Saqueadores na Fronteira — Quando o Old School homenageia Dungeon World!

Alisson Vitório
Mestre das Antigas
Published in
3 min readJan 19, 2018

Em 4 de Junho de 2012, Dungeon World era financiado via Kickstarter. Seu lema de ser “Um jogo com regras modernas inspirado no estilo de jogo Old School” chamava atenção de alguns jogadores em busca de algo novo.

Estávamos à procura daquela sensação agradável, de envolver-se em aventuras de exploração de masmorras, arriscar-se por tesouros e enfrentar desafios, com um sistema que prometia auxiliar o grupo a contar essas histórias, e regras elegantes para impulsionar o fluxo ficcional sempre para frente.

Dungeon World faz uma homenagem ao estilo “Old School”, inspirado no famoso clássico Dungeons & Dragons de Moldvay, considerado por muitos a melhor versão do jogo. Porém há uma grande diferença: Nele os jogadores representam heróis lendários desde o primeiro nível. Não que os aventureiros de Dungeon World sejam seres superpoderosos. Muito pelo contrário, mas eles são únicos.

Ainda que o jogo seja incrível, sentíamos falta de um aspecto muito explorado nos jogos Old School de ficção fantástica, que é apreciado por muitos — a possibilidade de representar aventureiros no início da carreira, com seus vícios e ganâncias, ambiciosos por explorar lugares esquecidos em busca de alguma riqueza em ruínas, e aposentar-se confortavelmente.

É aí que entra o Saqueadores na Fronteira (SnF). Um suplemento no qual o Old School faz uma homenagem ao Dungeon World, que entrará em Financiamento Coletivo a partir do dia 29.01.2018!

O autor, Jason Lutes, o qual considero um dos melhores escritores de produtos para DW, foi extremamente feliz ao escolher as fontes de inspiração para o desenvolvimento do material:

  • Dungeons & Dragons, edição “white box”, por Gygax & Arneson (TSR,1974);
  • Dungeon Crawl Classics Role Playing Game, por Joseph Goodman (Goodman Games, 2012);
  • Wilderlands of High Fantasy, primeira edição, por Bill Owen e Bob Bledsaw (Judge’s Guild, 1977);
  • the Dying Earth book series, por Jack Vance;
  • the “West Marches” posts por Ben Robbins em seu blog, ars ludi; the long California summers of 1977–1982.

Em Saqueadores o objetivo é sobreviver o bastante para ter 10.000 peças de prata, algo suficiente para se aposentarem confortavelmente e verem seus feitos se tornarem lendas, cantadas por bardos de costa a costa por todo o reino.

Personagens e Regras

Toda dinâmica do Dungeon World foi mantida, o fluxo ficção que engatilha um movimento que impulsiona ficção, é a mola mestra. Mas há diferenças significativas na criação de personagens, regras e movimentos customizados para esse estilo específico de jogo.

  1. Os atributos são rolados. Mas há como compensar rolagens ruins se você Queimar Sorte.
  2. De acordo com a classe escolhida — Guerreiro (d10), Clérigo (d8), Ladrão (d6) e Feiticeiro (d4) — o Dado de Vida (DV) correspondente é rolado e somado a CON (modificador de constituição) para obter os Pontos de Vida (iniciais). Tal rolagem é repetida a cada nível par.
  3. Como os PJs são aventureiros no início da carreira, as classes podem ser repetidas.
  4. Os atributos podem ser danificados (lidar com as energias sinistras da magia podem resultar nisso, por exemplo). Inclusive permanentemente.
  5. Feitiços não possuem efeitos definidos. Agora eles são criados aleatoriamente através de rótulos que carregam significado à ficção. Dessa maneira você pode rolar uma certa quantidade de dados (feitiços poderosos possuem mais rótulos), e obter um Fogo Demoníaco de Lafoo. O Mestre e o jogador usarão esses rótulos para descrever efeitos e consequências quando o feitiço for conjurado. Essa foi uma das sacadas mais geniais do autor!
  6. Falando em feitiços, caso um resultado de 9- seja rolado quando Conjurar um Feitiço, um Acidente Arcano acontece (num 6- ele é ainda mais severo). Promovendo consequências adicionais catastróficas.
  7. Dados de Dano — Agora depende da arma utilizada.
  8. Há tabelas para geração aleatória de nome, aparência, características (vícios e virtudes), etc.

Concluindo a Jornada

Vocês devem estar se perguntando se Saqueadores na Fronteira vale a pena, diante de tantos jogos Old School de fantasia disponíveis. Eu diria que para os amantes de Dungeon World é essencial, mais do que isso, o trabalho de Jason Luttes é cuidadoso e impecável.

Para os que não conhecem, é uma oportunidade imperdível de reunir dois produtos com um único golpe certeiro. O Financiamento Coletivo do Saqueadores na Fronteira terá níveis de apoio bem convidativos.

Além disso, produzirei um Iniciador de Aventura, com bastante conteúdo, caso a meta extra seja atingida!

Saqueadores na Fronteira é um material que ao ser lido provoca uma vontade arrebatadora de contar uma história com os amigos, tirar o pó de velhos pergaminhos, desembainhar sua espada, erguer um archote crepitando e aventurar-se.

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