Conectando a Antropologia e a Experiência do Usuário

O que os profissionais de UX podem aprender com Robin Dunbar e seu estudo de como os grupos funcionam?

Roney Stones
Mergo
3 min readSep 9, 2013

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Imagem: http://veja.abril.com.br/ciencia/quantos-amigos-voce-consegue-ter/

Robin Dunbar é antropólogo especializado no estudo da evolução da sociabilidade. Seu trabalho é fundamental para a área da Experiência do Usuário e suas descobertas são muito significativas quando tratamos de projetar espaços sociais. Este texto aborda principalmente aquilo que Robin apresentou em sua palestra “Connecting Anthropology and User Experience” na conferência UX Brighton 2011.

O Número de Dunbar

Robin Dunbar é conhecido por ter formulado o Número de Dunbar, que segundo a Wikipedia pode ser definido como o limite cognitivo teórico do número de pessoas com as quais um indivíduo pode manter relações sociais estáveis.

Ele teorizou que quando se trata de relações com outras pessoas, nós temos um limite cognitivo de cerca de 150 indivíduos; número médio de amigos que as pessoas mantém no Facebook e também o tamanho dos grupos ao longo da história, incluindo as aldeias agrícolas neolíticas.

A pesquisa do professor Dunbar analisou como as pessoas interagem umas com as outras e o efeito que a tecnologia tem sobre isso. Nos meios digitais, o Skype foi o mais satisfatório aos usuários. As conversas por vídeos fazem uma imensa diferença pelo imediatismo da interação e principalmente pela possibilidade de vermos as reações das pessoas com que conversamos.

Quanto as categorias de relacionamentos online, verificou-se que as pessoas tem uma “família estável”, porém “amigos frágeis”, com grupos de amizade mudando regularmente. Há também uma diferença na forma como os gêneros se comunicam: as mulheres formam relacionamentos mais próximos apenas conversando, enquanto os homens precisam “fazer coisas juntos”.

Imagem: https://www.youtube.com/watch?v=X5TkzhmVVVg

Em sua pesquisa, Dunbar alerta sobre como a globalização e o aumento das redes sociais podem ter um efeito adverso sobre a qualidade da nossa comunicação e interação. Logo no inicio de sua palestra, ele cita que “o mundo digital não é a resposta para o nosso Nirvana”.

Para se aprofundar mais, recomendo que você leia a entrevista Robin Dunbar: We can only ever have 150 friends at most.

Outros aprendizados sobre as relações

Abaixo, deixo uma lista com alguns dos aprendizados que pude extrair da palestra de Robin Dunbar na UX Brighton 2011:

  • A tecnologia não expande nossos horizontes. Nossos horizontes são limitados pela nossa estrutura.
  • Não importa quantos amigos você tem, você só tem conexões significativas com uma pequena porcentagem. Quanto mais amigos, menor o percentual significativo.
  • Um emoticon de rosto sorridente pode ter um enorme impacto na proximidade emocional entre amigos.
  • Nosso cérebro não pode lidar com a complexidade social, por isso não somos capazes de assimilar tantos amigos.
  • Em mamíferos, quanto maior o cérebro, maior o grupo social.
  • 1.500 é o limite máximo de nomes que podemos associar com rostos.
  • Passados 150 amigos, as relações deixam de ser mútuas.
  • A ausência faz a proximidade emocional mais forte, mas isso é diferente de amizade.
  • O número de características pessoais que você compartilha afeta sua proximidade com as outras pessoas.
  • Habilidades sociais são aprendidas, você não nasceu com elas.

Trabalhar com User Experience é um exercício de compreensão da Psicologia e da Sociologia, por isso há muito que a aprender com o estudo do comportamento social e de como os grupos funcionam. Por isso, espero que esse post desperte seu interesse pelo assunto daqui pra frente :)

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Roney Stones
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