OnCurso: um estudo de caso UX

Um desafio sobre como podemos criar uma experiência lúdica de preparação para candidatos à concursos públicos.

Bárbara Perri
Mergo
8 min readJul 15, 2019

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Estudo de caso baseado no projeto final do curso de Formação de UX Design da Mergo User Experience, onde criamos o aplicativo OnCurso.

O desafio era trabalharmos em um estudo de caso real, com objetivo de criar uma experiência lúdica de preparação para candidatos à concursos públicos utilizando a tecnologia.

Abaixo descrevo as etapas do processo que utilizamos para a construção do nosso produto.

PESQUISA COM USUÁRIOS

O método de pesquisa que usamos foi a pesquisa qualitativa, onde:

  • Recolhemos os discursos completos e procedemos com a interpretação;
  • Analisamos as relações de significados que se produzem em determinada cultura ou ideologia;
  • Realizamos pesquisas tendo como preocupação a qualidade das informações;
  • Entrevistamos em profundidade os usuários;

MATRIZ CSD
Fizemos a Matriz CSD para entender o que já sabíamos sobre o tema, o que tínhamos dúvidas (que podiam ser investigadas a fundo) e o quais eram nossas hipóteses.

Matriz CSD (certezas, suposições e dúvidas)
Digitalização da Matriz CSD no Miro

ROTEIRO
Iniciamos com uma pergunta mais genérica, para dar início à conversa. Conforme o andamento da entrevista, fomos inserindo perguntas mais específicas e pontuais.

Criamos um roteiro com:
—Objetivos da pesquisa
— Apresentação
— Informações demográficas e de comportamento
— Questões sobre carreira e objetivos ao prestar concursos públicos
— Questões de planejamento e formas de estudo
— Finalização da entrevista

Parte do roteiro da entrevista

ENTREVISTA

Nos dividimos em grupos de apenas 3 pessoas para realizar as entrevistas, pois com poucas pessoas o risco de intimidação do participante diminui e também para que todos ficassem bem acomodados no local.
Distribuímos os papéis entre os membros da equipe de forma que cada um tivesse um propósito claro e visível durante a entrevista.

Papéis desempenhados:
— Entrevistador: Conduzia a conversa com o entrevistado, estimulando as respostas e se necessário e criava conexões empáticas com o entrevistado;
— Observador: Registava a entrevista fazendo anotações;
— Observador / Fotógrafo: Registrava a entrevista com anotações e fotografias;

Cada entrevista teve duração média de 40min onde também fizemos registros de áudio e imagens, onde os entrevistados assinavam um termo de consentimento.

1º pessoa à ser entrevistada
2º pessoa à ser entrevistada
3º pessoa à ser entrevistada - https://youtu.be/aOvspAGjbwE

Coletando dados:
Utilizamos cartões de insights para organizar e sintetizar de maneira prática e eficiente a grande quantidade de informações resultantes de cada pesquisa. Neles, registramos o assunto da fala do entrevistado, os problemas citados, e os desafios com relação ao assunto.

Modelo de Cartão de insight
Cartões de insights sendo preenchidos

PERSONA

Fizemos a criação da persona para que pudéssemos entrar em consenso sobre as necessidades, desejos e limitações dos usuários, para ajudar a manter o foco no usuário durante o projeto, para ajudar na tomada de decisões e facilitar a geração de idéias e identificação de requisitos.
Para criar nossa persona, identificamos as variáveis comportamentais, fizemos a coleta de dados das entrevistas, sintetizamos as características e objetivos relevantes entre os entrevistados e analisamos dados de comportamento que definia tipos de personas.

Persona
Digitalização da Persona no Miro

JORNADA DO USUÁRIO

Fizemos o mapeamento da jornada do usuário para identificar todos os pontos de contato ao se preparar para um concurso público.
De modo que, tudo tem um começo, meio e fim, e que o usuário tem interação com cenários e personagens para atingir seus objetivos.

A jornada é composta por detalhes como: expectativas, emoções, sofrimentos e realizações do usuário.
No decorrer do mapeamento da jornada, praticamos à todo momento a empatia com usuário, de modo que pudéssemos alcançar altos e baixos emocionais e o significado da experiencia para o usuário, com objetivo de identificar inovações, para assim agregar valor.

Jornada do usuário
Digitalização da Jornada do usuário no Miro

PENSANDO NO PRODUTO

O ponto de partida para pensar no briefing do produto, foi um brainstorming para um aplicativo mobile, onde tínhamos o desafio de criar uma experiência lúdica de preparação para candidatos à concursos públicos.

Decidimos o que entraria no briefing, à base de pesquisas, reflexões e negociações, pois é briefing que guia o projeto.

Utilizamos os seguintes questionamentos para criação do briefing:

  1. Qual problema nós queremos solucionar?
  2. Como nosso App irá resolver este problema?
  3. Como se diferencia de outras soluções do mercado?
  4. Para quem (público-alvo)?
  5. Qual é a proposta de valor?
Briefing
Digitalização do Briefing no Miro

TASKFLOW

A tarefa que mapeamos para o usuário realizar, foi planejar uma rotina de estudos, fazer as atividades propostas até concluir com o quiz, onde será feita a avaliação do conhecimento do usuário.

Taskflow
Digitalização da Taskflow no Miro

WIREFRAME

Iniciamos com o wireframe de baixa fidelidade desenhando os sketches no papel, pois são rápidos, de baixo custo e nos ajudaram à identificar previamente os problemas.

Desenvolvimento do Wireframe de baixa fidelidade
Desenvolvimento do Wireframe de baixa fidelidade

PROTÓTIPO NAVEGÁVEL

Para testarmos nossa idéia de forma rápida e eficiente, demos vida ao nosso protótipo navegável de baixa fidelidade com a ajuda do aplicativo Marvel, onde conseguimos validar a idéia do nosso produto junto ao usuário, e descobrir se estávamos seguindo pelo rumo correto com nossa linha de raciocínio.

Construção do protótipo navegável
Algumas telas do protótipo navegável

APLICAÇÃO DO TESTE DE USABILIDADE

Após protótipo navegável de baixa fidelidade feito, passamos para a fase de testar nossa idéia.

Recrutamos participantes do mesmo perfil do nosso público-alvo, por meio de grupos de concurseiros do Facebook (vale lembrar que muitas vezes as pessoas precisam de uma ajuda de custo para aceitarem participar destes testes).

Perfil dos participantes recrutados

Preparamos um questionário com perguntas de perfil (informações demográficas, comportamentais, tarefas diárias, motivações, etc).

No dia agendado, recepcionamos os participantes, demos as recomendações e instruções sobre as tarefas à serem realizadas, passamos para eles assinarem o termo de consentimento à filmagem e gravação daquela experiência, e iniciamos os testes com os usuários individualmente.

Para alcançarmos um bom resultado, nos atentamos em: deixar os participantes à vontade, para que pudessem realizar a tarefa de forma tranquila; não interferir ou ajuda-los à realizar qualquer parte da tarefa, nos preocupando somente em observar e fazer anotações sobre nossas percepções; ser imparcial nas instruções e comentários, para que nossa opinião não os influenciasse no desempenho do teste.

Escolhemos o aplicativo DU Recorder para gravar a navegação do usuário ao realizar as tarefas, para que pudéssemos consultar as gravações se necessário.

Após o término da atividade, conversamos com cada participante sobre as tarefas e demos um brinde de incentivo como forma de agradecimento.

Aplicação do teste de usabilidade usando o DU Recorder

Relatório do teste:

Fizemos um complicado das informações em uma planilha, conversamos com os observadores e alinhamos as percepções, assistimos os vídeos e escutamos os áudios onde conseguimos enriquecer nossa planilha de dados, e definimos a prioridade de cada problema encontrado.

COMPARTILHANDO AS DESCOBERTAS

Com base em uma análise feita das sessões de testes, demos post-its para os integrantes do grupo, pedimos que eles consultassem as anotações, e escrevessem qualquer coisa interessante ou relevante que tenham visto ou ouvido durante a sessão.

Fizemos uso das gravações de áudio para captar citações dos participantes.

Após, dividimos as idéias em diferentes categorias que eram relevantes ao nosso projeto, pot exemplo: Tópicos comuns; Estágios de jornada; Citações; Barreiras; Tipos de usuários.

Com isso, fizemos a revisão das notas, e escrevemos declarações curtas sobre o que nós aprendemos.

Usamos estas descobertas para decidir sobre qual ponto trabalhar, alterar ou pesquisar.

PROPOSTA DE VALOR

Por último, criamos a proposta de valor do nosso produto, para que ela nos mostrasse os benefícios que o cliente vai ter ao usar o nosso produto.

Começamos mapeando o perfil do nosso usuário: O que é importante pra ele? Identificamos o segmento do nosso usuário; suas tarefas; suas dores; seus ganhos; e estabelecemos prioridade para tarefas, dores e ganhos.

Depois passamos para o mapa de valor do nosso produto, no qual mostramos nossos criadores de ganho, mapeando a lista de produtos e serviços, os analgésicos e os criadores de ganhos.

Fizemos então a junção da proposta de valor (benefícios do nosso produto) com o perfil do usuário, para ver se estava adequado com o que o nosso público-alvo espera (isso ocorre quando você completa tarefas relevantes, alivia dores, e cria ganhos importantes para os usuários).

Canvas de Proposta de Valor
Digitalização do Canvas de Proposta de Valor no Miro

PROCESSO DE DESIGN

Este foi o processo de design que seguimos para criar nosso projeto:

Stanford d.school Design Thinking Process
  1. Desafio
    — Matriz CSD
  2. Empathise
    — Entrevistas
    — Personas
  3. Define
    — Jornada do usuário
  4. Ideate
    — Taskflow
  5. Prototype
    — Protótipo navegável
  6. Test
    — Teste de usabilidade

Finalizo aqui nosso estudo de caso do OnCurso, obrigada Edu Agni por ser nosso mentor nesta jornada, e espero que este material lhe sirva de inspiração, e que agregue valor à suas descobertas de processos :)

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