A debandada catalã: como a relação se desgastou e para onde vai Lionel Messi caso deixe o Barcelona

O rei do Camp Nou pela primeira vez em sua carreira deseja deixar seu trono e romper a dinastia que construiu

João Pedro Ramalho
Mezzala
5 min readSep 3, 2020

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Foto : Manu Fernandez

Acabou o amor. O casamento de quase vinte anos entre Lionel Messi e Barcelona parece ter chegado em seu estágio derradeiro. A vexaminosa derrota para o Bayern München na Champions League foi o estopim para o término de uma relação que já se lapidava insustentável. Ademais, as acusações de corrupção e finanças desequilibradas fizeram o craque argentino se questionar se o clube catalão ainda é “més que um club”. Dessa forma, o gênio seis vezes eleito melhor do mundo quer deixar a Catalunha e vestir outra camisa pela primeira vez em sua carreira.

NOVELA ESPANHOLA

Já prevendo uma disputa no tribunal, o argentino enviou ao Barcelona um burofax, serviço utilizado para enviar documentos relevantes de forma urgente, formalizando sua intenção de sair.

Contudo, esse divórcio entre as partes deve se alongar por mais alguns capítulos. Há uma cláusula no contrato assinado entre Messi e Barcelona, em 2017, que permite o argentino deixar o Barça ao fim da temporada. Com a problemática da pandemia e as consequências que ela trouxe para o mundo esportivo, as temporadas foram alongadas, e o astro estaria no direito de exercer unilateralmente essa condição após o término da UCL. Todavia, os Culés alegam que são respaldados pelo contrato que estipula o fim em 31 de maio, quase três meses antes de Lionel pedir a rescisão contratual. Assim, enquanto o embate burocrático não é finalizado, o astro de 33 anos só deixa a Catalunha se pagarem € 700 milhões. Caso o argentino decida ficar, seu contrato com o clube catalão termina em junho de 2021. Após o término, Messi pode deixar o Camp Nou de graça.

DESPOTISMO DE BARTOMEU

A gestão de Josep Maria Bartomeu certamente ficará marcada de forma negativa na história blaugrana. Em meio a pandemia, demissões em massa na direção da instituição denunciaram a existência de corrupção dentro da cúpula que dirige o clube.

Além disso, durante seu mandato, iniciado em 2014, o fluxo de capital em transferências passou dos € 1 bilhão. De lá pra cá, dos 33 jogadores contratados em sua autoria, apenas 14 (42%) terminaram a última temporada no Barcelona, incluindo o já negociado Arthur, reforço da Juventus (ITA).

A negociação frustrada para repatriar Neymar também foi alvo de críticas, nas quais Léo demonstrou seu ceticismo em relação a direção do clube. Outrossim, sem ter conquistado nenhum título sob o comando de Setién, o Barcelona fez sua pior temporada desde 2008.

Em um jogo de xadrez, Bartomeu move suas peças para evitar que sua imagem seja ainda mais manchada. O presidente anunciou publicamente que estaria disposto a renunciar para o fico de Messi, conduzindo a saída do ídolo para um âmbito pessoal e egocêntrico do craque.

Foto: Germán Parga/Barcelona

OS ONZE DE KOEMAN

A reformulação pós 8 a 2 começou com a já esperada queda de Quique Setién. A chegada do holandês Ronald Koeman, ex-jogador dos Culés, é a primeira tentativa de resgatar o DNA barcelonista.

Essa restruturação foi iniciada com a “limpa” do elenco envelhecido. O primeiro a deixar o clube foi Ivan Rakitic, negociado com o Sevilla (ESP). Outros dois atletas que Koeman também não pretende contar para a temporada são Arturo Vidal e Suárez, os únicos a não ficarem em silêncio em relação a saída de Messi. O uruguaio também é um dos melhores amigos do argentino dentro do futebol, fator que pode pesar na decisão de permanência.

Foto : Josep Lago / AFP

PRETENDENTES

Com o melhor jogador do planeta tendo seu passe livre, alguns clubes estão monitorando a situação do craque.

Manchester City

Os Citiziens estão na pole position para contratar Léo. A direção do City aposta num plano atrativo para convence-lo. O principal ponto que os torna favoritos na briga é o fato de terem Pep Guardiola. Com o técnico espanhol, o gênio argentino conquistou pelas primeiras vezes o prêmio de melhor do mundo. Além disso, sob o comando de Pep, o Barcelona ganhou 14 títulos, inclusive duas Champions League.

O ídolo dos Cúles chegaria ao Etihad para ter o maior salário do elenco, em um contrato de cinco temporadas e € 750 milhões envolvidos. Posteriormente poderia se tornar embaixador da marca City Football Group, que dirige tanto o Manchester City quanto o Ney York City.

Outro chamativo seria jogar a Premier League, competição mais equilibrada da Europa, ao lado de Kun Agüero, seu companheiro de Seleção Argentina e o qual escolheu Lionel para ser padrinho de seu filho.

O 4–3–3 padrão dos Citiziens poderia contar com variáveis em função do novo contratado. A mais presumível escalação contaria com o craque aberto pela ponta direita, ao lado do meia Kevin De Bryune. Nessa região do campo, o argentino de 33 anos viveu um de seus auges, especialmente desde a chegada de Suárez ao Barcelona. Uma semelhante opção seria o mesmo 4–3–3 com Messi centralizado e exercendo a função de falso 9, como já exercia no Barcelona histórico de Pep Guardiola. Nesse esquema, o argentino Agüero ficaria fora da equipe titular e o trio de ataque ganharia velocidade e mobilidade com Raheem Sterling e Riyad Mahrez abertos.

Paris Saint Germain

Os franceses vem logo atrás na briga por Messi. Os dirigentes dos Les Parisiens já fizeram contato formal com o pai do argentino para abrirem negociações.

A chance de reviver a dupla com Neymar é vista com bons olhos pelo craque. Da mesma forma, formar um trio de ataque ao lado da estrela brasileira e Kylian Mbappé é um dos atrativos. O argentino Di María também é importante nessa investida do PSG para buscar o craque. Além disso, o desafio de conquistar de forma inédita a Champions League ao lado dos franceses é um motivacional.

Na equipe comandada pelo alemão Thomas Tuchel, o padrão tático contaria com o trio de ataque mais poderoso da Europa. O 4–3–3 dos parisienses permitiria algumas opções. A mais plausível teria Lionel Messi aberto pela direita, com o francês Mbappé centralizado e Neymar aberto pela esquerda, idealizando um dos melhores ataques da história do futebol europeu.

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