Conteúdo: Como não perder o bonde da internet

Hilário Júnior
Metheoro's Collection
4 min readMay 21, 2015

No último final de semana conversei com alguns amigos sobre blogs, perfis no twitter e páginas no facebook que fizeram muito sucesso durante um determinado tempo e caíram no ostracismo da rede algum tempo depois. Não falo aqui de “tumblrs do dia” ou “o novo meme do momento”, to falando daquele blog “imperdível” que você acessava todos os dias, conversava sobre os posts com os amigos e se divertia lendo os comentários das postagens…

É muito difícil acharmos na internet brasileira (mundial?) exemplos de bons sites que mantém seu viés relevante e sua criação no topo das discussões da rede. Aqui no Brasil eu posso citar de cabeça: Rosana Hermann, que surfa na blogosfera desde sempre; Alexandre Inagaki, que tem um blog com viés mais pessoal, mas mantém projetos de conteúdo para marcas muito interessantes e importantes; O Não Salvo, que particularmente não é meu conteúdo favorito, mas é inegável seu approach e relevância com o jovem entre 16 e 23 anos, o pessoal do B9, a galera do Tecnoblog entre outros, mas bem poucos…

(quem tiver mais contribuições de criadores de conteúdos longevos e que tenham/mantenham sua relevância por mais de cinco anos, pode citar nos comentários).

Fui então buscar lá fora uma opinião para embasar melhor o que penso:

A receita para um excelente blog é ser obcecado com as coisas que você quer comunicar para os outros. Dinheiro não é a chave de tudo, se o BoingBoing parar de fazer dinheiro amanhã, eu ainda vou estar querendo falar sobre essas coisas.

Mark Frauenfelder, criador do BoingBoing, blog americano que existe desde 2000 — na real o BoingBoing era um Zine nos anos 80 e depois um site estático na segunda metade dos anos 90, quando então migrou para a plataforma blogger — com mais de 2,5 milhões de acessos e considerado um dos mais influentes do mundo.

Logo depois que lancei o meu relatório/carta de apresentação sobre o BuzzFeed, muita gente veio me procurar para “tentar entender como transformar sua ideia em dinheiro e sucesso”. É até um lugar comum essa história de que não podemos visar o dinheiro como fim assim que lançamos um projeto na internet, mas faz todo o sentido, Frauenfelder confirma isso. Acho que você tem que se perguntar todo o tempo é: Isso vai me dar tesão e eu vou conseguir que outras pessoas sintam o mesmo que eu sinto? Internet é muito feeling.

Não existe um manual pronto (mesmo que muitos Gurus do Marketing Digital digam o contrário) de como produzir e atrair leitores, fãs, audiência. A empatia, a pesquisa constante, a renovação do linguajar e estar antenado são sine qua nons, como também o são o pensamento estratégico, a política de boa vizinhança e ampliação de network e o pensamento empreendedor.

Você atingiu um certo patamar na rede e acha que isso vai ser bom e vai dar pra manter? Ótimo, comece a pensar seu conteúdo estrategicamente. Nunca, em hipótese alguma, se torne refém de uma única plataforma. Redes sociais mudam seus termos de uso o tempo todo para se adequar a planos de negócio mutantes… se você atingiu uma determinada massa crítica, migre seu conteúdo para outras redes e alcance novos públicos, ou mesmo avance mais sobre o seu nicho.

Se toda a sua audiência é baseada no Facebook e você não tem dinheiro para investir em Ads, aproveite que o Mark não está entregando seus posts e migre uma parte para outra rede e pense coisas novas para outras plataformas complementares: Instagram, Youtube, Twitter… Não existe mais essa de receber um conteúdo e interagir com uma marca/formador de opinião em um único canal. Já parou pra pensar em fazer seus posts diretamente na página do facebook ao invés de apenas no blog? Ou estrear um novo canal no Linkedin, Medium, Tumblr?

Tenho visto muita gente boa ficar pelo caminho por pura preguiça ou falta de visão estratégica. É aquele momento em que várias pessoas começam a usar uma nova rede social (o Snapchat, por exemplo) e ao invés da pessoa que vive de conteúdo se mostrar aberta ao novo, ela vai lá e cria empecilhos para entrar naquela rede. “Não sei usar”, “Acho que não é para a minha idade”, “Mas quem usa esta merda?”.

O problema não é (apenas) a plataforma. O problema (pode ser) é você!

Todos os dias em grupos de discussão vejo pessoas reclamando sobre o algoritmo do Facebook; A concorrência no Youtube; O quanto é chato que o “twitter morreu” etc etc… culpam diariamente as plataformas por seu conteúdo não parecer relevante, quando elas deveriam era se perguntar justamente o contrário: Por que o meu conteúdo deixou de ser relevante?

Em 2014 fiz uma cobertura do BBB, para o Closet Online, e foquei o twitter como plataforma de divulgação. Qual não foi minha surpresa que semanas depoistínhamos links na rede do passarinho com mais de 5 mil cliques e mais de 400 compartilhamentos? Os posts para o BuzzFeed foram pensados por plataforma e como o conteúdo seria distribuído nas mesmas. Por isso, a audiência via apps de celular (alguém ouviu whatsapp?) em um determinado post, era muito mais importante que a audiência vinda do Facebook, e vice-versa.

Estas estratégias tem muito menos a ver com o assunto e muito mais com a forma como são compartilhados, pensados e digeridos pelo público, do que muita gente pode pensar. No fim, paixão é o que você tem que passar para quem vai consumir o conteúdo, seja em um canal proprietário, seja em um canal de marca. Mas saber como envelopar e com quem falar, também está dentro do pacote.

Poste originalmente publicado no Linkedin Pulse.

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Hilário Júnior
Metheoro's Collection

Social Media and Digital Marketing Specialist — Ch-ch-changes (turn and face the strange)