ISA 2017 rumo ao ILA 2018

Mayra Sasso
Mergo
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6 min readNov 13, 2017
#isafloripa17

O Interaction South America este ano reuniu mais de 1.500 participantes, se tornando o maior evento de UX (user experience) do mundo.

Já tinha participado em 2012 SP e em 2014 Buenos Aires. E a mudança que senti foi impressionante. Deixamos de ser lobos solitários criando o “UX” para sermos um bando de mentes fervilhantes interessados e com garra. Muitos estudantes, muitas pessoas sem o UX como cargo de currículo (né Nathalia Andrijic?), muita gente há 17 anos desenhando (como eu), muita gente que mudou de profissão e hoje é UX(Camila Tresano)…

Vi que o profissional de UX foi definitivamente o agente de mudança para muitas empresas. Não mais como departamento, e sim como mudando o pensamento. E agora realmente pude ver que estamos construindo soluções relevantes a empresas, consumidores, sociedade com o pensamento multidisciplinar, de união. Vivemos uma era de integração. As trevas ficaram para trás. O profissional de UX não está mais sozinho. Pensar o consumidor como centro do negócio é REGRA básica.

Claro que ainda temos muito a trazer para o ILA (deixamos de ser América do SUL para ser LATINA). Falamos pouco de ROI e métricas a fundo no palco principal, por exemplo. Ou de futuro, focamos só em inteligência artificial e wearables… O foco ainda é construir. No entanto, comparado a outros encontros já foi para mim muito mais relevante o que ouvi e vi nos últimos anos. <DICA Luis Felipe Fernandes apresentou uma ótima palestra sobre Métrica de Design, vale a pena saber mais.>

Sem ser um assunto explícito, o que mais senti foi que já passamos da fase de criar para um buraco de mercado, e começar a discutir os problemas, as oportunidades entendendo a jornada do consumidor de uma forma ampla — investigando, vendo dados, falando com o usuário e depois construindo soluções relevantes e inovando. E se preciso criando novos modelos de negócio.

E finalmente estamos vendo muito o pensamento de DESIGN sendo usado para construir soluções sociais com o objetivo de transformar o mundo em um lugar mais justo e transparente.

OBS: quando falo de design = projetar soluções para pessoas.

Algumas coisas para refletir:

  1. No Segundo dia começamos com a Maravilhosa Mariana Salgado. E a ela quero agradecer pelo tapa na cara. Não vou falar muito, só dizer que ela nos apresentou o projeto moni.com — um cartão que utiliza a tecnologia de BlockChain para dar identidade a refugiados. Permitindo que eles sejam reconhecidos e possam receber/pagar, ter emprego, ser cidadão. É algo acima do sistema. Que ela construiu ouvindo, chamando o imigrante para mesa e atrelando a tecnologia como meio possível para solução.

E soltou esse pensamento:

Desenhar é incluir e excluir um monte de gente e isso é uma escolha.

Deixou no final um convite para desenharmos mais para inovação social. E diretamente para o Brasil disse que crise é uma oportunidade para posicionar o designer estrategicamente.

Garra amor na coisa…

2. Lucas Radaelli do Google: Que chacoalhão?! Me fez pensar como somos orientados a pensar soluções para as limitações da maioria. E não para todos os usários. Falou de acessibilidade de uma forma simples e direta.

“Para pessoas sem deficiência a tecnologia tornar a vida mais fácil, para aquelas com deficiência, torna possível.”

3. Luis Arnal da Insitum: Apresentou como pensam soluções, colocando o designer como um arquiteto de comportamento. Para Insitum, entender o problema tem que saber os modelos mentais que levaram a ele e que os cercam. Se o designer usa o modelo errado, o resultado será ruim. E a estética é uma pequena parte, não há solução de problema pensando apenas em estética. Investigação é uma importante parte de qualquer projeto, sem ela não dá para conhecer a fundo quem vive o problema. E para solucionar precisamos trazer a compaixão por quem será impactado (mais que a empatia).

Trouxe um conceito que eu particularmente ando muito curiosa: economia comportamental. Ele ao longo da apresentação passou pelos 5 comportamentos humanos para tomada de decisão. Se você trabalha com design e com consumidores, vem comigo nessa e estude este assunto.

Indicou ler o autor Richard H. Thaler, nobel da economia 2017. Tem como principal livro o Nudge e outros títulos muito interessantes. Há uma biblioteca nudgelibrary.com

4. Cinthia Savard da Shopify: Nos lembrou o quanto um design pode ser fatal. Quantas vezes pensamos o quanto nosso desenho causa de incomodo ou outros problemas maiores em quem usa? Ela indicou o próprio livro (que particularmente fiquei doida para ler porque ela é muito gente boa e falou coisas super relevantes):

“Tragic Design: The Impact of Bad Product Design and How to Fix It” por Jonathan Shariat,‎ Cynthia Savard Saucier

5. Elaine Ann nos apresentou a China: Sobre isso vou assim que conseguir colocar a apresentação inteira dela disponível, porque é um mundo literalmente novo para se falar.

Nesse meio tempo: vá conhecer a potência BAT.

Isso serve de introdução: Alibaba bate recorde e vende US$ 25,4 bilhões no Dia do Solteiro

Fica a dica de um livro: The Geography of Thought: How Asians and Westerners Think Differently por Richard Nisbett

6. Heiko Waetcher da Huge: Falou sobre máquinas emocionalmente inteligentes. E usou as referências mais fofas para argumentar. Apresentou uma pesquisa que fizeram com usuários de assistentes pessoais e para os usuários a interação com essas máquinas significa relacionamento (BOOOMM).

Context is king.

7. Andrew Kaufteil da Cooper: Para ele mudança positiva significativa inovação. E em 3 a 5 anos isso vai pilotar as decisões das empresas. Disse também que Liderança é essencial para implementar a visão nas empresas. Não adianta um departamento de inovação… A empresa precisa estar direcionada para isso. E ter um time com diversidade de perspectiva é essencial. Na Cooper eles trabalham muito integrado, tendo o time como agente da implementação da inovação. Para prepará-los ele usa a técnica de Radical Condor (empatia assertiva) para evolução pessoal e de time.

8. Christopher Conrad da Konrad King: Perguntou “estamos investindo em inteligência artificial. E a inteligência humana?” Very Good Question, Chris. Você conhece o comportamento humano a fundo? Antes de pensar em máquinas inteligentes, acho bom voltarmos pros estudos… Muito ligado ao tema Luis Arnal da Insitum.

Indicou o livro “Rápido e Devagar — Duas Formas de Pensar” Kahneman, Daniel

9. Anderson Gomes Silva da Youse: Nos lembrou que o UX apenas experiência sem o usuário é só o “X”. Falou muito sobre a liderança de UX. E nos indicou o livro: How Successful People Lead: Taking Your Influence to the Next Level por John C. Maxwell

GET RID OF YOUR EGO DECISIONS. Design is not a department. It needs to be the change.

E falou que para ser líder devemos entender e balancear o time, você não precisa ser expert em tudo, tem que trabalhar com multidisciplina e pensamentos diversos. E escolher no que tem que parar de fazer para se dedicar a liderar um time. Get busy making changes, not excuses. Indicou também para isso: “The Hard Thing About Hard Things: Building a Business When There Are No Easy Answers” por Ben Horowitz.

O exemplo da Youse é bem interessante, construiu solução para um mercado extremamente conservador. Vale a pena acompanhar o que mais eles podem fazer…

Nos vemos no Rio…

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Mayra Sasso
Mergo
Writer for

UX Strategist and Teacher. Complex projects researcher and solver. Working with User Centered projects since 2000. UX Director @ Try.