Siga as regras ou morra tentando

Dara Coema
Metagame
Published in
3 min readJun 21, 2016

Keep Talking and Nobody Explodes é um puzzle cooperativo que se sustenta na sua irritação com a (constante) derrota e a necessidade de superá-la, e seu único objetivo é criar caos e animosidade entre você e seus companheiros de jogatina. Ou diversão.

Para começar o jogo, você irá precisar de no mínimo duas pessoas (ou fazer que nem esse cara e jogar com uma inteligência artificial), onde uma será o jogador que irá de fato desarmar a bomba, passando as características da mesma para o outro jogador, e a outra será o “expert”, que irá fornecer as instruções do “Manual Para Desarmar Bombas”.

Perdão pelo vacilo, mas tem o Didi Braguinha do MRG ❤

Antes de mais nada, o que é agência? Basicamente, “player agency” se refere ao nível de controle e interação que o jogador possui. O que o jogador pode fazer e como isso afeta o jogo em si.

Em Keep Talking and Nobody Explodes antes mesmo do jogo começar já são apresentadas regras. O jogador que desarma a bomba não poderá olhar para o manual e o “expert”, que dá as instruções, não poderá olhar para a tela do jogo. Dois papéis definidos. É claro, você pode ignorar essas regras (CHEATER!) e ainda vai conseguir jogar, então nessa questão não existe um controle definitivo sobre o jogador. Mas para jogar você deve seguir um manual com instruções e decisões corretas a se fazer para desarmar os módulos e consequentemente desarmar a bomba. Você não pode inventar novas formas de desarmar e não existem possibilidades e caminhos diferentes a tomar. Para cada situação, existe a resposta correta. Ou você segue as regras, ou você explode.

Diferente de puzzles que envolvem física, como Dreii e Portal, onde são dadas a situação e determinadas ações que você pode fazer (pular, atirar, segurar, etc) mas como você vai agir para resolver o puzzle é uma decisão sua, o que cria uma gama de possibilidades e soluções.

Em jogos de certa forma roteirizados, como Keep Talking and Nobody Explodes, a agência do jogador é mínima e não há uma interação significativa do jogador com o jogo, não há poder nem oportunidade de manipulação sobre o design do jogo.

Referências:

Grupo: Dara Coema e Pedro Campos

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Dara Coema
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