Supertransitivo

Ras Anders
Cartas em Metáforas ou Nossas Desvidas
2 min readOct 27, 2022

Aquilo de fazer linha reta, o disse o que digo, não me cabe. Gosto das entrelinhas que suspiram sussurros ecoando naquele calor do peito. Aliás, estou bastante neste verbo: suspirar. Deve ser porque ultimamente tem me faltado o mesmo. Já não há tantas oportunidades para realizar este verbo supertransitivo. Sim, ele é supertransitivo pois brota somente em condições extremas. Ou poderia chamar extremotransitivo, mas não. Muito feio esse nome. Supertransitivo traduz o que senti naquele dia em que escreveu aquele pedaço teu para mim. Posso dizer também que quero mudar o pronome eu e usarei mais eles e elas numa tentativa de estar mais perto daquela que me ensinou sem querer me contar. Coisa que reparei agora, agorinha mesmo enquanto cantava “… perdoa, que a mágoa amarga o peito, amor… me perdoa” é que tu nunca mencionou minha vida pessoal. Eu já joguei tanto a tua nos seus olhos e tu nunca fez o mesmo. Por quê? Me possuo intrigado. Sei também que quis me dar um fora, mas apagou. Às vezes é preciso largar para seguir em frente e eu acho que nunca mudaria totalmente a minha vida por você. Tu deve pensar o mesmo. Não julgo. Nisso, somos bem parecidos. A curiosidade de sentir um pouco um do outro, assim, só pelo ver como vai ser, também. Outra dúvida que tenho: Você se edita? Como é o teu processo criativo? Ou os processos… porque isso é curiosidade de fã e, antes de quase tudo, sou seu fã. Se algum dia me perguntarem sobre minhas influências, direi que uma delas é uma fulana a qual não posso dizer o nome, mas mudou totalmente a forma como vejo escrever e como a sinto em relação à musas e a tal da inspiração. Esta última, pois que somente vem da vontade de obter uma resposta e imaginar sendo o não sendo. Um suspirar por assim dizer, desses que cabem nas linhas tortas dos ditos que não disse. Preciso treinar minha terceira pessoa, pois a primeira, cansou.

--

--