Estudo de caso: product discovery + product design

Como a paixão pelas HQ's me levou a pensar em um projeto para a troca de quadrinhos e interação com outros colecionadores.

João Facchini
Mergo
5 min readNov 18, 2019

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Sempre fui apaixonado por histórias em quadrinhos, desde criança. Minha mesada ia embora na banca de jornal e ainda assim, era impossível adquirir todos os lançamentos. Mesmo que não curtisse muito a história, o importante acima de tudo era colecionar.

O tempo passou e as aquisições diminuíram, por conta do pouco espaço em meu apartamento. Passei a ser mais criterioso antes de levar algo novo para casa. Agora, sempre é preciso ganhar espaço na estante da sala e decidir de qual edição eu devo me desfazer. Também por questões financeiras, sempre penso que tenho tantas revistas que eu poderia trocar ou vender, mas não tenho onde fazer isso. A troca possibilitaria abrir espaço na estante para novas e melhores histórias.

Palestra de Simone Sancho da Sephora — Adobe Experience House 2019

Plataformas existentes

Eu mesmo já havia tentado trocar minhas HQs no Facebook e… como é difícil! Seu post desaparece muito rápido no meio de tantos outros e não são todos os grupos que aceitam negociação.

Uma saída viável, seria anunciar em sites como o Enjoei ou o Mercado Livre. Mas quanta distração! São tantos produtos que sua oferta acaba sem destaque e passando despercebida. Claro que existem formas de pagamento para ganhar relevância. Na Amazon por exemplo, as taxas são altas e não valem a pena para pequenos lojistas ou colecionadores comuns, criando assim uma barreira de entrada para esse público.

O que dizem os colecionadores

As informações abaixo foram extraídas de uma pesquisa realizada via Google Forms com alguns colecionadores:

O mercado atual

O mercado de entretenimento no Brasil, contando quadrinhos, games e filmes movimenta anualmente 36 bilhões de dólares, segundo a consultoria PWC. O mercado por aqui deve crescer mais do que em qualquer outro lugar do mundo, chegando a movimentar 48 bilhões até 2020, sendo o crescimento absurdo da Comic Con Experience responsável por uma grande parte.

E-commerces pequenos faturam em torno de 300 mil reais mensais com acessórios, camisetas e outros produtos relacionados a este universo. É difícil dizer o valor que apenas as revistas em quadrinhos geram, mas estima-se que embora uma fatia menor, ainda assim, seja uma quantia considerável dentro de todo esse montante bilionário.

A crise no mercado editorial

No Brasil, as livrarias estão passando por uma série crise financeira sendo as histórias em quadrinhos as primeiras sacrificadas, já que sumiram das prateleiras das lojas. O modelo de negócio para livrarias comercializarem HQs não ajuda, pois as próprias livrarias tem que adquirir as quantidades que desejam, manter um estoque e depois, se virarem como podem para competir com os preços baixos praticados pela Amazon.

Enquanto isso, as editoras estão em guerra com a única empresa do país responsável pela distribuição para bancas, a Total, do Grupo Abril, por não concordarem com as condições abusivas praticadas por conta do monopólio. Muitas bancas não recebem mais quadrinhos, deixando os leitores na mão.

Leitores de regiões centrais da cidade de São Paulo tem até certa facilidade para encontrar as revistas nas bancas, pois a distribuidora está localizada na cidade e privilegia essas regiões. Mas leitores do interior mesmo ou outros estados nem sequer chegam a ver as edições nas prateleiras, tendo que recorrer a outros meios para manterem suas coleções atualizadas, como a compra online por exemplo.

Proposta de entrega de valor

Depois de algumas reflexões em cima do business canvas, foi possível enxergar melhor toda a estrutura do novo negócio. Ao longo das diversas versões produzidas, reduziu-se de uma infinidade de possibilidades para um interessante foco inicial, já pensando no MVP. As versões anteriores do canvas não foram descartadas e ficarão como ideias para expandir o produto futuramente.

Apenas depois da 4ª versão, chegou-se a um consenso de como seria a plataforma inicialmente

Proto persona

A proto persona do HQ Lovers foi baseada em uma pesquisa anual realizada pelo Omelete & Co. Os dados foram extraídos da Geek Power 2018.

Jornada do colecionador na plataforma

Protótipo

Avaliação do interesse e resultados

A aceitação do público foi testada através de uma landing page, convidando earlier adopters a se cadastrarem para testar o app antes de todo mundo.

Os acessos à landing page foram impulsionado por posts no Facebook e disparo de e-mail marketing para os colecionadores que participaram da pesquisa inicial, via Google Forms.

Próximos passos

Product Technology — Agora que o potencial do novo negócio é conhecido, será preciso desenvolver e colocar no ar a plataforma para identificar problemas (bugs) e colher feedbacks dos primeiros usuários. O backlog do produto será alimentado através das histórias de usuários que virão pelos feedbacks, sempre priorizando as tarefas mais relevantes para os colecionadores.

Marketing — Após a plataforma estabilizar outro investimento importante seria em marketing, pensando em formas para falar com o público alvo e rentabilizando o HQ Lovers.

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