A esperança do Barcelona: O Xavismo

Sob o comando de Xavi, o Barcelona reencontra o seu bom futebol

Enzo Garcia
Mezzala
5 min readMar 28, 2022

--

Xavi comemorando sob o comando dos Culés (foto: reprodução/Al Saad)

O FC Barcelona vem de alguns anos conturbados. Muitos técnicos não só não tiveram sucesso, mas também bagunçaram o clube e mostraram isso dentro de campo. Finalmente, desde a saída de Lionel Messi, o clube catalão se reencontrou sob o comando de Xavi Hernandéz, ex-meia e um dos maiores ídolos da instituição como jogador. Agora, o espanhol busca sucesso como técnico da equipe.

Período Conturbado

Ronald Koeman decepcionado (foto: reprodução)

Algo que no Barcelona sempre encantou, seja nos tempos de Cruyff, na década passada em sua dominância com Guardiola e até nos tempos de comando de Luís Enrique, era a identidade da equipe. Contudo, a filosofia de modelo de jogo personificada no Barça durante década estava sendo perdida após a saída do presidente Joan Laporta e pela péssima administração do presidente Josep Maria Bartomeu; a saída dos jogadores que atuaram naqueles lendários elencos e a contratação de treinadores que tentavam implantar ideias novas não se encaixaram.

No início da temporada, o maior jogador da história do clube, Lionel Messi, se despediu. O discurso do Barcelona foi baseado em reconstrução, visto que os altos custos salariais do astro argentino impossibilitariam o pagamento de dívidas. Enquanto isso, os dirigentes do Barcelona mantiveram o técnico Ronald Koeman, porque tinham certeza que um ex-jogador que compreendesse os ideais do clube seria o ideal para essa reformulação. Porém, o casamento não deu certo. Sob o comando do ex-zagueiro e capitão da equipe de 1992, os culés colecionaram muitos empates e se distanciaram cada vez mais dos objetivos, ficando de fora do mata-mata da Liga dos Campeões.

Diante dessa situação, Ronald Koeman não conseguiu sustentar mais o cargo de técnico e o Barcelona contratou, vindo do Qatar, o também ex-jogador e capitão Xavi Hernandéz, campeão de tudo com o Barcelona em 2009 e 2015 para assumir o comando do time. Apesar da identificação com o clube catalão e o sucesso como técnico na Ásia, não se tinha muita esperança de que Xavi seria a resposta, pelo menos não a curto prazo, já que tinha pouca experiência como técnico.

Como dito anteriormente, a chegada de Xavi foi no meio de uma situação turbulenta. O time se encontrava na 9ª colocação em La Liga e prestes a enfrentar uma partida decisiva, contra o Napoli, na Europa League. Desse modo, a chave não virou de primeira. O Barcelona até vencia a maioria dos jogos contra equipes de menor expressão na Espanha mas, ao encarar o Real Madrid, no primeiro El Clásico de Xavi como técnico, não conseguiu o resultado e a apresentação de um futebol animador.

Reforços

O técnico pediu reforços e Joan Laporta atendeu. O Barcelona contratou atletas das mais variadas idades: o lateral direito brasileiro Daniel Alves, ex-companheiro de Xavi no Barcelona e importantíssimo na “Era Guardiola”; o ponta Ferran Torres, promessa do futebol espanhol e mundial que estava no Manchester City; Adama Traoré, atacante espanhol conhecido pelo seu físico e velocidade, jogava no Wolverhampton; e o atacante gabonês Aubameyang.

Auba e Torres se tornaram importantes peças para a engrenagem ofensiva dos culés funcionar e ambos foram cruciais para a classificação do Barcelona na repescagem para as oitavas de final da Europa League contra o Napoli, marcando um gol cada um.

As contratações que Xavi pediu corresponderam bem. O poder de adaptação de Aubameyang se mostrou importante. Com um vasto histórico de boas atuações pelo Borussia Dortmund e pelo Arsenal, o gabonês chegou ao Barcelona e, em sua primeira partida, marcou um hat-trick contra o Valência. Dani já conhecia bem o Barcelona e pode ser uma peça de liderança para a equipe e trazer as ideias de Xavi à prática. Ferran Torres é jovem, mas já mostrou o quanto pode ser importante não só para o presente, mas para o futuro do Barcelona.

Esperança

Vindo de boas vitórias, tendo uma crescente significativa em La Liga e se classificando para as quartas de final da Europa League, o Barcelona carimbou a volta por cima no domingo (20) ao sair vencedor no clássico contra o Real Madrid depois de uma seca considerável. O Barcelona não tomou conhecimento dos merengues e dominou a partida, marcando quatro gols e dando a impressão de que a vitória poderia ter sido por mais. Os culés tiveram 60% de posse de bola e dez chutes no alvo contra quatro do Real Madrid.

Como dito antes, Auba chegou ao Barcelona com tudo e Ferran já mostrou a que veio. O gabonês marcou duas vezes e a jovem promessa espanhola anotou um tento, além de uma assistência. Outro fator importante na partida e um mérito do trabalho de Xavi foi recuperar o ponta Ousmane Dembelé. Ele chegou ao Barcelona com status de craque e substituto de Neymar mas, com as lesões e cobranças, não estava conseguindo alcançar as expectativas. Dembelé recuperou a confiança e vem sendo crucial na armação das jogadas, como foi no último El Clásico, quando deu assistência para os dois primeiros gols dos culés.

Agora, o Barcelona se encontra na 3ª colocação na tabela de La Liga e busca o título da segunda maior competição europeia para dar a volta por cima. Comandados por Xavi, os barcelonistas querem mostrar que a temporada não foi em vão depois das complicações causadas por outros técnicos e, sobretudo, pelas más administrações de dirigentes nos últimos anos.

--

--