Alea e Mimicry como Influenciadores no Deckbuild de Magic: The Gathering

Tristan Lima
Metagame
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4 min readJul 19, 2019

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Fonte: magic.wizards.com

O primeiro passo para qualquer iniciante em um Trading Card Game (Jogo de Cartas Trocáveis) é o famoso processo de montar um baralho, ou, como é mais chamado no âmbito desse tipo de jogo, deck. Tal processo leva o nome de deckbuilding, que significa literalmente construção de baralho. Ao se deparar com Magic pela primeira vez, o jogador irá conhecer as cinco cores (elementos) que ditam os tipos principais de cartas presentes no jogo: preto, azul, verde, vermelho e branco.

fonte: cafeinstamina.blogspot.com

Cada cor representa um tipo de mana, que é a fonte de poder do jogador de Magic. Ele irá incorporar durante o jogo um feiticeiro chamado de planinauta (planeswalker), que controla esses elementos a seu bel prazer para invocar criaturas, feitiços, encantamentos entre outros subtipos de cartas. Cada carta possui um custo quantitativo de mana para ser usada, e o que determina essa quantidade são as cartas que geram cargas de mana. As mais comuns são os terrenos, possuindo um tipo diferente para cada cor.

As cartas brancas simbolizam a luz, proteção, cura e ordem e são representadas pelo terreno planície. As cartas pretas representam a escuridão, morte e doença e são relacionadas ao terreno do pântano . As azuis simbolizam o conhecimento, ilusão e manipulação e tem como terreno a ilha, enquanto as cartas vermelhas são marcadas pelo caos, guerra, fortalecimento e poder, são representadas pelo terreno montanha; por fim, as cartas verdes simbolizam a vida e a natureza, e seu terreno é a floresta.

Planeswalkers. Fonte: ligamagic.com.br

É importante destacar esse background narrativo de Magic, pois ele desperta uma sensação de preferência e representação ao jogador. Esse potencial representativo leva o iniciante a escolher qual ou quais cores irão compor seu primeiro deck e qual será o objetivo que ele deverá cumprir. Todo esse background é relacionado com uma tipologia, defendida nos estudos sociológicos de Roger Caillois, que define certas características que um jogo tem. Ela oferece as categorias de alea, agon, mimicry e ilinx. Cada uma respectivamente se conecta com as noções de aleatoriedade, competitividade, representatividade e risco físico. Nesta análise, como está sendo trabalhado o processo de deckbuilding, iremos focar especificamente em alea e mimicry.

O fator representativo citado acima é estritamente ligado ao mimicry, que trata especificamente da capacidade que um jogo pode ter de despertar um sentimento de role play, ou seja, interpretar um papel ou um personagem, o que leva ao jogador uma liberdade de criar um contexto próprio e expressivo durante o deckbuild, trazendo um potencial criativo bastante atraente para os iniciantes de Magic e um fator de diversão durante a atividade de construir um deck, que contorna um possível teor maçante que ela tem.

Fonte: magic.wizards.com

Quando tratamos de alea no cenário do deckbuilding, lidamos exatamente com o fator de consistência que o deck deve ter. Durante uma partida de Magic, a mão inicial de cada jogador deve ter 7 cartas; e para que o fluxo do jogo seja consistente durante a partida, o ideal é que nesta mão inicial venha pelo menos 2 a 3 terrenos, a fim de conseguir usar as outras cartas presentes no deck. Dito isso, é durante a construção do deck que se visa equilibrar ao máximo o fator de aleatoriedade que é gerado quando ele é embaralhado antes de iniciar a partida.

É recomendado para os iniciantes montar um deck de 40 cartas, no qual pelo menos 14 a 16 dessas cartas sejam terrenos, outras 13 a 14 sejam de criaturas e as restantes se dividem entre outras categorias de cartas. Esses números refletem exatamente nas chances de uma mão de 7 cartas vir o mais consistente possível e que o jogador não se frustre por estar operando uma mão ruim com frequência. Teoricamente, costuma-se entender que o fator de alea se relaciona com a pura randomização que geralmente se obtém com jogos baseados em dados, mas ela também existe nessas probabilidades a serem trabalhadas durante o deckbuilding.

Assim, podemos perceber como esses fatores se encontram evidentes durante a construção do deck de Magic: The Gathering, e como eles se tornam o primeiro passo para adentrar no Trading Card Game de maneira mais estratégica, lúdica e principalmente, divertida.

Fonte: nohighscores.com

Artigo realizado por:
Tristan Lima
Lívia Fernandes
Ana Beatriz Gomes

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