Pais

Chris Sant'ana
MEM▲
Published in
2 min readJul 16, 2018

Escolha anterior e oculta, inacessível. Seu destino traçado, sua vontade dormente, e seres dementes me cercam.

Nascido prematuro, assassino, mesmo que tenha falhado meu círculo jamais violado.

Não é teu seio que me alimenta, não são teus braços que me cercam, como uma muralha de proteção. A sua vida patética, a ignorância, a inconsistência da sua escolha que encarcera enquanto ainda não existe no ser o necessário para que perceba, sua própria existência.

Essa que já não era conhecida, e é apagada ou novamente acesa. Por vezes impossível já totalmente consumida pela displicência na interação.

Pais não nos governam, não nos protegem, não são responsáveis. Toda imaturidade da terra, que ainda é imposta pela máquina governamental nunca precisou ser eliminada. A maturidade só existe com a individualidade, e quem toma a postura de ser além do que é como si, e se deixa ser guiado pela cultura já banal, cai nessa contradição em que não é nem indivíduo e nem suporte para o despertar para a individualidade daquele que chama de filho.

O indivíduo é um, é indivisível, não pode ser suas emoções que guiam as emoções do filho, porque a individualidade nos chama em certos períodos. Essa chama intensa que se apresenta como paz ou conflito, por vezes a neutralidade da observação é ainda mais sábia. Não se limita o ser, usar da máquina imatura é alimentar sua própria imaturidade, é criar essa mesma prisão para outro ser que se não por sua energia natural, essa que por vez é incognoscível, fica a mercê que outro com a mesma te chame e trave essa guerra energética. Mas não se combate a imaturidade, com mais imaturidade, essa que sempre é associada a todo sentimento negativo humano, que não respeita a liberdade do outro, invade com punições e limites por seus próprios caprichos que nem mesmo sabe dizer racionalmente quais são. Então tudo que se pode fazer, é ser a emergente energia de independência ou mudança. E as consequências ficam por sua conta.

--

--