Como UX, não gostaria de testar minha própria solução

Caio Manzotti
Mergo
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3 min readMay 12, 2017

Acredito que muitos já passaram pela situação de ter que testar sua própria solução, normalmente pela falta de um recurso na empresa para sustentar uma estrutura dedicada a pesquisa. Enfrentei essa situação por muito tempo, mas desde que iniciei como UX na Motorola, esse cenário finalmente mudou. E para muito melhor, visto que não conto com a ajuda de uma pessoa apenas, e sim de uma equipe inteira de pesquisa.

Considero a pesquisa uma das partes mais importantes do processo de design, não só por avaliar as explorações e hipóteses, mas também, porque é um marco no tempo em que você precisa ter algo para ser testado. É essencial estar alinhado com os responsáveis pela área de negócios e pesquisa do produto, apresento a eles o que gostaria de testar e juntos criamos o roteiro da pesquisa com quais perguntas gostaríamos de respostas. Esse alinhamento nos permite manter uma rotina constante de validações realizando em média um teste por semana.

O processo

Não acompanho de perto o teste, na verdade, eu não fico nem na mesma cidade em que eles acontecem, tudo é feito por videoconferência. Utilizando duas câmeras, uma para o aparelho utilizado no teste e outra para ver a pessoa e suas reações. O que de certa forma ajuda quem está assistindo a se conter para não comentar, perguntar algo ou agir de qualquer outra maneira que possa influenciar o participante. Este que aliás, sabe que está sendo gravado, mas não sabe quantas pessoas estão assistindo, até porque isso depende da sessão. É como uma sala espelho, só que online.

Recursos visuais da pesquisa

Uma prática muito interessante e que tem gerado resultados muito positivos é a inclusão de desenvolvedores no acompanhamento dos testes. A cada sessão convidamos um ou dois para acompanhar, e entender como a solução que estamos desenhando é avaliada pelos usuários. E nada é novo para eles, já que desde o começo todos os estudos e explorações são compartilhados com o time. Normalmente os testes são realizados com cinco ou seis participantes de perfis variados, onde todos são devidamente remunerados após dedicar parte do seu dia para nos dar sua opinião.

Uma vantagem enorme de contar com um profissional de pesquisa é a forma que fazem a compilação de dados, além do debate gerado após a maratona de testes, recebo um relatório de orientações sobre os pontos positivos e negativos do que foi testado. E isso não só valida minhas hipóteses, como também, serve de argumento para defender a solução durante as etapas que enfrento até a implementação final.

O aprendizado

O que demorei para perceber é que o fato de eu testar minha própria exploração é algo que mesmo com muito esforço, acabamos influenciando o que está sendo testado, mesmo que minimamente. Seja na forma de introduzir a tarefa ou respondendo a uma pergunta do usuário durante o teste. Outro ponto, é que eu não preciso de uma equipe de pesquisadores chegar a esse resultado, eu poderia simplesmente ter abordado outra pessoa na empresa para fazer esse teste em meu lugar.

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Caio Manzotti
Mergo
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I'm Caio Manzotti, a specialist in designing, implementing, and scaling Design Systems. Currently at Mollie, a fintech in Amsterdam.