A Internazionale de Conte e o futuro incerto da equipe
Com a saída do técnico italiano, o futuro da Inter não traz segurança mesmo após o título da Serie A
Após nove anos seguidos de conquistas da Juventus, a Serie A tem um novo dono. A Internazionale conquistou o campeonato italiano de maneira enfática, com quatro rodadas de antecedência e jogando um futebol de altíssima qualidade. Os nerazzurri tiveram uma vantagem de doze pontos em relação ao segundo lugar Milan, seu maior rival.
Muito disso se deve ao modelo proposto por Antonio Conte, treinador da equipe na temporada 2020/21. O treinador italiano montou um esquema forte e conseguiu tirar o melhor de diversos jogadores da Internazionale.
O FATOR CONTE E O COMPETENTE TIME NERAZZURRI
O ex-jogador, ídolo da Juventus, chegou na Inter em 2019 substituindo Luciano Spaletti, que atualmente treina a Napoli. Conte chegou em Milão após comandar um projeto mediano no Chelsea. No seu primeiro ano de trabalho, o treinador já demonstrou a subida de patamar comparado à temporada anterior.
Nesse primeiro ano de Conte na Inter, a equipe terminou na segunda colocação da Serie A, com apenas um ponto atrás da campeã Juventus. Na Liga Europa que disputara, também ficou com o vice, perdendo a final para o Sevilla. Mesmo sem títulos, Conte já trazia aos torcedores nerazzurris a esperança de um futuro promissor.
A Internazionale fez contratações pontuais, com grande destaque para dois ótimos reforços. São eles: o ala marroquino Achraf Hakimi, vindo do Real Madrid após se destacar em empréstimo pelo Borussia Dortmund, e o meio-campista italiano Nicolò Barella, que se destacou na própria Inter na temporada anterior, em empréstimo junto ao Cagliari.
Além disso, o time de Milão contou com a volta do croata Ivan Perisic, que estava emprestado ao Bayern de Munique, onde foi campeão da Champions League. Entre outros reforços para compor o elenco, os meio-campistas Arturo Vidal e Stefano Sensi, além do experiente lateral-esquerdo Aleksandar Kolarov também foram importantes na temporada.
Diante disso, Antonio Conte contou com um esquema bastante utilizado em outros trabalhos em clubes: o 3–5–2. Na linha dos três zagueiros, um dos destaques foi Alessandro Bastoni (22 anos), que começou o ano com desconfiança vindo da torcida e da própria comissão técnica. Junto a ele, De Vrij e Skriniar repetiram o ótimo desempenho dos últimos anos, com o eslovaco em grande crescimento.
Outro grande destaque defensivo foi o experiente e polivalente lateral sérvio Aleksandar Kolarov. O jogador de 35 anos realizou um papel importantíssimo no time de Conte, muito pela sua capacidade de realizar múltiplas funções em campo, principalmente na zaga e na ala esquerda.
Nos lados do campo, o croata Perisic, meia/ponta de origem, atuou na ala esquerda revezando com o italiano Matteo Darmian (ex-Manchester United) na posição. Do outro lado, o marroquino Hakimi ocupou a vaga de Danilo D’Ambrosio, realizando uma função mais ofensiva na equipe. O ala italiano tinha função mais defensiva no geral, jogando de zagueiro em alguns jogos.
De modo geral, os alas desempenham funções ofensivas e defensivas muito exigentes e importantes nesse esquema proposto por Conte. Assim, foram uma das principais armas da Inter.
Como antes dito, Hakimi se destacou muito, principalmente quando se percebe que o marroquino foi um dos jogadores com mais partidas na temporada (45). Ainda assim, manteve um nível altíssimo, fazendo-o entrar em debate de melhores da posição no mundo.
No setor de meio-campo, o dinamarquês Christian Eriksen ocupou uma função mais central. Em temporadas anteriores, o meia atuou em uma função mais ofensiva. Junto com ele na linha de três meio-campistas, o italiano Barella fez um papel importante na equipe de Conte na função de box-to-box. Mesmo que mais jovem em relação aos demais, Barella foi das lideranças técnicas e táticas da equipe.
No ataque, Romelu Lukaku e Lautaro Martínez fizeram uma grande dupla na Serie A, se entrosando cada vez mais em relação às últimas temporadas. Lukaku, em especial, fez o grande ano de sua carreira, sendo eleito o melhor jogo da competição. O belga anotou 30 gols em 44 partidas em toda a temporada 2020/21, com uma média de 1,46 gols por jogo.
Os atacantes tiveram desempenhos extraordinários, especialmente o belga. Além dos seus 30 gols, Lukaku também deu dez assistências. O belga foi o artilheiro da Inter e o vice-artilheiro da Serie A, atrás apenas de Cristiano Ronaldo. O argentino Lautaro, por sua vez, teve 19 tentos marcados e onze passes para gol em 48 jogos. “El Toro” tem mostrado cada vez mais a sua alta qualidade e crescimento.
O elenco estrelado e equilibrado, além do comando técnico de um dos melhores treinadores do mundo, foram os fatores que fizeram a Inter ser campeã da Serie A da maneira que foi. Ao final, o histórico foi de 28 vitórias, sete empates e apenas três derrotas.
O time italiano é levado como uma ameaça real não apenas para o próximo campeonato nacional , mas também para a próxima Champions League. No entanto, o plantel sofreu uma perda enorme para a temporada 2021/2022.
A SAÍDA DE CONTE E O QUE ESPERAR DA INTER NO FUTURO
Antes mesmo do começo da temporada 2021/22, Antonio Conte entrou em desavenças com a diretoria da Internazionale. De acordo com a imprensa italiana, o treinador teria ficado insatisfeito com os dirigentes da equipe após um planejamento de redução de custos e corte de gastos. Esse plano geraria um saldo positivo de por volta de cem milhões de Euros.
Para que isso acontecesse, a Inter teria de vender alguns de seus principais jogadores, como os atacantes Lautaro Martínez e Romelu Lukaku, e o lateral Achraf Hakimi. Com a possibilidade de um time menos competitivo, Conte foi totalmente contra ideia, percebendo a inflexibilidade da diretoria. Dessa maneira, o italiano pediu demissão do cargo de técnico.
Com a saída de Conte, a Inter contratou o histórico ex-atacante Simone Inzaghi, que treinou a Lazio na última temporada e vinha de um trabalho duradouro de cinco anos na equipe biancocelesti.
Taticamente, percebe-se que Inzaghi possui uma ideia de jogo parecida com a de Conte. O novo técnico da equipe de Milão também costuma utilizar o mesmo 3–5–2, com dois alas que atacam e defendem com intensidade, e dois atacantes com boa movimentação.
A grande preocupação da torcida nerazzurri, no entanto, é de que esse desmanche do elenco realmente seja concretizado, enfraquecendo a equipe na disputa do bicampeonato italiano e da Champions League. O que nos resta é esperar para ver as próximas notícias da equipe.
