Placas na estrada

Apenas estética.

Ana Marta M. Flores
Nano-Memória

--

Minha família sempre morou longe do restante dos familiares — tios, primos e avós. Isso fez com que boa parte das nossas férias fossem gastas na estrada, a caminho da terra dos avós.

Levava-se em média de 10 a 12 horas por trecho, o que nos fez saber muito bem como passar tanto tempo dentro do carro.

Uma das minhas memórias mais fortes — além de ser levemente azucrinada pelos meus irmãos — era a de ser “co-pilota” do pai, à direção. “Ajudava” a ver se havia algo de diferente, cuidar radares e ser juiz de ultrapassagem (“pode ir”, “agora não, vem vindo uma moto”).

Uma vez, assim que aprendi a ler e a entender os sinais nas placas, fazia questão de avisar o que diziam:

Na dúvida, não ultrapasse!

Sob neblina, use luz baixa!

“Pai, ali diz que tem vacas por aqui!”

Até que uma vez, eu, já cansada desse novo trabalho, comentei:

— Poxa, que chato essas placas viradas para o outro lado, né?

Em seguida, meu pai — decerto meio estupefato com a minha “ingenuidade” — explicou o motivo real de haver placas para os dois lados.

E eu achando *todo esse tempo* que era apenas para variar um pouco, manter uma estética mais proporcional, porque desde os seis anos eu já achava que as coisas deveriam ter uma estética agradável. Eu ainda acho que estou um pouco certa nisso aí.

--

--

Ana Marta M. Flores
Nano-Memória

PhD in journalism, fascinated by #trendstudies #innovation #fashion #digitalmethods ⨳ writes for iNOVA Media Lab | Nephi-Jor | Trends and Culture Management Lab