O mito do “time colaborativo”: quando a soma das partes é menor que a performance individual

Gestão, motivação, benefícios, controles… como sair da preguiça social para a sinergia em trabalhos colaborativos?

Igor Drudi
Mergo
3 min readJan 11, 2018

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Vocês já devem ter percebido, seja na época da escola, da universidade ou na maioria dos ambientes de trabalho: pessoas que preferem trabalhar sozinhas por que quando estão em grupo, parte deste não se esforça ou não se dedica o suficiente para se alcançarem os objetivos, muitas vezes sobrando para um ou outro integrante operacionalizar tudo, fazendo com que todos levarem o crédito.

Quando as pessoas se juntam para um empreendimento, espera-se que o resultado objetivo seja maior que a simples somatória das performances individuais, ou numa metáfora linguística com o campo da física / química (eu acho), espera-se que exista sinergia.

Sinergia: o todo supera a soma das partes

Pois bem, mas não é isso que encontra-se normalmente.

O que acontece é o que chamamos de fenômeno da preguiça social em trabalho em equipe, ou em inglês, social loafing. O termo deriva da pesquisa realizada pelo francês Max Ringelmann em 1883, no qual realizou um experimento com pessoas puxando uma corda, analisando os comportamentos individuais e os coletivos, conjuntamente a medição da tração exercida na corda. Descobriu que, obviamente, a força do grupo crescia, porém, a força média exercida pelos indivíduos diminuía e esse aspecto chamou de “esforço mínimo”, que é o comportamento dos indivíduos em diminuir os esforços conforme mais pessoas agregam o grupo para a realização da tarefa. A pesquisa teve mais experimentos e profundidade, mas o insight é suficiente para contextualizar o desafio: como sair da preguiça social para a sinergia em trabalhos colaborativos?

Gestão, motivação, benefícios, controles… As receitas pipocam em livros, “coachs” e formações de líderes, mas no fim acabam convergindo para o desenvolvimento de propósito claro para todos os participantes (o “por que isso precisa ocorrer”, ou o “por que devo fazer”) e protagonismo (“sou responsável, dependo de alguém e alguém depende de mim, não estou anônimo na multidão”).

Levanto essa discussão pois não somente acredito no poder do coletivo e no potencial dos resultados obtidos de forma colaborativa, mas por diversas experiências de social loafing acontecendo tanto em projeto quanto em sala de aula, não por alguma maldade ou intenção (mas não se descarta) mas pela natureza humana de economizar energia e esforço quando não se engaja realmente com a atividade. Eu já me “larguei” na preguiça social, com certeza.

As habilidades de liderança e facilitação são preponderantes para os times liberarem todo o potencial criativo e o desempenho dos seus resultados (independente se o crachá tem a posição de liderança). E quanto maior a consciência dos integrantes a respeito, menor a tendencia de se esconderem dentro do grupo. Muitas vezes em abordagens como os métodos ágeis ou o design thinking o termo colaboração soa bonito e descolado, mas a vida prática proporciona desafios que não são feitos de post-its.

Você já se deparou com esta situação?

Um grande abraço e até mais!

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Igor Drudi
Mergo
Writer for

Designer e consultor apaixonado por inovação e a capacidade da criatividade mudar paradigmas, desenvolvendo projetos de impacto centrados em pessoas.