking)³ não é tão perigosa quanto as falácias que levam a um governo autoritário e determinam o futuro do nosso país.
Como os democratas podem melhorar?
Primeiro, não pense em um elefante. Lembre-se de não repetir as falsas afirmações conservadoras para, em seguida, refutá-las com fatos. Em vez disso, tenha uma postura positiva. Forneça um enquadramento confiável e positivo para minar as afirmações contrárias. Use os fatos para dar suporte às verdades positivamente enquadradas. Repita.
Em segundo lugar, comece pelos valores, não pelas políticas, fatos e números. Fale aquilo em que você acredita e que não tem falado. Por exemplo, o pensamento progressista é construído por meio da empatia, de cidadãos que cuidam de outros cidadãos e trabalham, através do nosso governo, para fornecer recursos públicos para todos, tanto empresas como indivíduos. Use a história. Foi assim que o país começou. Os recursos públicos utilizados pelas empresas não eram apenas estradas e pontes, mas sim a educação pública, um banco nacional, um escritório de patentes, tribunais para casos de negócios, o apoio ao comércio interestadual e, claro, o sistema de justiça criminal. Desde o início, o privado, tanto a vida privada como as empresas privadas, dependeram de recursos públicos.
Com o tempo, esses recursos incluíram esgotos, água e eletricidade, pesquisas universitárias e apoio à pesquisa: ciência da computação (via NSF, Fundação Nacional da Ciência), internet (Arpa, ou Agência para Projetos de Pesquisa Avançada), produtos farmacêuticos e medicina moderna (NIH — National Institutes of Health), comunicação por satélite (Nasa e NOA), sistemas de GPS e telefones celulares (o Departamento de Defesa). Empresas privadas e vidas privadas dependem totalmente dos recursos públicos. Você já falou isso? Elizabeth Warren falou, mas quase nenhuma outra figura pública o fez. E pare de defender “o governo”. Fale sobre o público, as pessoas, o povo do nosso país, os funcionários públicos, e a boa governança. E recupere a liberdade. Os recursos públicos propiciam liberdade para as empresas privadas e para a vida privada.
Os conservadores estão empenhados em privatizar tudo e eliminar o financiamento para a maioria dos recursos públicos? Comece dizendo que a contribuição dos recursos públicos para as nossas liberdades não pode ser exagerada.
E não se esqueça da polícia. O policiamento respeitoso efetivo é um recurso público. O comandante David O. Brown, da polícia de Dallas, fez certo ao treinar, fazer o policiamento comunitário, conhecer as pessoas que ele protege. E não cobre muito da polícia: os cidadãos têm a responsabilidade de fornecer financiamento para que a polícia não tenha que fazer o trabalho que deve ser feito por outras pessoas.
Os sindicatos precisam estar na ofensiva. Sindicatos são instrumentos de liberdade — para liberar-se da servidão empresarial. Os empregadores se autodenominam criadores de emprego. Os trabalhadores são criadores de lucro para os empregadores e, como tal, eles merecem uma parte justa dos lucros, além de respeito e reconhecimento. Fale isso. O sistema público pode criar empregos? É claro. Uma infraestrutura sólida criará empregos ao fornecer mais recursos públicos dos quais as empresas privadas dependem. Recursos públicos para criar mais recursos públicos. Liberdade cria oportunidade, que cria mais liberdade.
Terceiro, mantenha-se distante de interações tóxicas e ataques. Mantenha distância de discussões escandalosas. É possível falar de forma poderosa sem gritar. Obama, por exemplo, controla o ritmo: civilidade, valores, positividade, bom humor e empatia real são poderosos. Calma e empatia para encarar a fúria são poderosos. Bill Clinton venceu porque ele transbordava empatia com sua voz, seu contato visual e seu corpo. Não foi por causa de sua enorme habilidade política, mas por causa da empatia que ele projetou e inspirou.
Os valores vêm primeiro, os fatos e as políticas vêm a serviço dos valores. É claro que eles importam, mas são sempre suportes para os valores.
Desista da política de identidade. De questões de gênero, da resistência negra, das questões dos latinos. Seus problemas são todos reais e precisam ser discutidos publicamente. Mas todos eles estão ligados a questões de liberdade, questões humanas. E fale com os brancos pobres! O povo do Apalache e os brancos do rust belt [“cinturão da ferrugem”, região dos EUA conhecida pela concentração de indústrias pesadas] merecem sua atenção como todos os outros. Não entregue o destino desses povos a Trump, pois ele só aumentará seu sofrimento.
E lembrem-se da frase imortal de JFK [John F. Kennedy]: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu país.” Empatia, devoção, amor, orgulho dos valores do nosso país, recursos públicos para criar liberdades. E maturidade.
Prepare-se. Você precisa entender o Trump para se levantar calmamente contra ele e contra seus apoiadores em todo o país.
Texto original: Understanding Trump
[1] Em inglês: I see what you mean. Não é algo tão recorrente em português brasileiro.
[2] No original, o termo é Big Lies, expressão para uma técnica de propaganda baseada em um truque lógico.
[3] Fraturamento hidráulico, polêmica técnica utilizada para coleta do gás de xisto, vantajosa economicamente, mas com consequências ambientais ainda pouco conhecidas e potencialmente graves.