Sou Geek, não sou Nomofóbica

Ana Oliveira
Meninas Geeks
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4 min readJun 9, 2016

As minhas amigas devem ter soltado uma gargalhada ao lerem este título. “Ai, não és nomofóbica? Ahaha, estás em negação!”, terão pensado. Eu entendo. Mas calma. Eu tenho um problema sim, admito. No entanto, não é o de estar longe do telemóvel… É o de perder algo importante.

Desculpem. Mas nunca, na história da humanidade, tivemos o privilégio de estar tão ligados uns aos outros. De conhecer o momento, de estar longe ao mesmo tempo que perto, viver a história de uns quase como se fosse nossa. De fazer parte de um acontecimento importante, mesmo não estando lá, de ser testemunhas à distância.

E é verdade. Não podemos ir a todas, nem estar em todas, mas há uma oportunidade. E eu… Eu sou daquelas que não quer perder a chance. Quero ter histórias para contar, mesmo que seja em modo “treinadora de sofá”. Existirão sensações, o impacto do imediato.

O saber depois incomoda-me. Quero saber no momento. Seja boa ou má noticia. Quero viver consciente do que se passa ao meu redor.

E sim, por vezes, poderá ser “too much information” e também nos distrair do presente. A questão é que a maioria das pessoas tem essa sede, e os smartphones dão-nos essa possibilidade. Torna-se tentador! E alguns dirã que a tentação gera pecado… Ok.

Eu fiz o teste desenvolvido pela Universidade de Iowa para perceber então se sofro de nomofobia, o medo causado pela ideia de estar impossibilitado de comunicar através do telemóvel.

Então com base nas questões, eis o que penso:

1. “Sentir-me- ia desconfortável sem constante acesso à informação através do meu smartphone.” Não. Sentir-me- ia desconfortável se não tivesse constante acesso à Internet.

2. “Ficaria aborrecido se não pudesse procurar informação no meu smartphone quando quisesse. “ Sim… Especialmente quando estou à seca, à espera de alguém, numa longa viagem de comboio, ou, olha, dias de greve. Quando se esperam horas infinitas pelos transportes.. Sim, ficaria aborrecida. É que essa possibilidade do smartphone distrai-me e faz-me aproveitar melhor esse “tempo perdido”.

3. “Estar impedido de consultar informação (como notícias, o tempo, etc.) no meu smartphone deixar-me- ia nervoso.”Lá está.. Dependeria do local. Em casa não uso o smartphone, por exemplo… Tenho outros dispositivos.

4. “Ficaria aborrecido se não pudesse usar o meu smartphone e/ou as suas capacidades quando quero.” De facto, gastar dinheiro num smartphone para não usufruir das suas potencialidades é um bocado estúpido.

5. “Ficar sem bateria no meu smartphone assusta-me.” Não me assusta, chateia-me! Enerva-me! Gasta-se tanto dinheiro num gadget desses por causa das suas capacidades e depois mal as usas… Battery is low. Quite stupid!

6. “Se ficasse sem dinheiro ou atingisse o meu limite mensal de tráfego, entraria em pânico.” Porque não teria Internet móvel? Ou porque teria que repensar no seu uso? E ter cuidado para não vir uma conta grande no final do mês… E também se era no inicio ou mais para o final do mês..

7. “Se não pudesse usar o meu smartphone, ficaria com medo de ficar retido em algum lugar.” Costumam ver cabines telefónicas por aí? Muitas? Vêem pessoas a pedir para usarem o vosso telefone? Emprestariam a um estranho?

8. “Se não pudesse consultar o meu smartphone durante algum tempo, sentiria vontade de o fazer.” Se tivesse a apanhar uma grande seca que é quando normalmente é proibido consultar o smartphone.

9. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me ansioso porque não posso comunicar constantemente com a minha família e amigos.” Só se existisse a possibilidade de ficarem preocupados comigo.. De resto, não se aplica. Não sou do tipo “faladora”. Sou Geek…

10. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me nervoso porque não posso receber mensagens de texto nem chamadas.” Era necessário adorar a minha operadora. É quem me liga mais e quem me envia mais sms’s.

11. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me ansioso porque não estou contactável para a minha família e amigos.” Gosto de estar disponível para as pessoas de quem gosto e me preocupo. Se o smartphone dá-me essa possibilidade, melhor. E se estou disponível, gosto de estar contactável.

12. “Se não tenho o meu smartphone comigo fico nervoso porque não sei se alguém tentou entrar em contacto comigo. “ Eu guardo a sensação que só entram em contacto comigo quando não estou com o meu móvel. Ás vezes, até tenho “lapsos”… Deixo-o “esquecido”. Só para me certificar que não sou o “forever alone”.

13. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me ansioso porque a minha constate ligação com a minha família e amigos é interrompida.” Com ou sem smartphone, eu decido a minha disponibilidade. Gosto de ser eu a escolher. Estar com o smartphone não significa que esteja ligada a eles.

14. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me nervoso porque estou desligada da minha identidade virtual. “ Não sei o que isso significa. Ou prefiro não perceber…

15. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me desconfortável porque não consigo manter-me atualizada nas redes sociais.” A minha cena é mais notícias…. O que se passa de importante nas redes sociais vira noticia e com quem me é próximo saberei por outra via, que não as redes sociais..

16. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me estranho porque não posso consultar as atualizações nas redes sociais e sites.” Posso estar a perder algo importante.. Lá isso é verdade.. Televisão ou rádio?

17. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me ansioso porque não posso consultar o meu email.” Ás vezes é útil… “Desculpa, tenho mesmo que responder a este email. É extremamente importante.”

18. “Se não tenho o meu smartphone comigo sinto-me estranha porque não sei o que fazer.” Sim… Quando estou à espera de alguém no meio da rua, sem nada para fazer, ou sentada num café sem paisagem gira. Sim, dá jeito o smartphone.

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Ana Oliveira
Meninas Geeks

Travel Editor, Content Producer & Social Media Manager.