Designers em (form)ação

Eis a minha proposta para designers chegando agora, e para os já crescidinhos. Dois verbos e… ação!

Thiago Esser
Mergo
3 min readOct 17, 2017

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De que é feito um designer? Que sopro vital o anima? Que livros lê? Que cursos frequenta? Que biografias deve mimetizar para se tornar um dos grandes?

Para começo de conversa, vamos partir do senso comum, que prega:

A formação de um designer é um contínuo que não se acaba quando ele recebe um diploma ou certificado ou cargo, porque o mundo muda muito rápida e constantemente, e ele precisa estar sempre se atualizando.

No princípio era o verbo…

Um designer é feito de ações. De verbos que o colocam em movimento. Mas quais exatamente?

Designers precisam [insira o verbo].

Talvez você já conheça as prescrições mais comuns: designers devem codificar (ou não), escrever, desenhar, saber de negócios, falar inglês…

No meu ver, não vale a pena encará-las como fórmulas, esperando que respondam de forma absoluta às nossas indagações. Afinal, se você decidir investir todas as fichas num MBA e depois se der conta que não for um bom passo para a sua carreira, de quem vai cobrar a conta?

Pensando nisso, bolei uma versão mais enxuta, menos prescritiva e mais aberta a interpretações. Ela contém dois verbos somente.

Pensar e fazer. Designers precisam (no lugar de “devem”) pensar e fazer.

Dentro de cada um dos verbos há uma série de outros de que falarei no futuro. O importante agora é fixar esses dois e ver o que eles representam.

Quando comecei como designer gráfico, eu não tinha a mesma concepção que eu tenho agora da profissão. Além de estar meio incerto se era aquilo que eu queria fazer, eu não pensava muito sobre o que aquele trabalho implicava.

Fui aprendendo a dominar algumas ferramentas e desenvolvendo a habilidade para criar materiais gráficos. O retorno dos colegas e clientes era positivo, então vi a oportunidade de fazer algo que recompensava financeiramente, que eu fazia relativamente bem e com algum prazer.

Mais adiante fui observando que os trabalhos que eu considerava mais bem acabados tinham características que se repetiam. Descobri que existiam princípios de design, consolidados a partir da reflexão de designers que nos precederam. Pessoas que pararam para pensar no que estavam fazendo.

Também descobri, trabalhando como web designer, que havia uma forma de projetar soluções menos focadas na ideia e no produto em si, e mais no problema que elas resolviam, ou no resultado que delas era esperado. Isso deu um sentido mais amplo para o que eu fazia, além de as soluções com esse enfoque terem um impacto maior.

De um lado, fui acumulando projetos, trabalhos com produtos digitais, experiências tangíveis do que é ser designer. Essas coisas que eu fiz me mantiveram nessa atividade pelos últimos 15 anos.

Por outro lado, também foram as capacidades de refletir e aprender — pensar — sobre a prática, além de buscar uma postura mais observadora e estratégica, ao longo do tempo, que me tornaram um profissional mais completo.

Designers que pensam e fazem

São profissionais com intento e experimento. Que têm um jeito de pensar e um ofício, simultaneamente. Têm projetos para poder contar histórias e pensar sobre seu impacto no mundo.

Designers que pensam são capazes de refletir sobre quem são e o que fazem, desenvolvendo um repertório e senso crítico ouvindo, vendo, lendo e analisando.

Designers que fazem colocam algo no mundo, construindo e empreendendo.

Designers também pensam-fazem escrevendo, falando e visualizando suas ideias em artefatos como desenhos, vídeos, visualizações de dados ou apresentações.

É um processo introspectivo de elaboração, e outro voltado para o exterior, de realização. Ambos se complementam.

Extra: fiz um resumo visual desse modelo de competências.

E para você, o que é importante na formação de um designer? Deixe seu comentário e vamos seguir nessa conversa :)

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